Double Dragon Revive reinventa o clássico dos arcades
Game é uma homenagem divertida aos fliperamas, mas esbarra em elementos que impedem um renascimento completo
Créditos da imagem: Divulgação/Arc System Works
Existem jogos que, apesar de não aparecerem nas listas dos títulos mais vendidos de todos os tempos, possuem um valor único e um lugar garantido na história dos videogames. Double Dragon com certeza é um desses títulos, próximo a completar quarenta anos desde que chegou aos arcades e fliperamas pelo mundo, este título não só se tornou um dos jogos mais populares da sua época, mas também foi, ao lado de River City, um dos responsáveis por estabelecer o gênero de pancadaria como um clássicos dos videogames
Desde o seu lançamento original, a franquia Double Dragon tem sido um pilar dos jogos de luta, inspirando inúmeras sequências e releituras ao longo das décadas. Embora alguns desses lançamentos tenham obtido sucesso de público, outros enfrentaram recepções mais mistas.
A Arc System Works, com o recente sucesso de River City Girls, que até ganhou uma sequência em 2022 e expandiu o universo de River City com um toque moderno, mostrou que entende como reinterpretar clássicos, além da vasta experiência em jogos de luta como Guilty Gear e BlazBlue. Para Double Dragon Revive, eles contam com a colaboração da Yuke’s, um estúdio com um extenso e comprovado histórico em jogos de ação, incluindo jogos da série WWE e Earth Defense Force.
Com o objetivo de homenagear os jogos originais, Double Dragon Revive resgata a narrativa do primeiro game, incorporando elementos sutis do segundo. Em um cenário pós-apocalíptico onde a lei e a ordem não existem mais, a gangue Shadow Warriors busca dominar a nação. Contudo, os irmãos e mestres em artes marciais Billy e Jimmy Lee empenham-se em restaurar a paz neste mundo desolador. Após um dia de patrulha, ao retornarem a sua base, são informados do sequestro de sua aliada Marian pela gangue e imediatamente partem em seu resgate.
A história é narrada por meio de pequenas cutscenes em estilo anime que ocorrem entre as fases. Esses são os únicos momentos do jogo com dublagem de personagens, e ela infelizmente só está disponível em inglês e japonês. A dublagem japonesa, vale citar, se destaca por apresentar vozes conhecidas como as de Dio Brando (Jojo's Bizarre Adventure) e Marshall D. Teach (One Piece).
A jornada dos irmãos Lee é reimaginada em reproduções 3D modernas dos estágios do primeiro jogo, mas com uma variedade de elementos interativos no cenário. Os jogadores podem utilizar diversas ferramentas para lutar, desde armas como nunchakus e espadas até elementos do ambiente como janelas e caçambas de lixo.
Durante o período de divulgação do jogo, a ArcSys reforçou sobre a filosofia de design do jogo, no uso dos elementos do cenário e em fornecer aos jogadores mais ferramentas para lidar com as situações desde o início do jogo. É particularmente divertido descobrir novas formas de eliminar os inimigos. No início, pode até parecer trapaça devido a sua eficácia, mas com o aumento da dificuldade das fases onde os perigos só multiplicam, torna-se uma tática necessária.
O sistema de combate consegue ser minimamente complexo, incorporando golpes comuns em jogos de luta, como ataques antiaéreos e sequências de combos que podem ser encadeadas. Há também golpes especiais em área que consomem energia e agarrões que rompem a defesa inimiga, permitindo arremessá-los pelo cenário. E mesmo que o jogador possua um arsenal de ferramentas para dominar seus adversários, eles também podem revidar com armas e golpes especiais, que exigem que o jogador quebre a postura utilizando golpes fortes no timing correto.
Na minha opinião, esta foi a melhor adição ao jogo. Ela permite ao jogador criar suas próprias janelas de oportunidade para atacar, o que incentiva uma jogabilidade mais ativa, em vez de reativa.
Por outro lado, algumas sequências de plataforma são bastante decepcionantes, parecendo ter sido importadas diretamente da versão arcade. É compreensível que, dadas as limitações técnicas da época, certos jogos carecessem de polimento em termos de saltos e plataformas, já que o foco principal não era esse. Contudo, em um jogo lançado em 2025 isso se torna frustrante; felizmente, esses momentos são escassos e não comprometem significativamente a experiência geral do jogo. Parece que o jogo tem dificuldade em identificar escadas, a perspectiva dos personagens em 3D fica meio estranha e a velocidade entre eles é bem diferente, o que fica mais nítido no modo cooperativo.
Algo que merece ser destacado é a trilha sonora, um elemento que certamente enriquecerá a experiência dos jogadores que vivenciaram o jogo na infância. Pessoalmente, fiquei muito feliz ao ouvir novas interpretações das músicas originais, começando pelo tema principal no menu inicial. É inegável que a nostalgia desempenha um papel fundamental nesse ponto.
A nostalgia é a essência de Double Dragon Revive, servindo como a principal motivação tanto para os desenvolvedores quanto para o público. Apesar dos esforços da Yuke’s e ArcSys em revitalizar a série, o jogo mantém sua pegada retrô com uma roupagem moderna, seja pelos gráficos 3D ou pelo sistema de combate atualizado.
Existem exemplos recentes de reinvenções e tentativas de expandir certos gêneros, como os roguelikes. No entanto, ao tentar se manter fiel ao material de origem em um gênero amplamente explorado no passado e revisitado por diversas franquias recentemente, Double Dragon Revive pode não conseguir se destacar. A busca por inovação e a intenção de honrar o legado, neste caso, podem ter resultado em um jogo que parece inacabado.
É importante deixar claro: Double Dragon Revive não é um jogo ruim. Se a intenção é relaxar e desfrutar da satisfação mecânica de pressionar botões enquanto se enfrenta levas de adversários — especialmente no modo cooperativo, onde a experiência é significativamente melhor —, ele acerta em cheio.
Em sua essência, Double Dragon Revive é um jogo de arcade, focado na repetição em vez da expansão. A meta principal permanece sendo alcançar a pontuação mais alta possível. Portanto, quem for jogar deve ter em mente a experiência clássica de Double Dragon. Quem busca um jogo com mais profundidade talvez se decepcione, mas para aqueles que desejam reviver a experiência de infância, este título pode ser uma boa opção.
Double Dragon Revive
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