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Jogos Vorazes - A Esperança - O Final | Falta coragem na conclusão da história de Katniss

Confira as nossas primeiras impressões sobre o filme

12.11.2015, às 19H03.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H40

A Esperança - Parte 1 validou Jogos Vorazes como um dos produtos mais corajosos da cultura pop. Apesar da fórmula caça-níquel da conclusão dividida em duas partes, a falta do clima de arena/ diversão blockbuster expôs as contradições da sua protagonista, revelando que Katniss (Jennifer Lawrence) era mais do que uma heroína de ação juvenil. Líder sem causa, ela foi transformada no joguete dos conflitos de Panem, em uma trama política muito mais complexa do que seu forçado triângulo amoroso com Peeta (Josh Hutcherson) e Gale (Liam Hemsworth).

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Jogos Vorazes - A Esperança - O Final atesta que o desfecho da franquia não precisava ser dividido em duas partes ao continuar explorando essas contradições de Katniss e da guerra. A falta de ação do primeiro filme é compensada com a transformação da Capital em um anfiteatro, palco de mais uma batalha televisionada. Armadilhas espalhadas pela cidade e uma incursão subterrânea criam espetáculos pontuais, voltando ao formato que consagrou a franquia.

O Tordo ainda é manipulado pela Presidente Alma Coin (Julianne Moore) e por Plutarch (Philip Seymour Hoffman), ao mesmo tempo que tenta tomar as rédeas da sua vingança contra Snow (Donald Sutherland). Katniss, sempre guiada por desinteresse, teimosia ou instinto materno, não quer a responsabilidade de ser um símbolo rebelde, mas continua a assumir a culpa por cada vida perdida na guerra. Sua solução é eliminar sozinha a origem de todo mal.

O filme segue condenando o desequilíbrio social e a manipulação da mídia, sem medo de mostrar a violência crua. Foge de uma guerra plástica, mesmo em um contexto fantástico. Insiste, contudo, no drama adolescente, colocando Katniss entre um Peeta destruído pela tortura e um Gale cada vez mais fiel aos objetivos militares. O universo em pedaços que os cerca, porém, é muito mais interessante do que a resposta sobre quem vai ficar com quem.

Jogos Vorazes: A Esperança - O Final caminha para dar uma conclusão digna à franquia, mas é vítima das próprias incoerências que a tornam especial. Falta coragem para abraçar o seu potencial, como um adolescente que tem medo de se tornar adulto. São segundos que se desprendem de todo o clima criado até então, tomando a saída mais hollywoodiana possível. O filme deve agradar os fãs e vale o ingresso do cinema mesmo para quem busca apenas o entretenimento da arena, mas para uma narrativa espelhada em questões humanas complexas, tendo como inspiração excessos romanos e revoluções socialistas, o final dado a sua heroína relutante é simples demais. 

P.S.: Das cenas com Philip Seymour Hoffman, que faleceu durante as filmagens do longa, apenas duas causam estranhamento. Uma por sua inserção artificial e outra por sua ausência, com Haymitch assumindo suas falas na forma de um recado. A trama, porém, segue normalmente.

Jogos Vorazes - A Esperança - O Final estreia no Brasil na próxima quarta, 18 de novembro.

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