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Encenação inventiva eleva roteiro duvidoso de Typhoon Family

Lee Jun-ho e Kim Min-ha estrelam k-drama sobre crise financeira na Coreia

Omelete
3 min de leitura
18.10.2025, às 06H00.
Cena de Typhoon Family (Reprodução)

Créditos da imagem: Cena de Typhoon Family (Reprodução)

Há uma pontinha curiosa de sátira nas primeiras cenas de Typhoon Family. O k-drama da Netflix começa nos apresentando à empresa (Typhoon Trading) que o batiza através de uma reportagem especial conduzida por uma rede de TV no escritório, apresentando o CEO Kang Jin-young (Sung Dong-il) e seus funcionários, incluindo a tímida e dedicada Oh Mi-seon (Kim Min-ha, sempre ótima) na luz idealista e patriótica de um país que procura vender o seu milagre econômico para o mundo, mas também para seus próprios cidadãos.

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Acontece, é claro, que tudo não passa de maquiagem – e Typhoon Family sabe muito bem disso. É aí que brilham os diretores Lee Nae-jong (Love Alarm) e Kim Dong-hwi (Esconda-se), guiando os seus atores para deixarem ver as rachaduras nessa fachada, ainda que à moda de uma comédia de constrangimentos. Imagine se os personagens de The Office tivessem consciência o bastante para tentar não parecer ridículos diante das câmeras, e você deve entender do que estou falando.

Essa primeira cena, da forma como foi dirigida, é um excelente prólogo para a verdadeira carne dramática de Typhoon Family. Este é, afinal, um k-drama sobre a crise financeira de 1997 na Coreia do Sul, e os caminhos que uma empresa – sob a nova a inconsequente direção do seu herdeiro, Kang Tae-poong (Lee Jun-ho) - encontrou para navegá-la. Precisa haver um senso de tragédia aqui, portanto, da derrocada de um ecossistema financeiro que se recusava a se ver e se vender como algo além de robusto e promissor.

Deixar o espectador ver essa insegurança desde o começo, mesmo que seja através do bom humor, é genial. E o restante de Typhoon Family, pelo menos nesses primeiros episódios, segue a mesma deixa: sequência após sequência, a dupla de direção vai encontrando maneiras surpreendentes de encenar uma narrativa que, sem essa condução inventiva, poderia passar como um conto moral demasiadamente simplista sobre um período histórico que é tudo menos simples.

A fragilidade do roteiro de Jang Hyun-sook, estreante nos k-dramas, é sentida aí. A oposição principal da narrativa é óbvia, colocando o núcleo de personagens centralizado em Tae-poong, jovens baderneiros que valorizam símbolos de status e pouco respeitam suas famílias, contra o núcleo focado em Mi-seon, uma moça trabalhadora e discreta que – mesmo diante de dificuldades financeiras – dedica sua vida ao bem estar dos colegas e da empresa. A graça da série é ver os dois colidirem, é claro.

De qualquer forma, a fidelidade de Mi-seon e dos outros funcionários à Typhoon Trading beira a subserviência, e a série parece querer modelar mesmo esse altruísmo corporativo antiquado. A noção de “vestir a camisa da empresa” é pervasiva e ancestral, argumenta Typhoon Family (o título não é à toa), e é só porque tem uma dupla dinâmica atrás das câmeras que o k-drama não descarrila na direção da propaganda capitalista.

Typhoon começa nos apontando a artificialidade de todo esse conceito, afinal. Sinergia corporativa como sátira midiática, escondendo uma falência moral e econômica. Não dá para levar a ideia muito a sério dali para frente, não importa quão sedutora possa ser a perspectiva de pertencimento que ela representa.

*Typhoon Family está disponível para streaming na Netflix, com novos episódios aos sábados e domingos.

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