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Korea
Crítica

Stray Kids abraça a maturidade e limpa seu som no ótimo Karma

Disco é desenhado para provar que talento do grupo vai além do barulho

Omelete
4 min de leitura
22.08.2025, às 13H42.
Atualizada em 04.09.2025, ÀS 14H48
Stray Kids em imagem promocional do álbum Karma (Reprodução)

Créditos da imagem: Stray Kids em imagem promocional do álbum Karma (Reprodução)

Nos oito anos desde sua estreia na indústria, em 2017, o Stray Kids cultivou a imagem de inovadores autoproduzidos, que agarraram uma geração de fãs de k-pop pelo pescoço com canções alternadamente descritas como “abrasivas”, “barulhentas” ou “experimentais” pelos críticos. O rótulo de noise music, inicialmente usado como maneira de desdenhar do som do grupo, foi reclamado pelo time 3Racha, formado pelos integrantes Bang Chan, Changbin e Han, responsável por toda a produção do Stray Kids. Esse posicionamento de seguir fazendo algo em que acreditavam, e que uma fatia do público entendia (mesmo que o establishment não entendesse), rendeu novos clássicos como “Maniac” e “God’s Menu”. Abrasivos, barulhentos e inegáveis.

De certa forma, o Stray Kids se tornou quase a Cyndi Lauper da geração k-pop - a popstar que famosamente disse a uma crítica mais velha, em meados dos anos 1980, que estava tudo bem ela odiar os seus looks malucos, porque sua filha vai estar se vestindo como eu daqui a alguns anos. Mas até Lauper eventualmente graduou do blues-rockabilly alaranjado do She’s So Unusual (1983) para as baladas sóbrias P&B do Hat Full of Stars (1993). Não há outro caminho, de certa forma: um artista que segue os próprios impulsos com fidelidade vai acabar mudando o seu som, porque mudou como pessoa. A assinatura consagrada ainda pode (e deve) estar lá, mas todo mundo cresce.

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Tudo isso para dizer que Karma, o novo álbum do Stray Kids, é onde eles começam a crescer. Não é uma volta em 180°, é claro, mas a transformação é tão real que foi parar até no título: de acordo com entrevista do próprio grupo à mídia sul-coreana, a referência ao bom “karma” que o Stray Kids está colhendo na carreira dobra como uma brincadeira com “calmer” - em bom inglês, “mais calmo”. E o álbum é mesmo isso. Mais criterioso nos sons que seleciona para cada canção, mais atento à coerência de certos mergulhos de gênero, menos impulsivo na hora de “encher” os instrumentais, mais cuidadoso na hora de destacar as melodias levadas com competência pelo seu time de vocalistas.

Um exemplo óbvio é “In My Head”, não por acaso posicionada bem no ponto médio da tracklist. Um pop punk franco, a canção recruta o guitarrista Nickko Young (figurinha carimbada na indústria do k-pop, ele já tocou com BTOB, ZeroBaseOne, 8TURN e mais) para quebrar o pique de sons sintetizados do álbum enquanto o tom anasalado de Seungmin passa travessamente perto de emprestar uma frase melódica de “The Lazy Song”, clássico slacker de Bruno Mars. Ela ainda vem logo antes de “Half Time”, que junto ao single “Ceremony” se mostra o hip hop sintetizado com mais ímpeto do álbum - mas até aqui, onde poderia muito bem emular a receita bem sucedida de hits como “Case 143”, o 3Racha prefere um espírito brincalhão mais comedido.

A verdade é que saem de cena, no Karma, grande parte dos sintetizadores graves distorcidos que marcaram muito do som do Stray Kids - e que o fizeram tão perfeito para qualquer festa que os jovens (ok, talvez não tão jovens assim) chamariam de rager. Mas é um paradoxo: aqui, ouve-se menos coisas, mas escuta-se mais. Na própria “Half Time”, saltam os apitos e tambores sintetizados que aproximam sonoramente a canção de sua temática lírica esportiva, assim como ganha mais impacto o coro de estádio que surge no último refrão. Logo depois dela, no synthpop mais frontal de “Phoenix”, o grupo que já fez power ballads excelentes como “Oh” e “Stray Kids” ressurge ainda mais propulsivo por destacar as viradas de ritmo que marcam esse tipo de composição. Quando a batida aparece no refrão, enfim, ela bate mais forte.

Essa escolha pela parcimônia, além de colocar o holofote no artesanato genuíno que dá à luz as canções do Stray Kids, também combina muito com o momento lírico que o grupo vive em 2025. Karma começa com declarações orgulhosas de sucesso e integridade artística (vide a desafiadora “Bleep” e o trap de reafirmação “Creed”), mas o 3Racha não tem medo da vulnerabilidade - a partir da decepção romântica dolorosa de “Mess”, se enfileiram admissões de dúvida e isolamento (“Faço isso minha vida toda/ Preso na minha cabeça, me sinto sem tempo, Hyunjin canta em “Ghost”) que traem uma crise de quarto de vida absolutamente natural para artistas que estão por aí há quase uma década, e agora se aproximam perigosamente dos 30 anos de idade. 

Mas Karma mostra que nada disso precisa ser uma sentença de morte. Com o talento que o Stray Kids já demonstrou, e a sabedoria que estão demonstrando ao seguir esse impulso de encontrar caminhos diferentes adiante, não há nenhum motivo para imaginar que eles vão parar tão cedo.

Nota do Crítico

Karma

Stray Kids

2025
Produção: Millionboy, Versachoi, 3Racha, DallasK, Jun2

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