Estrelas da dublagem de games se unem contra uso de IA

Créditos da imagem: Divulgação/Entertainment Weekly

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Estrelas da dublagem de games se unem contra uso de IA

Nomes como Troy Baker, Neil Newbon, Matthew Mercer e Sam Lake uniram-se em prol da atuação em jogos

Omelete
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12.03.2025, às 18H12.

Em uma entrevista exclusiva para o Entertainment Weekly, estrelas da dublagem e captura de movimento de games revelaram uma iniciativa coletiva nesta quarta-feira (12), para discutir e divulgar como funciona o trabalho na indústria, para gerar conscientização quanto ao uso de IA para vozes e captura de movimento. 

A iniciativa, chamada de Pixel Pack, traz nomes como Neil Newbon (Astarion, Baldur's Gate 3), Troy Baker (Joel, The Last of Us), Matthew Mercer (Cole Cassidy, Overwatch 2), Sam Lake (Alex Casey em Alan Wake 2 e diretor criativo da Remedy Entertainment), Yuri Lowenthal (Homem-Aranha, Marvel's Spider-Man), Jennifer English (Shadowheart, Baldur's Gate 3), Melina Juergens (Senua, Senua's Saga: Hellblade II) e outros nomes importantes da indústria.

"Trabalho como ator há 28 anos, em jogos há cerca de 15 anos, em mais de 150 projetos estranhos", diz Newbon, que também trabalha como diretor e produtor. "Tendo vindo do teatro, cinema, TV, percebi que havia uma diferença psicológica no ambiente dos jogos, realmente que era uma comunidade muito mais unida. Foi interessante, provavelmente um pouco antes da pandemia, [ver] o quão seriamente as pessoas levam a narrativa dos jogos, assim como os jogos em geral, como isso é considerado uma forma de arte e como, aos poucos, vi as necessidades e demandas por uma ótima atuação explodirem exponencialmente. Então, este é um bom momento para falar sobre isso."

A ideia do grupo, é desmistificar o nível de trabalho feito com o trabalho de voz e captura de movimento e mostrar que é necessário manter o trabalho desses atores, em contrapartida, ao uso de IA para gerar trabalhos de voz, algo que vem sendo discutido pelo SAG-AFTRA

“Olhando para o futuro, minha visão é estabelecer o Pixel Pack como uma iniciativa anual, uma que não apenas celebra talentos estabelecidos, mas também eleva atores emergentes na indústria de jogos", afirma Newbon. "Ao promover inspiração, conscientização e advocacia, podemos fortalecer nossa voz coletiva e garantir que a atuação em jogos continue a ser reconhecida, respeitada e protegida."

Lowenthal comentou, que existia um certo tipo de preconceito até mesmo na comunidade artística quanto ao trabalho feito com videogames, lembrando que no começo da sua carreira, muitos escondiam que trabalharam com jogos. ""Acho que a maioria dos atores de teatro e cinema naquela época presumiam que nem mesmo contratavam atores para fazer esse tipo de trabalho, a menos que fossem jogadores na época, o que era muito menos comum", ele lembra. "Sei por conversar com algumas pessoas na época, outros atores que não vinham do mundo da dublagem e que eram mais pessoas na frente das câmeras, que era visto como uma forma de se tornar um favelado. Eles diziam: 'Não conte a ninguém, mas trabalhei no videogame porque precisava do dinheiro' ou algo assim."

Entre as razões para a união desse coletivo de atores, Mercer explica que muitas vezes, eles não eram permitidos de promover os projetos em que estavam trabalhando, seja por contrato ou porque muitas vezes, a parte de promoção era feita por desenvolvedores e produtores, diferente do que acontece com o cinema e na TV. 

"Estamos vinculados aos contratos que assinamos nesses projetos, e a maioria dos estúdios não quer necessariamente que os artistas façam entrevistas para a mídia, a menos que seja um canal muito específico sob restrições muito específicas", diz Mercer, esclarecendo que nem toda empresa adota essa abordagem. Ele tem suas próprias teorias sobre o porquê disso, mas, no final das contas, compartilha: "Acho que tem sido por muito tempo uma oportunidade perdida de também mostrar o coração por trás das performances [que] também é o motivo pelo qual as pessoas se conectam com esses jogos."

Também foi revelado durante a entrevista, que Neil Newbon comandará uma palestra durante a GDC para falar sobre relações entre atores e diretores nos jogos, além da necessidade de manter os artistas na indústria ao invés de utilizar inteligência artificial para substituí-los. 

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