Jogamos: Ninja Gaiden 4 e Platinum foram feitos um para o outro

Um dos grandes mistérios acerca de Ninja Gaiden 4 é a mistura do combate satisfatório da Platinum com a dificuldade tradicional da franquia. Em um teste de aproximadamente duas horas, ficou claro que as duas fórmulas funcionam muito bem em união, testando a displicência do jogador enquanto eventualmente o surpreende com uma barreira de punição.

A demo disponibilizada cobria as cinco primeiras missões do jogo, sendo a primeira um tutorial de combate e movimentação. Dali para frente, o jogador é impactado com combinações bastante efetivas e plásticas: Yakumo, o personagem estreante, tem um arsenal variado e não passa por grandes dificuldades para atropelar os inimigos à sua frente.

O ninja aprendiz tem duas armas diferentes e pode modificá-las com a forma Bloodraven, que permite ataques poderosos e que impactam até os inimigos mais fortes. Essa possibilidade é limitada por uma barra que se recarrega com o tempo, mas não é como se o recurso fosse escasso — na verdade, ele quase sempre está disponível.

Por cima disso, há também uma outra barra que ativa o Frenesi, a clássica transformação super-poderosa presente em quase todos os jogos de ação. Esse repertório é potencializado por uma quantidade de combos e movimentos que não se apequenam próximo a referências como Devil May Cry: rodar o analógico de determinada forma, ou apertar os botões numa sequência diferente, costuma resultar num novo combo.

Todas essas opções resultam num combate tão brutal quanto pode ser, em que é possível decepar membros dos inimigos e executá-los imediatamente depois, jorrando sangue por toda a tela. A intensidade fica ainda maior com os trejeitos da Platinum: esquivas perfeitas e aparos que causam efeito de slow motion, e permitem ainda mais golpes poderosos.

A experiência não foi tão diferente ao trocar para Ryu Hayabusa, o protagonista clássico da série. Seus movimentos são um pouco mais burocráticos que os de Yakumo — mas bem pouco mesmo. A menor agilidade é compensada no poder dos golpes, o que se justifica no próprio enredo do game, já que Yakumo ainda é um aprendiz, enquanto Ryu é um ninja condecorado.

Sem a forma Bloodraven em seu repertório, Ryu acaba dependendo mais de golpes com menor plasticidade, e não se entrega ao absurdo com uma asa de corvo saindo de suas costas. Ainda que frenética e poderosa, sua gameplay é bem mais sóbria.

No respiro entre sequências de batalhas, enquanto usava o competente sistema de andar por paredes e se pendurar em objetos, uma reflexão era inevitável: não deveria ser mais difícil?

Um dos dois chefões que estavam na demo até deu algum trabalho, causando algumas mortes antes de ser derrotado, mas isso foi mais um fruto da displicência adquirida pela facilidade em abater inimigos menores, do que um boss de fato desafiador.

Alguns minutos depois, veio a percepção. A versão do jogo que nos foi fornecida já vinha com boa parte das habilidades de Yakumo e Ryu previamente desbloqueadas, facilitando bastante a vida do jogador.

Ainda que a experiência tenha sido divertidíssima, sentindo no controle todas as possibilidades de um combate ágil e visceral, esse porém ainda gera frustração. Afinal, Ninja Gaiden costuma ter a dificuldade como um de seus diferenciais, mas parece que teremos de esperar pelo jogo final para ter certeza.