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Por favor, deixem Harry Potter descansar

Em 2025, está mais claro do que nunca que Harry e sua franquia precisam “dar um tempo”

Omelete
6 min de leitura
09.06.2025, às 14H24.
Por favor, deixem Harry Potter descansar

Créditos da imagem: Reprodução

Tem sido um ano agitado para Harry Potter. A HBO está investindo alto na sua série live-action que vai adaptar - mais uma vez - os livros originais de J.K. Rowling, dando tratamento de gala aos anúncios de elenco e prometendo fazer do título um dos lançamentos mais badalados de 2026 no canal e na plataforma de streaming HBO Max.

Nada mal para uma saga com quase 30 anos de idade. O primeiro livro, Harry Potter e a Pedra Filosofal, foi publicado em 1997 no Reino Unido, e desde então o mundo mágico criado por Rowling manteve um ritmo de lançamentos alucinante. A série original de sete livros foi finalizada em 2007, enquanto a última adaptação para o cinema saiu em 2011. Só cinco anos (e muitas histórias soltas publicadas por Rowling no Pottermore) depois, A Criança Amaldiçoada e o primeiro Animais Fantásticos trouxeram Harry Potter de volta aos holofotes. 

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Vale apontar, logo de cara, que nenhum dos lançamentos pós-Relíquias da saga foi um grande fracasso comercial. A Criança Amaldiçoada quebrou recordes de bilheteria por onde passou, a versão em livro do roteiro vendeu mais de 4,5 milhões de cópias só nos EUA, os games Hogwarts Mystery Hogwarts Legacy viraram febre na época do lançamento, e os três filmes de Animais Fantásticos já lançados provavelmente deram lucro aos cofres da Warner - apesar dos US$ 407 milhões de bilheteria mundial de Os Segredos de Dumbledore terem sido uma decepção significativa para os executivos.

Não é provável, portanto, que Harry Potter pise no freio tão cedo. Não é uma proposição que faz sentido financeiro, em curto prazo, para os envolvidos na franquia. O que é duvidoso, mesmo, é a qualidade dessas adições ao cânone da saga, e o quanto a continuação dos lançamentos contribui com ou mancha o legado de Harry Potter.

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Por exemplo: no que você, fã, pensa quando se lembra de A Criança Amaldiçoada hoje em dia, quase dez anos depois da estreia da peça? Apesar da adoração dos críticos especializados, e das muitas indicações e vitórias no Tony, a obra assinada por Jack Thorne provavelmente deixa como grande legado as acusações de queerbaiting com o “casal” Albus/Scorpius. 

O termo, é claro, define quando a possibilidade de um relacionamento LGBTQIAPN+ é inferida em uma obra de ficção, sem a intenção de confirmá-lo. Albus e Scorpius, com sua química inegável, seus longos olhares e abraços, e o ciuminho bobo que desenvolvem um do outro quando interesses românticos femininos aparecem na história, elevaram a discussão do queerbaiting a um nível que não existia antes da peça. 

Enquanto isso, os desenvolvimentos mais bombásticos da trama pouco são lembrados pelo fandom - ou alguém por aí acha que a introdução de Delphi, filha de Voldemort e Belatriz, foi um grande acontecimento cultural?

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Apesar da recepção um pouco mais favorável entre os fãs, os filmes de Animais Fantásticos compartilham com A Criança Amaldiçoada a qualidade dúbia de fomentar controvérsias que superam o impacto de suas próprias narrativas.

A aparição de Johnny Depp no final do primeiro longa, como o bruxo das trevas Grindelwald, já incomodou muitos em 2016 por causa das acusações de agressão levantadas contra ele meses antes da estreia, pela ex-esposa Amber Heard. O incômodo virou indignação quando o estúdio se recusou a substituir Depp no papel para a continuação de 2018, e Rowling (também roteirista e produtora de Animais Fantásticos) soltou declaração oficial dizendo que, “baseado em seu entendimento do caso, [ela] se sentia não só confortável como também feliz de ter Depp interpretando um personagem importante na franquia”.

A demissão do ator veio em novembro de 2020, em decisão creditada por muitos à derrota de Depp em processo contra o tabloide inglês The Sun, que determinou que o jornal tinha o direito de caracterizá-lo como “wife beater” (“espancador de mulher”, em tradução livre) por conta do caso Amber Heard. Depp foi substituído por Mads Mikkelsen no terceiro longa de Animais Fantásticos, mas a mancha no histórico da franquia fica - e não é a única.

Outro integrante do elenco, Ezra Miller, se viu envolvido em suas próprias encrencas com o surgimento de um vídeo onde agride uma fã, pegando-a pelo pescoço e jogando-a no chão. O contexto da agressão não foi esclarecido até hoje, com algumas testemunhas dizendo que a fã em questão importunou Miller em um restaurante, e outras dizendo que ela apenas brincou com o ator quando ele mostrou uma cicatriz adquirida em uma cena de ação. De qualquer forma, mais acusações do tipo foram surgindo, e Miller tomou um sabático prolongado de Hollywood.

Por fim, o nome de Rowling raramente é citado hoje em dia fora do contexto de seu ativismo contra os direitos das pessoas transgênero. A escritora se tornou o avatar de um movimento (não unicamente) britânico que busca bloquear o avanço dos direitos trans em nome do que dizem ser a segurança de mulheres cisgênero - mesmo que a relação entre as duas coisas não se sustente de maneira empírico-estatística.

A autora não perdeu contratos por conta de sua posição, mas o backlash virtual foi o bastante para que, por exemplo, os desenvolvedores do game Hogwarts Legacy achassem necessário esclarecer publicamente que Rowling não estava envolvida no projeto. Não foi o que aconteceu com a HBO, que seguirá creditando a autora como produtora executiva da série que sai ano que vem.

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Toda essa atenção negativa, enquanto isso, leva a uma reavaliação das próprias obras originais de Harry Potter. Sob inspeção de olhos modernos, os livros contêm absurdos óbvios: o uso de caricaturas ofensivas do judaísmo para tipificar os duendes de Gringotes, a escolha infeliz de nomear a única personagem chinesa da trama como Cho Chang (ambos sobrenomes coreanos), a forma como muitos elfos domésticos rejeitam o esforço de Hermione para libertá-los da escravidão porque estão “felizes” em suas posições servis, a conexão que os livros fazem entre o corpo gordo de personagens como Duda e Tio Válter e seu status como antagonistas.

Nos filmes, é infame o caso da re-escalação da personagem Lilá Brown. Anteriormente vivida pelas atrizes Kathleen Cauley e Jennifer Smith, ambas negras, em aparições pequenas em A Câmara Secreta e O Prisioneiro de Azkaban, Lilá ganhou mais destaque em O Enigma do Príncipe, quando vive um caso de amor turbulento com Rony. Aqui, o estúdio decidiu escalar Jessie Cave, uma atriz branca, para interpretá-la.

Nada disso significa que Harry Potter não seja uma boa obra literária, ou que seu impacto não tenha sido largamente positivo nas pessoas que alcançou em seus 25 anos de história - reconhecer as falhas e problemáticas de um pedaço de cultura pop não significa jogá-lo, inteiro, no lixo. Mas é notável que, em 2025, o exagero de referências à saga em alguns círculos sociais seja recebido com escárnio (já viu o grupo de Facebook “estou implorando, por favor, leia algum outro livro”?), e novidades da série sejam vistas com certa indiferença fora do núcleo de fãs mais fiéis.

A imagem de Harry Potter está desgastada, e é mais sinônimo de polêmicas sociais do que de diversão fantasiosa. Às vezes, sagas precisam descansar, por muito mais tempo do que Hollywood normalmente as permite (a trilogia O Hobbit que o diga!). Com o passar dos anos, tirar férias estendidas de Hogwarts, ou ao menos de aventuras inéditas por lá, está parecendo uma proposta cada vez mais sedutora.

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