Ed. Abril – séries regulares - 160 páginas coloridas em formato americano cada (!)
Finalmente terminou a expectativa. As revistas premium da Editora Abril chegaram às bancas. Elas são a revolução do gênero como prometera a editora ou o prenúncio do fim, como previram os cépticos (nos quais eu me incluo)&qt;&
Bem, nem uma coisa nem outra.
Iniciaremos pelos pontos positivos. O formato e o papel melhorado (que, por sinal, não é o mesmo papel grosso usado em Spawn mencionado pela Abril, mas do mesmo tipo utilizado na maior parte das publicações “sérias” da Abril) realmente realçam o trabalho artístico dos desenhistas, devo admitir. E as 160 páginas garantem que as revistas não sejam a mesma leitura passageira que suas antecessoras. No entanto, isto tem um preço, e este preço é de 10 reais!
Como previsto, o custo não foi bem recebido nem pelos leitores regulares e muito menos pelos ocasionais. Embora possa-se argumentar que as revistas não são caras para seu formato (o que é uma verdade. Nos EUA, uma revista desse tamanho e qualidade gráfica custaria 7 a 8 dólares), dez pratas está fora da realidade brasileira. Entretanto, o novo valor não parece ter afetado as vendas destas primeiras edições.
Sucesso&qt;&
Uma rápida pesquisa informal (realizada por mim mesmo...) nas bancas do centro da cidade do Rio de Janeiro revelou que não só as revistas premium estão sendo vendidas em quantidades equivalentes às de suas antecessoras em formatinho, como também o novo formato foi muito mais apreciado pelos donos de bancas de jornais. É compreensível. O preço mais alto significa um lucro maior para o jornaleiro. Seria precipitado dizer que os dias das HQs como produto de segunda categoria nas bancas de jornais estão terminados, mas um grande passo foi dado nessa direção.
Todavia nem tudo são flores. Embora o formato tenha melhorado muito, o conteúdo das revistas pouco mudou, mesmo com uma escolha bem rigorosa. Vamos examiná-las uma a uma:
| Grandes Heróis Marvel – A melhor do pacote, por força da ótima fase que os heróis tradicionais da Marvel estavam passando quando as histórias que compõem esta revista foram produzidas. A maior parte das séries decaiu desde então.
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![]() | Homem-Aranha – Com uma cuidadosa seleção de histórias para mostrar o que de melhor os escritores Howard Mackie (Aranha) e Dan Jurgens (Thor) fizeram e arte muito boa – de John Byrne, John Romita Jr. e do próprio Jurgens em um bom dia –, a revista teve um início forte. Lamentável apenas a substituição da ótima série Garota-Aranha de Tom deFalco pela sofrível Mulher-Aranha de John Byrne, que é a história mais fraca da edição.
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![]() | X-Men – Mais material escolhido cuidadosamente. A revista tem nada menos que seis histórias dos X-Men (!) em boa fase. Escritas pelo excelente Alan Davis (infelizmente “ajudado” por vários escritores inferiores) e desenhadas pelo mesmo Davis e por Adam Kubert no melhor de sua forma, as histórias estão bem acima da média d#CCCC99o material recente dos mutantes. São meio impenetráveis para leitores novos ou ocasionais (mal comum dessa série...), mas uma boa leitura apesar disso. A história final (da X-Force) é apenas razoável, demonstrando que o nível da revista deve cair conforme mais títulos mutantes secundários forem tomando o lugar dos X-Men propriamente ditos nestas páginas.
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![]() | Superman – Apesar do nome ter sido execravelmente “destraduzido” (esforço inútil, todo mundo na rua, mesmo quem não lê HQs, continua chamando a personagem de Super-Homem), esta foi a revista mais aprimorada em relação às versões anteriores. Ajuda o fato do Super estar saindo de uma de suas fases mais negras e de mais da metade da revista ter sido extraída de uma Graphic Novel da Liga da Justiça. Os roteiros de ambas as histórias têm seus altos e baixos, mas a arte da revista é de primeira!
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![]() | Batman – Mais fraca das novas revistas Premium. Não apenas a personagem está amarrada na inverossímil saga “Terra de Ninguém” como as histórias publicadas neste número estão abaixo da média. Destaque (negativo) para as histórias do Robin (mal) escritas por Chuck Dixon e (tremendamente mal) desenhadas por artistas como o péssimo Will Rosado, ilustrador que definitivamente não merecia o formato melhor. As melhores histórias da edição são as duas primeiras, escritas pelo romancista Greg Rucka, que já fez trabalhos superiores, e desenhadas pelo brasileiro Mike Deodato, que se livra de parte dos vícios que adotou para poder trabalhar no mercado americano e, por conseguinte, faz uma arte acima da média. Dois ovos em cinco.
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Concluindo, o formato Premium parece ter vindo para ficar e é um avanço (apesar do preço salgado). Mas tamanha qualidade deveria ser guardada para trabalhos mais seletos. Séries como Robin poderiam muito bem continuar sendo publicadas em formatinho por um preço menor sem qualquer prejuízo.
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