10 anos depois: como piloto de Game of Thrones estabelece os pilares da série

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10 anos depois: como piloto de Game of Thrones estabelece os pilares da série

Série estreou na HBO em 2011, com um capítulo que plantou várias sementes para os maiores conflitos da história

12.04.2021, às 16H43.

Em 17 de abril de 2011 estreou na HBO a série Game of Thrones, inspirada na saga de livros de George R.R. Martin. Naquela época, o autor já havia publicado quatro livros da franquia e tinha A Dança dos Dragões programado para julho do mesmo ano. A história de Ned Stark e companhia não era conhecida pelo grande público, mas já fazia sucesso entre os fãs de literatura, o que colocou uma certa expectativa na estreia. Apesar disso, poucos puderam prever que estavam diante de uma produção que mudaria a história da TV.

Intitulado “Winter is Coming”, o piloto foi muito competente ao estabelecer vários pontos que seriam cruciais para a trama - o que é fácil de perceber ao revisitar o episódio 10 anos depois. O capítulo começa com os irmãos da Patrulha da Noite verificando um acontecimento além da Muralha. Há muita descrença e medo entre eles, mas ali já fica claro que Westerostinha um grande inimigo a enfrentar: os Outros, também conhecidos como Caminhantes Brancos.

Curiosamente, os seres não ganham maior importância durante o próprio piloto e os espectadores chegam a questionar se eles realmente serão importantes quando a família Stark desacredita (e executa) o desertor da Patrulha da Noite que testemunhou tudo. Assim como os habitantes do continente, nos perdemos nas tramas políticas apresentadas no episódio e esquecemos de focar na maior ameaça.

Família perfeita

Depois da introdução com os Caminhantes Brancos, o episódio foca bastante na família Stark. Desde a primeira cena, Game of Thrones estabelece que aquelas pessoas são diferentes, mas ainda assim muito unidas e, portanto, se preocupam umas com as outras. Esse é o coração da série e o motivo pelo qual o espectador se importa de fato com o que está acontecendo em tela: não queremos que nada de ruim aconteça aos Stark.

Além disso, as personalidades de cada um são colocadas em pequenas cenas, como Jon Snow (Kit Harington) se sentindo deslocado entre os irmãos, Arya (Maisie Williams) fazendo de tudo para não se tornar uma lady e Bran (Isaac Hempstead-Wright) apreciando a liberdade de escalar os telhados de Winterfell. Todos esses pontos se desenvolvem ao longo das oito temporadas do seriado, e até se tornam melancolicamente irônicos, como no caso de Bran.

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Porém, nenhum Stark é maior neste episódio do que Eddark/Ned Stark, o patriarca interpretado por Sean Bean. O ator já era conhecido como Boromir pelos fãs de O Senhor dos Anéis, mas apresentou em Ned um personagem diferente: mais calejado pelas dificuldades da vida e com uma honra inabalável. Ned faz o que é certo, mesmo quando isso o prejudica, e isso é tudo o que o público precisa saber sobre ele.

Ainda sobre simbolismos, é impossível não citar os filhotes de lobos gigantes, encontrados na floresta pela comitiva de Winterfell. Os lobos estão perdidos na floresta após sua mãe, uma loba gigante (símbolo dos Stark), ser morta no conflito com um cervo (símbolo dos Baratheon). Na cena, Snow diz que os filhotes correspondem aos filhos dos Stark e, por isso, eles devem criá-los. Olhando para a cena 10 anos depois, é impossível não perceber o quanto ela é profunda e serve como um presságio para o que aconteceria com os membros da família.

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O rei exilado

Enquanto tudo isso acontece em Westeros, há dois personagens importantes em Essos: Daenerys e Viserys Targaryen (Harry Lloyd), os últimos descendentes de sua casa. Em um primeiro momento, Game of Thrones parece querer colocá-los como “vilões” daquela trama, especialmente pelo modo que o rei Robert fala sobre eles, mas há alguém que torna isso impossível: a jovem - e até então submissa - Daenerys.

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Interpretada por Emilia Clarke, a personagem deixa claro desde o começo que é muito mais interessante do que Viserys. Enquanto o irmão tem acessos de insegurança e gosta de ser bajulado, a jovem olha para o horizonte, sonhando com a volta para casa e para o trono prometido há tanto tempo. É fácil se relacionar com a angústia de Dany e é por isso que o público fica assustado quando ele se casa com Khal Drogo (Jason Momoa, hoje o Aquaman dos cinemas).

Ao revisitar a cena do casamento - em que é dito que tal festa deve ter pelo menos umas três mortes -, é curioso ver o olhar assustado da jovem e pensar que, em poucas temporadas, ela teria a lealdade de muitos presentes ali, faria parte da cultura dothraki como ninguém e lideraria o exército pelo qual foi usada como moeda de troca. Ainda que seja apresentada como uma jovem ingênua, Daenerys provou desde seu primeiro momento em Game of Thrones que estava destinada a fazer coisas maiores.

Política e poder

As intrigas políticas são parte importante da história de Game of Thrones, e o piloto apresenta isso especialmente pela família Lannister, cuja filha Cersei (Lena Headey) é casada com o rei Robert Baratheon (Mark Addy). Começando pela morte de Jon Arryn (John Standing), fica muito claro que os Lannisters são os maiores jogadores do “jogo dos tronos” e estão dispostos a tudo para continuar tendo poder em Westeros.

Isso é mostrado em pequenas atitudes, como quando Cersei pensa em tornar Sansa (Sophie Turner) um tipo de pupila, e em grandes atos, como o que encerra o episódio. “As coisas que eu faço por amor” é a frase dita por Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) ao jogar o jovem Bran de uma torre, para uma queda que tinha tudo para ser fatal. Essa cena, dentro de todo o contexto do episódio, é a prova de como Game of Thrones foi uma série inovadora. Em 2011, a TV já tinha visto diversos seriados com ares medievais e de fantasia, mas era difícil achar uma produção tão crua, com personagens amados correndo riscos reais.

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Com pouco mais de 1h de duração, o episódio piloto da série da HBO apresentou um universo com cultura riquíssima, personagens carismáticos, alguns mistérios sobre o passado, e terminou com um gancho enorme, que fez o coração de vários espectadores bater mais forte durante os créditos finais. Era difícil prever que Game of Thrones mudaria a televisão, mas “Winter Is Coming” já deixou claro que aquela série seria algo único na indústria do entretenimento.

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