Homem-Aranha

Créditos da imagem: Marvel Television

Séries e TV

Entrevista

Homem-Aranha: Amigão da Vizinhança | Criadores explicam "MCU adjacente" da série

Com Norman Osborn no lugar de Tony Stark, animação traz diferenças curiosas para o herói

Omelete
7 min de leitura
29.01.2025, às 14H52.
Atualizada em 29.01.2025, ÀS 15H02

Quando Amigão da Vizinhança: Homem-Aranha foi anunciada, começou a circular um relato de que a série do Disney+, então chamada Spider-Man: Freshman Year (Homem-Aranha: Ano de Calouro, em tradução livre) seria uma prequel contando as aventuras do Peter Parker de Tom Holland antes de sua primeira aparição no MCU em Capitão América: Guerra Civil.

Aquela cena, aliás, é recriada na animação que estreou hoje no Disney+. Na série, a primeira produção do teioso feita pelo Marvel Studios (tecnicamente, pelo recém criado Marvel Television), Peter chega em seu apartamento no Queens falando para Tia May sobre o incrível carro esportivo estacionado na frente do prédio, e então descobre que o dono do veículo – o dono bilionário de uma gigante de tecnologia – está visitando os Parkers para oferecer ao garoto um, digamos, “estágio.” Dessa vez, porém, a figura não é Tony Stark. É Norman Osborn (dublado pelo indicado ao Oscar, Colman Domingo).

Amigão da Vizinhança não é parte do MCU, mas de todas as histórias de multiverso que hoje povoam (poluem?) o mundo de super-heróis, essa é a que mais parece fazer parte da tal linha do tempo sagrada. Há referências ao Acordo de Sokovia, à divisão dos Vingadores, à Batalha de Nova York e assim vai. Alguns personagens até aparecem com a mesma voz do live-action, como no caso do Demolidor de Charlie Cox. Peter começa com uma roupa feita em casa, ganha trajes mais avançados, e assim vai.

Dá para entender de onde veio o rumor, então, de que esse seria um prequel do Aranha de Holland. Conversando com o Omelete, o showrunner Jeff Trammell e o diretor Mel Zwyer explicaram como conceberam o universo da série, e também falaram sobre o estilo de animação adotado. Confira:

Guilherme Jacobs: Eu tenho assistido aos desenhos animados do Homem-Aranha desde que me lembro. Queria começar esta entrevista primeiro parabenizando vocês pela série e, segundo, dizendo que tenho a impressão de que vocês chegaram na a série com uma perspectiva de fã. Há alguns designs que lembram os personagens das séries dos anos 90.

Mel Zwyer: Eu diria que sim, claro. Eu sei que o Jeff é um grande fã, eu sou um grande fã e todos que contratamos para a série eram grandes fãs do Homem-Aranha e da Marvel. Espero que isso apareça em tela.

Jeff Trammell: Sim, eu acho que sim. Tendo crescido amando esses personagens, amando o Homem-Aranha, essa série tem sido uma oportunidade muito incrível de poder pegar toda essa rica história e juntá-la para uma carta de amor ao personagem, que eu acho que é o que a série é.

Fantástico. Eu acho que tenho que perguntar com o estilo de animação que vocês têm, porque parece muito uma página de quadrinhos ganhando. Quão cedo vocês se decidiram por esse design e o que atraiu vocês para essa linguagem?

Trammell: Eu diria que bem cedo. Estávamos tentando descobrir o que poderíamos fazer para a série ter um sentimento diferentes e se destacar de tudo mais, tentando encontrar algo novo. Olhamos para o início de o que torna o Homem-Aranha tão único. E poder pegar esses designs clássicos, mas modernizá-los com a ajuda do nosso principal designer de personagens, Leonardo Romero, e tantos outros artistas incríveis realmente nos fez nos destacar por conta própria.

Homem-Aranha
Marvel Television

Excelente. E em relação à história, agora, é muito interessante que vocês chamaram a série de Amigão da Vizinhança porque ela parece muito ser uma história sobre o Homem-Aranha como um cara da vizinhança local, sabe? Ele não está apenas colocando as pessoas atrás das grades, ele está tentando ajudar as pessoas. Ele está dizendo: "Ei, talvez essa pessoa não seja um criminoso, talvez tenha tido um lapso de julgamento e não precisamos chamar a polícia para isso." Por que foi importante capturar esse lado do personagem? Porque o Homem-Aranha pode ser muitas coisas, pode ser uma coisa do multiverso, pode ser um Vingador e este parece muito enraizado nas ruas.

Trammell: Eu diria que é muito importante para nós. Estamos começando com o Peter no início de sua jornada. Ele é novo em ser um herói. Ele vai começar em uma escala muito menor. E, sabe, Nova York é enorme, mas ainda é muito menor do que começar numa jornada intergalática. Então, é importante poder mostrar que Peter é um homem do povo, o Homem-Aranha é um homem do povo e também que ele não vê tudo como preto-e-branco. Há áreas cinzas. Alguém pode cometer um crime, mas isso não faz necessariamente deles um criminoso, sabe? Então, para mim, foi muito importante realmente me aprofundar ao mostrar o caráter dele, sua vontade de ouvi, seu desejo de crescer e também de ajudar as pessoas ao seu redor a crescerem.

Zwyer: Sim. Acho que é o Homem-Aranha do nível da rua, certo? Não vimos isso na Marvel ainda, não durante temporada inteira ou um filme inteiro, e acho que esta foi uma boa oportunidade para mostrar isso. Acho que é onde ele é mais forte, eu sinto. É minha opinião pessoal.

Homem-Aranha
Marvel Television

Mel, como você trabalhou com a direção da série, eu queria fazer uma pergunta específica sobre a quantidade de trajes e habilidades, gadgets e afins que o Homem-Aranha mostra aqui. Quando vocês recebem coisas assim e podem, por exemplo, animar diferentes trajes – e obviamente há muitos favoritos dos fãs ali – vocês olham para isso e pensam: "Oh meu Deus, é muito trabalho" ou vocês estão totalmente animados para mergulhar?

Zwyer: Sempre animado. Quanto mais pudermos explorar com novas habilidades, novos movimentos, mais gostamos. E outra coisa que vimos também foram as poses dele. Ele começou um pouco desajeitado e quando ele veste o traje, chegamos às poses clássicas de Todd McFarlane. Quanto a isso é só amor.

Jeff, em relação ao desenvolvimento da série, muito foi dito sobre ela talvez ser uma série do MCU e então, porque vocês queriam mais liberdade, ela não é. Esse universo é como um adjacente ao MCU, eu diria. Há algumas referências a certos eventos do MCU. Como vocês encontraram o equilíbrio? Onde vocês queriam que a série terminasse? É perto do MCU, mas não é bem MCU. Como foi esse processo?

Homem-Aranha
Marvel Television

Trammell: Foi uma atitude muito parecida com: “não queremos ter que obedecer a muitas coisas que foram estabelecidas em outras séries". Isso nos deu muita liberdade, mas ainda queríamos alguns pontos de contato com o MCU em toda a série. Então, se você pensa: "Ah, este é um universo diferente, mas o que é diferente?" Sabe, você vê que o grupo de amigos do Peter é diferente. Você vê que certas coisas acontecem de formas diferentes do que podemos ter visto antes. Mas também, onde estão as semelhanças? Ainda vemos que certas coisas aconteceram como lembramos. Os acordos de Sokovia ainda são uma coisa. Então, ter certas coisas que podem te fundamentar é bom. “Isso é diferente até certo ponto, mas ainda há algo familiar". Eu acho que se tivéssemos enlouquecido como, tipo, “aqui está esse incidente com os Vingadores, mas também tipo, não sei, a Mulher-Hulk está ali". Você pensaria, tipo, "Bem, eu quero saber por que ela está lá;" Então, realmente queríamos estabelecer o cenário diferente, mas ao ponto de te distrair da história que estávamos contando.

E sobre esta história, obviamente, um dos pontos mais interessantes é que Norman Osborn é uma espécie de mentor para Peter. De onde isso veio, porque não me lembro de ter visto Norman nessa posição antes? Talvez ele possa ser uma espécie de figura paterna por causa do Harry, mas não tanto como um mentor.

Trammell: Isso, novamente, foi exemplo de “queremos fazer algo que você conhece, mas de um jeito diferente.” Eu acho que Tony como um mentor para Peter faz sentido de muitas maneiras. Ele é um herói, Peter é um herói. Mas com o Norman… acho que qualquer fã do Homem-Aranha vai ouvir "Norman é o mentor" e pensar "uh-oh." Então, acho que esse é um ponto divertido para se aprofundar, mas também como temos um Norman diferente, um novo Norman, com diferentes experiências e com Colman Domingo dublando; tudo isso muda a forma como ele é percebido. Então, acho que qualquer um que entre pensando: "Norman é coisa ruim" sempre vai terminar em dúvida: "Bem, eu não conheço esse Norman. Ele é coisa ruim? Isso é uma constante ou ele está realmente tentando ajudar o Peter?" Então, a partir daí, surgiu um espaço muito interessante para se aprofundar com Peter, graças a esse mentor de quem nem nós, nem ele sabemos o que esperar.

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.