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Jogamos: Clair Obscur: Expedition 33 tem muito estilo e pouca substância

Jogo não une bem mecânicas de RPGs e títulos de ação; lançamento acontece em abril

Omelete
4 min de leitura
06.03.2025, às 21H27.

Clair Obscur: Expedition 33 sabe fazer uma coisa muito bem: chamar a atenção pelo seu visual. Desde os primeiros trailers, o RPG da Sandfall Interactive, que chega em abril para PC, Xbox Series X/S e PlayStation 5, mostra um mundo belíssimo e um jogo carregado de belas influências.

Mas, nesse caso, as aparências podem enganar. Ou, ao menos, é a impressão deixada por uma versão demo do jogo a qual o Omelete teve acesso de maneira antecipada, a pouco mais de um mês do lançamento.

A demo mostra um segmento inicial do jogo, mas já depois de a história e os conflitos principais estarem postos a frente dos protagonistas. Em Clair Obscur: Expedition 33, o mundo de Lumière vive sob uma maldição: uma entidade conhecida como Artífice condena à morte pessoas com a idade cujo número é pintado em um continente distante, mas visível para todos.

Em uma tentativa de combater esse destino terrível, os cidadãos de Lumière organizam viagens para este continente com a missão de derrotar a Artífice. Estas pessoas, que nunca voltaram para contar a história, são conhecidas pelo seu número de Expedição.

Você controla justamente os integrantes da Expedição 33, que vê tudo dar muito errado já ao colocar os pés nesse continente. O pouco de história que a demonstração mostrou deixa claro que o jogo não vai economizar no drama, especialmente levando em conta que o grupo de protagonistas também tem motivos pessoais para estar ali, além da necessidade de se sacrificar por um bem maior.

A parte principal da demo foi exibir as mecânicas de combate e exploração de Clair Obscur, onde as ideias por trás do jogo parecem conflitar. O jogo não esconde a vontade de homenagear RPGs produzidos no Japão em ambas as áreas, mas também sente uma necessidade de se aproximar de jogos de ação em terceira de uma maneira mais acessível.

O jogo acertou muito ao resgatar o conceito do mapa-múndi, em que você explora o cenário em uma escala reduzida e “entra” em dungeons e outras localidades, onde o cenário se expande para uma escala 1:1. Mas, quando você entra nessas telas, os primeiros problemas começam a surgir.

Na superfície, as dungeons se apresentam com caminhos lineares, mas ao mesmo tempo também querem colocar obstáculos na exploração como em clássicos do gênero, mas a falta de boas sinalizações ou até mesmo de um mini-mapa fazem apenas os lugares se tornarem confusos e difíceis de navegar. A mesma situação se repetiu nos dois calabouços principais que estavam disponíveis na demonstração, quando fiquei perdido tentando encontrar a saída.

Mas é no combate em que os conflitos dessas duas ideias se mostram ainda mais evidentes. O design dos menus e a mecânica de atirar livremente claramente mostram a inspiração em Persona 5, mas o jogo decide simplificar boa parte de seus sistemas, abrindo mão do MP para colocar magias, golpes e outros tipos de movimentos em pontos de ação.

Cada ação pode ser também impulsionada com quick time events - você aperta um botão para deixar a magia de cura mais poderosa, ou fazer um ataque ter cinco acertos, em vez de três. Mas o que Clair Obscur realmente quer que você aprenda é como esquivar ou defletir ataques, apertando botões no momento exato em que o inimigo ataca.

Esse tipo de mecânica não é novidade em RPGs de turno, mas Clair Obscur tenta se destacar ao fazê-las se tornarem essenciais para a sua vitória na batalha. Lutas de chefes ou contra inimigos mais poderosos mostram que desviar ou defletir será tão ou mais importante do que subir de nível, montar builds ou explorar fraquezas elementais.

Ao menos nessa demonstração inicial, Clair Obscur: Expedition 33 tenta se equilibrar com um pé no lado dos jogos de ação e, no outro, em RPGs clássicos. Mas os sistemas brigam um com o outro e as ideias entram em um atrito de modo a experiência não funcionar muito bem nem como RPG, nem como jogo de ação.

Clair Obscur: Expedition 33 é um jogo que inegavelmente tem muito estilo, da movimentação dos personagens ao design de cenários, menus e, especialmente, em sua direção de arte. Mas, debaixo disso tudo, falta substância. A ver como isso se desenrola na aventura completa, que chega em 24 de abril para PlayStation 5, Xbox Series e PC.

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