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15 anos de Homem -Aranha | Como o filme foi fundamental no renascimento dos heróis no cinema

Lançado em 2002, o blockbuster tornou-se um marco em produções do gênero

03.05.2017, às 12H20.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H39

Ao contrário dos tempos atuais, onde a Marvel e a DC tem produções programadas pelos próximos dez anos, filmes baseados em quadrinhos no início dos anos 2000 eram um risco. Joel Schumacher havia enterrado Batman após Batman & Robin; Superman estava "aposentado" desde o final dos anos 80 com Superman IV: Em Busca da Paz; e todas as outras produções eram de baixo orçamento: Capitão América, Nick Fury, Fantasma, Spawn, Juiz Dredd... diversos heróis ganharam longas que descaracterizavam os personagens e ficaram mais conhecidos pela sua estética trash. Porém, tudo mudou em 2002 com o lançamento de Homem-Aranha, um filme que revolucionou a indústria e foi um marco na era dos filmes de heróis. 

Até a estreia do primeiro longa do Aranha, o público não tinha grandes opções nas telonas. Blade, com Wesley Snipes, surpreendeu os fãs e Bryan Singer levou os X-Men pela primeira vez aos cinemas. A produção contou com um sucesso modesto ao redor do globo, mas apesar de apresentar Wolverine, Ciclope e Dentes de Sabre,o longa parecia disfarçar sua verdadeira essência ao não colocar os uniformes dos quadrinhos na telona. 

Os produtores acreditavam que a estética criada nos gibis não funcionaria no cinema e se afastaram das roupas clássicas. "Eu diria que eles são mais realistas; eles são apenas mais realistas. Eles não são brilhantes, com cores primarias, não. Isso simplesmente não funciona", afirmou Tom DeSanto, roteirista e escritor do longa, ao Comics Continuum na época. 

Nenhum estúdio tinha coragem de investir alto em filmes de herói no início dos anos 2000, até que a Sony apareceu com Homem-Aranha. Com efeitos especiais de primeira linha e um orçamento de mais de US$ 140 milhões, o longa foi um ponto de virada para indústria e para os fãs. 

Dificuldade na produção 

O longa era um sonho antigo da Marvel. No início dos anos 90, James Cameron chegou a escrever o primeiro tratamento de um roteiro e segundo site Moviepilot ele queria Edward Furlong, o John Connon de Exterminador do Futuro 2, para interpretar Peter Parker e Leonardo DiCaprio para ser Harry Osborn. Na época, os direitos eram de uma produtora chamada Carolco, que veio a falência no meio da década e eventualmente a Sony ficou responsável pelo longa em 1999.

Imediatamente nomes como Tony Scott, Ang Lee, Chris Columbus, M. Night Shyamalan e David Fincher foram considerados e Fincher chegou a negociar com o estúdio. Contudo, ele não estava interessado em fazer uma história sobre a origem do personagem, que seria exibida apenas nos créditos com uma música de fundo. “Isso era um grande problema... não era algo que eu poderia fazer. Eu queria começar com a Gwen Stacy e o Duende Verde e eu queria matar a Gwen”, afirmou ao io9 (via Collider). Eventualmente o trabalho acabou nas mãos de Sam Raimi, um jovem diretor que tinha mais experiência com filmes de terror.

Ao lado do roteirista David Koepp, o cineasta decidiu focar seu filme na relação “pai-filho” de Norman com Peter Parker e com uma história definida, começou a procurar o protagonista perfeito para o longa.

Tobey Maguire sempre foi o nome favorito de Raimi para o papel principal. Contudo, o estúdio não acreditava que ele teria capacidade de interpretar um herói e o ator só conseguiu o personagem após realizar duas grandes audições. “Peter Parker não é o herói típico. Ele é o mais normal, melhor caracterizado e menos plástico em relação a outros heróis. Para mim, é o papel que eu poderia interpretar sem decepcionar as pessoas”, afirmou na época ao cinema.com.

Em seguida, o diretor precisava de um nome grande para interpretar o vilão e foi atrás de atores como Nicolas Cage, John Travolta e John Malkovic. “Eu não vou fazer esse filme. Não é o gênero que eu gosto e existem problemas de agenda. E o que eles ofereceram não era suficiente pra mim”, afirmou Malkovic na época ao Scifi Wire. Com isso, o papel acabou nas mãos de Willem Dafoe, experiente ator que tinha no currículo trabalhos com cineastas como Martin Scorsese.

Raimi completou o elenco com um punhado de atores semi-conhecidos, mas dispostos a fazer um trabalho que encantasse o público e começou a produção. Em junho de 2001, o filme teve sua última diária filmada e a expectativa é que ele fosse lançado no final do ano. Porém, foi necessária uma mudança de planos.

Além de precisar lapidar os efeitos especiais, os produtores decidiram apagar digitalmente as Torres Gêmeas após os atentados de 11 de Setembro. Um teaser havia sido lançado onde o herói prende vilões entre os prédios e diversos pôsteres foram recolhidos por apresentarem imagens do World Trade Center.

Contudo, o atraso não atrapalhou o filme.

Sucesso de público

O filme se tornou o primeiro a ultrapassar a barreira de US$ 100 milhões em uma única semana, se tornando a maior abertura da história superando Harry Potter e a Pedra Filosofal - que havia feito US$ 90 milhões até então. “Os filmes não tinham essa coisa de precisar de uma grande estreia. O primeiro Harry Potter abriu seis meses antes e foi esse fenômeno desde o primeiro dia. Era uma loucura, uma coisa nova... e não estou dizendo que nunca aconteceu na história do cinema, mas na época foi uma grande novidade. Então, isso aconteceu conosco. E as pessoas não esperavam esse desempenho”, afirmou Maguire ao Vman.

Hollywood percebeu que o público estava interessado em ver os heróis dos quadrinhos no cinema e, imediatamente, os longas começaram a ganhar mais investimento e diversos heróis passaram a ganhar espaço. Enquanto em 2002 apenas o longa do Aracnídeo e a sequência de Blade haviam sido lançados, seis anos depois filmes do Demolidor, Constantine, Quarteto Fantástico, Batman, Justiceiro e Hulk ganharam versões cinematográficas, enquanto a Marvel iniciou a criação do seu Universo. A indústria começou a engatinhar rumo ao mundo que temos hoje e a base criada pelo Aranha foi fundamental. 

Pela primeira vez vimos um herói fora do Universo Batman/Superman com um uniforme que fazia jus aos quadrinhos. Tia May e Mary Jane eram ótimas réplicas dos gibis e até hoje não existe um personagem tão perfeito quanto o J.J. Jameson de J.K. Simmons - tanto no físico, quanto na fala, ele parecia ser tudo o que os fãs sempre sonharam e ainda existem campanhas para Marvel trazê-lo de volta. 

O longa chegou a um total de US$ 821 milhões ao redor do mundo e ainda é uma das maiores arrecadações de todos os tempos, um verdadeiro marco. O clima bem-humorado e divertido tornou-se a marca da Marvel no cinema e histórias sobre origem são comuns em Hollywood. 

Depois de um reboot, o herói ganhará mais uma chance nos cinemas com Homem-Aranha: De Volta ao Lar, que estreia no dia 05 de julho. Agora, dentro do Universo que ajudou a construir.

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