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Korea
Crítica

Sexy e (sorrateiramente) vulgar, Tilt faz colagem charmosa de insinuações pop

Irene & Seulgi voltam com disco que incorpora provocação típica do duo também na música

Omelete
3 min de leitura
26.05.2025, às 16H16.
Atualizada em 28.08.2025, ÀS 10H11
Irene & Seulgi em foto promocional do Tilt (Reprodução)

Créditos da imagem: Irene & Seulgi em foto promocional do Tilt (Reprodução)

Há só dois momentos em Tilt, novo disco de Irene & Seulgi, que arriscam quebrar de verdade a pretensa sofisticação que marca essa nova investida da sub-unit do Red Velvet - a primeira em cinco anos, diga-se de passagem. O primeiro acontece no comecinho de “What’s Your Problem?”, quando um pianinho ardido e um recorte vocal cheio de reverb nos introduz à canção, seguidos de um trompete que irrompe do instrumental assim que a dupla de vocalistas entoa o título da faixa pela primeira vez. O segundo vem mais para o final do disco, em “Trampoline”, que começa com um teclado abafado mas acaba desaguando num refrão que se define a partir de sintetizadores graves, percussão eletrônica e vocais artificialmente esticados para o agudo, que declamam sem rastro de ironia um convite tentador: “Pula, pula, pula aqui/ Pula aqui como um trampolim.

A provocação sexual não é nenhuma novidade para os fãs de Irene & Seulgi, é claro. Quando o duo estreou, lá em 2020, ficou conhecido justamente por letras que se insinuavam na direção da sacanagem só para conflagrar essa aproximação com uma narrativa de afirmação de identidade que - junto com a coreografia ansiosa performada pelas artistas - foi rápida e firmemente lida como código queer. Musicalmente, no entanto, hits como “Naughty” e “Monster” brincavam muito pouco com esse texto, se aproximando ao invés disso de um pop de tintas gótico-chic que estava muito em voga na época. Em Tilt, as coisas mudam de figura: aqui, Irene & Seulgi dobram a aposta em sua provocação sáfica, e garantem que o som as acompanhe nesse caminho.

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O disco é, na verdade, todo brincadeira - mas parte da brincadeira é te convencer de que elas não estão brincando, claro, e por isso disfarçar a brincadeira de sofisticação. A faixa título, “Tilt”, tem pianos e cordas de sotaque clássico (como “Feel My Rhythm” e “Cosmic”, do grupo-mãe das meninas, o Red Velvet) na introdução e no segundo verso, mas se mostra também um eurodance irrepreensível com sua batida 4/4 e seu baixo sintetizado retumbante, que culmina em um anti-drop delicioso no refrão. “Irresistible” é todo R&B chic dos anos 2000 com seu coro repetitivo entoado em um quase-sussurro pelas cantoras, e sua linha de baixo serpenteante. “Girl Next Door”, composição da infalível Kenzie (responsável por uma bagatela das melhores canções da história do k-pop), troca sua batida propulsiva por uma melodia francamente Britney Spears num refrão de notas esticadas sobre estar apaixonada pela “garota da casa do lado”.

A ideia aqui, claramente, é ressuscitar padrões sonoros de décadas passadas - especificamente, as duas décadas com as quais o público largamente millennial do Red Velvet nutre uma relação nostálgica mais forte. Mas há algo de sujo sobre a forma como Tilt faz isso, um sorriso de lado e uma piscadela que aparecem, como eu disse lá em cima, em detalhezinhos que salientam a artificialidade quase humorística dessa performance de elegância. No fundo, Irene & Seulgi querem mesmo é ser sexy e vulgar - não há outro motivo para “What’s Your Problem?” ser basicamente a irmã perdida de “Hips Don’t Lie” que foi adotada por um bom produtor coreano, com aquele trompetinho e (como se não bastasse!) aquele piano tirado diretamente do hip hop estadunidense na sua era “Still D.R.E.”.

Há sempre um acento aqui, é o que eu quero dizer, ou uma vírgula travessa que entra numa frase na qual não foi chamada. O prazer de ouvir Irene & Seulgi em Tilt é se divertir com o que só é dito de vez em quando, nos espaços e respiros daquela elaboração pop sisuda que ainda é esperada delas, por um motivo ou por outro. Aqui, elas falam (cantam!) em cursiva. Nada mais queer do que uma boa piada de duplo sentido, afinal.

Nota do Crítico

Tilt

Red Velvet - Irene & Seulgi

2025
Produção: Pdogg, GHSTLOOP, Jacob Ubizz, Cutfather, Young Jake, IMLAY, Tom Levesque, Cameron George Breithaupt, Kirsten Frances Urbas, Moonshine, No2zcat, Goldash, Waine, Wesley Singerman

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