Hideo Kojima é um dos maiores autores quando se trata de videogame. Mesclando linguagens e referências cinematográficas a boas sacadas de gameplay, Kojima redefiniu gêneros de jogos de ação e deixou sua marca na indústria em quase 40 anos de carreira, com franquias como Metal Gear e Death Stranding. Mas quais são os melhores jogos do game designer?
Responder a essa pergunta é difícil, mas vamos tentar nessa lista, que junta os 14 jogos comandados por Kojima ao longo de sua carreira, incluindo os seus principais trabalhos. Vale ressaltar que aqui, temos apenas os jogos dirigidos por Kojima, o que deixa alguns trabalhos normalmente associados ao desenvolvedor, como Zone of the Enders e Boktai, de fora, além de alguns títulos da franquia Metal Gear que não foram comandados por ele, como Portable Ops.
Confira abaixo, todos os jogos de Hideo Kojima, do pior ao melhor:
14. Metal Gear Solid V: Ground Zeroes (2014)
Em retrospecto, Metal Gear Solid V: Ground Zeroes é um tipo de jogo que só existe por conta da reputação de Hideo Kojima. Vendido como uma mídia física a preço cheio, este título não é nada mais do que um prólogo de The Phantom Pain. A missão de infiltração que Big Boss faz nesse curto jogo, de menos de 2 horas, é só uma fração do que o game principal tem a oferecer. Mesmo curto, o título é memorável, com um desfecho impactante para o protagonista e o elenco de apoio, armando o cenário para sua continuação.
13. Policenauts (1994)
Antes de revolucionar a indústria com Metal Gear Solid, Kojima já mostrava seu lado cinéfilo em visual novels, jogos mais focados em história do que em interações com o jogador. Sua última empreitada nesse gênero, Policenauts, bebe da fonte de Máquina Mortífera com uma trama policial cercada de elementos de ficção científica. Após 25 congelado no espaço devido a um acidente, o policial Jonathan Ingram retorna a Terra e trabalha como detetive particular, até que sua ex-esposa bate à sua porta pedindo para investigar um mistério envolvendo o sumiço de seu marido. Como toda visual novel, há pouco a se fazer além de acompanhar a trama, que se desenrola apoiando em vários clichês de tramas policialescas.
12. Metal Gear (1987)
Pela primeira vez na cadeira de diretor, Hideo Kojima usou suas referências de filmes de fuga da prisão para driblar as limitações técnicas do computador MSX2 e acabou fazendo um título que ajudou a definir o que é ação furtiva nos games. Sozinho e sem equipamentos, o soldado Solid Snake precisa infiltrar o estado de mercenários Outer Heaven e impedir que o grupo utilize o robô Metal Gear para rivalizar militarmente como uma potência global. Ainda que o jogo tenha perdido um pouco do charme com o tempo, várias das características dos jogos de Kojima já estavam lá, como as reviravoltas, as traições entre membros do elenco, e o gameplay que incentiva a furtividade em vez do combate aberto.
11. Snatcher (1988)
Logo após o primeiro Metal Gear, Kojima dobrou a aposta na ficção científica e no cyberpunk, com claras referências cinematográficas. Snatcher se passa em um mundo no qual androides que matam humanos e roubam suas identidades, em uma tentativa de se integrar à sociedade. O protagonista Gilian Seed faz parte de uma divisão da polícia responsável por caçar estes criminosos cibernéticos. Apesar das referências óbvias a Blade Runner, Kojima começa a soltar a criatividade, seja em elementos visuais que fariam aparições em jogos futuros, como o simpático robozinho Metal Gear Mk. II, seja no roteiro, que usa o básico da ficção científica e do cyberpunk para tecer comentários sobre problemas sociais.
10. Metal Gear 2: Solid Snake (1990)
A primeira continuação de Metal Gear é uma grande evolução em relação ao primeiro jogo, levando o hardware do MSX2 ao limite para criar uma série de aprimoramentos no comportamento dos inimigos, e na inclusão de elementos nos cenários, como câmeras de vigilância. Solid Snake está de volta em mais uma missão impossível de infiltração, agora na nação de Zanzibar, que volta aos mesmos temas do primeiro game, e o amor de Kojima por reviravoltas, colocando personagens do passado em posições inusitadas e ensaiando o retorno de velhos conhecidos em grande estilo.
9. Metal Gear Solid: Peace Walker (2010)
Originalmente pensado como um projeto paralelo, e sem Kojima no papel de diretor, Peace Walker ganhou mais corpo e importância quando o game designer assumiu o comando do jogo, lançado originalmente no PSP. O hardware portátil fez o jogo ter um escopo menor quando se trata das sequências de ação, mas isso é compensado com a apresentação de um sistema de gerenciamento no qual você cria uma base militar, recruta soldados e desenvolve tecnologias. Já a história mostra como Naked Snake, o lendário soldado de Metal Gear Solid 3, se transformou no lendário Big Boss.
8. Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots (2008)
A conclusão da saga de Solid Snake foi provavelmente um dos jogos mais aguardados de seu tempo, funcionando até como peça de propaganda para o próprio PlayStation 3 (única plataforma onde é possível jogar o game até hoje, inclusive). Usando o poder gráfico do console, Metal Gear Solid 4 até tem boas ideias ao colocar o jogador no desafio de se esgueirar furtivamente no meio de zonas de guerra, mas tudo isso colapsa diante do peso de amarrar as dezenas de pontas soltas dos jogos anteriores, já que Kojima, mais uma vez, produziu o game como se fosse o último da franquia. É um jogo emocionante, especialmente se você se importa com essa história e seus personagens, mas a agência do jogador fica em segundo plano para dar lugar a horas e horas de cutscenes.
7. Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (2015)
Se os jogos de Hideo Kojima sempre vivem em um cabo de guerra entre desenvolvimento de história cinematográfica e interatividade, Metal Gear Solid V: The Phantom Pain é um raro caso em que o segundo saiu vencedor. Isso, é claro, foi por acaso: o jogo foi produzido nos conturbados anos finais de Kojima na Konami e saiu com uma história apressada e inacabada, na qual várias missões são repetidas. Seu gameplay de mundo aberto, no entanto, compensa e muito essas lacunas, com um cenário altamente responsivo que se adapta a tudo que o jogador faz, em todos os momentos. O mini game de estratégia criado em Peace Walker também está de volta e é parte fundamental do jogo, também se adaptando às necessidades do jogador em tempo real.
6. Death Stranding (2019)
Era quase impossível atingir as expectativas que foram criadas para o primeiro Death Stranding. Com belíssimos trailers, mas que demoraram bastante para entregar como seria o jogo em si, o primeiro projeto de Kojima após sua saída da Konami prometia criar um novo gênero dentro dos games. A promessa foi cumprida, de certa forma, com o “multiplayer passivo” e o sistema de entregas, mas a gameplay travada e até monótona dividiu os jogadores. Ainda assim, ame ou odeie, Death Stranding deixou sua marca na indústria.
5. P.T. / Silent Hills (2014)
Mesmo com o cancelamento de Silent Hills em 2015 em decorrência da saída de Kojima da Konami, uma simples demo foi suficiente para influenciar a indústria por vários anos. P.T. pegou emprestado conceitos de jogos de terror independentes em um teaser rodado em primeira pessoa, apelando para o medo quase irracional de corredores apertados e barulhos esquisitos. Ao completar o teaser, a revelação: tratava-se de um prólogo para Silent Hills, game de terror que seria desenvolvido em colaboração entre Kojima e Guillermo del Toro. Os puzzles nada óbvios também foram um marco do jogo, e o próprio Kojima ficou surpreso com a velocidade dos jogadores ao resolvê-los.
4. Death Stranding 2: On the Beach (2025)
A segunda jornada de Sam Bridges é muito mais coesa e acessível que o primeiro game da série. Com ajustes quase urgentes de gameplay, especialmente no combate, o segundo Death Stranding também se aprimora no ritmo de seu enredo. A contrapartida é uma queda considerável na dificuldade da gameplay, e uma previsibilidade maior no enredo — que não deixa de ser ótimo e entregar momentos emocionantes.
3. Metal Gear Solid (1998)
O jogo que catapultou Hideo Kojima para o mainstream é, até hoje, um de seus melhores trabalhos, e a melhor porta de entrada para a franquia Metal Gear. A missão de Solid Snake rumo ao Alasca para impedir que armas nucleares caiam nas mãos de um grupo terrorista esconde uma grande trama de intriga, espionagem e reviravoltas com um elenco de personagens memoráveis que, ao lado do próprio Snake, pautaram os dez anos seguintes da franquia, ao mesmo tempo em que estabeleceu as bases para jogos de ação furtiva em 3D e pavimentou o caminho para todo o gênero. Não torça o nariz para os gráficos blocados do PlayStation 1: Metal Gear Solid ainda é um jogo de ação fantástico que mostra as idiossincrasias de Kojima em sua melhor forma.
2. Metal Gear Solid 3: Snake Eater (2004)
De todos os jogos de Kojima, Metal Gear Solid 3 ainda carrega a fama de ser o seu trabalho mais bem acabado e amplo - não à toa, foi o jogo que a própria Konami escolheu para um remake, em vez do primeiro ou do segundo título da trilogia. Seu segredo é levar a ação para cenários mais amplos e implementar sistemas de sobrevivência que abrem espaço para a experimentação. Já a história, situada nos anos 1960, no auge da Guerra Fria, se inspira em James Bond (é claro) e em Rambo (de forma não tão óbvia) para mostrar as origens de Big Boss, um dos personagens centrais da trama.
1. Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty (2001)
Metal Gear Solid 2 é um dos jogos mais polêmicos de toda a carreira de Hideo Kojima e merece o primeiro lugar não por seu gameplay ou visual, mas por demonstrar uma das características mais únicas do game designer: sua capacidade de confundir e chocar, desde os primeiros momentos do anúncio do título. Essa definitivamente não é uma continuação tradicional, desde a escolha controversa de protagonistas, mas que no fim é compensada pelos vários significados e mensagens que Kojima profetiza a respeito da sociedade, do mundo e da maneira como a informação é disseminada no século XIX. Revolucionário e surpreendente, Metal Gear Solid 2 foi lançado há quase um quarto de século, e ainda é um jogo à frente de seu tempo.
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