Cronos: The New Dawn capta a essência de Resident Evil e Dead Space

A Bloober Team, estúdio polonês que se consagrou como referência em terror psicológico com Layers of Fear e Observer, está pronta para dar o maior passo de sua história. Após conquistar os fãs com atmosferas perturbadoras, narrativas densas, e entregar com maestria o aguardado remake de Silent Hill 2, o estúdio surpreende com Cronos: The New Dawn, um projeto que promete expandir sua fórmula para novos escopos.

Diferente do terror intimista que colocou o estúdio nos holofotes, Cronos aposta em uma ficção científica sombria, com elementos de sobrevivência e exploração. O jogo põe o jogador no controle do Viajante, protagonista que já começa sua jornada em meio a perguntas enigmáticas, como um verdadeiro teste psicológico. Pouco depois, o mundo hostil se abre para você.

Quem já jogou Resident Evil, Silent Hill ou Dead Space vai reconhecer o DNA do survival horror clássico: recursos escassos, munição limitada, corredores sufocantes e a sensação constante de ter um inimigo à espreita. Mas Cronos adiciona um detalhe que muda o ritmo do combate com cadáveres podendo se tornar ameaças. Criaturas grotescas são capazes de se fundir com corpos mortos e criar inimigos ainda mais poderosos. Isso significa que eliminar monstros não acaba com o perigo: durante o combate, é preciso intervir rapidamente para impedir o processo de fusão desses monstros.

Essa mecânica transforma os encontros em uma experiência estratégica. A todo instante, você se pergunta: “Será que esse corpo aqui vai me trazer problemas?”. E o resultado é uma batalha tensa e estratégica, que valoriza decisões rápidas e criatividade. Balas são raríssimas e muitas vezes a escolha mais sábia é correr em vez de lutar.

Em meio a balas, fogo e barris explosivos, o combate te faz pensar, e não só atirar a esmo. Muitas vezes é preciso mirar nas pernas dos monstros e usar golpes corpo a corpo para aumentar o dano e economizar o recurso mais precioso: munição.

Se na jogabilidade Cronos já mostra personalidade, é na atmosfera que a Bloober Team reafirma sua qualidade. Os cenários no PS5 impressionam pela escala e pelos detalhes — de prédios claustrofóbicos a ruas abertas que passam a sensação de abandono e grandiosidade. Reflexos, iluminação e texturas constroem um ambiente vivo e ao mesmo tempo sufocante.

No áudio, a experiência alcança outro nível. Gemidos ao fundo, passos quase imperceptíveis e ecos distantes mantêm a tensão mesmo quando não há inimigos por perto. Quando a trilha instrumental entra em cena, o clima psicológico explode, fazendo o jogador se sentir constantemente à beira do perigo.

Ainda com um certo mistério, o enredo se revela aos poucos, fazendo com que o jogador descubra esse universo junto do protagonista. E se essas primeiras horas já impressionam tanto, Cronos tem tudo para ser não apenas o projeto mais ambicioso da Bloober Team, mas também um dos grandes nomes do survival horror moderno.

Cronos: The New Dawn não esconde suas inspirações, mas também não depende delas. O jogo equilibra familiaridade e inovação, trazendo a assinatura psicológica da Bloober Team em uma escala muito maior. O resultado por enquanto é uma experiência que consegue homenagear os clássicos do gênero enquanto projeta um futuro promissor para o estúdio.