Arte da A Casa do Dragão (Reprodução)

Créditos da imagem: Arte da A Casa do Dragão (Reprodução)

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A Casa do Dragão funciona quando não insiste em ser Game of Thrones

Entre altos e baixos, derivado de Game of Thrones brilhou quando se apoiou no drama familiar, e não nas tramas de palácio

Omelete
3 min de leitura
05.08.2024, às 12H41.

É complicado dizer que o final de A Casa do Dragão não foi anticlimático. Depois de um ótimo episódio oito e uma primeira temporada que já preparava o terreno para uma guerra civil, algum tipo de catarse era esperada para o derradeiro capítulo deste ano. Não foi o que aconteceu - o que não chega a ser uma surpresa, mas não evita a decepção para alguns. Por outro lado, no próprio finale, o programa deixa evidente mais uma vez como seus casos de família, mesmo sem dragões ou grandes conspirações políticas, são de longe o drama mais atrativo para a audiência - e os encerramentos de Rhaenyra & Alicent, e Helaena & Aemond deixam isso claro.

É verdade que a franquia em si tem dessas, já que sempre o penúltimo episódio é conhecido como "o melhor e mais impactante" da temporada, pois o último apresenta as peças do próximo ano. Game of Thrones foi assim por algum tempo. O que complica aqui é que A Casa do Dragão monta estas mesmas peças desde o piloto, e é quase impossível não sentir que a HBO esticou demais a história da série, tornando cada encerramento uma preparação para a guerra que nunca vem. 

A questão é que, mesmo com os fillers comuns neste tipo de história, A Casa do Dragão só funciona mesmo de forma plena quando esquece suas tramas de palácio (que normalmente demandam mais tempo e personagens) e foca nos casos de família em busca pelo trono - e nem precisa de briga de dragão para isso. Os embates entre Daemon e Rhaenyra, e Aemond, Aegon e todo o resto da família, mostram como a superficialidade do texto de Ryan Condal e cia; é efetiva no entretenimento barato e honesto, sem os delírios de grandeza que Game of Thrones embutiu na franquia.

Há quem diga que não se pode comparar Casa do Dragão com a antecessora, mas a própria série e seus criadores fazem questão de lembrar que estamos praticamente vendo um prelúdio da história de Daenerys. Tanto a visão de Daemon quanto a fofoca sobre a profecia, passagens que não estão no livro, são a prova cabal de que o seriado precisa dessa conexão e insiste em conectar os pontos para um público menos afeito ao detalhamento da mitologia. É compreensível, visto o sucesso da marca, que a HBO faça isso; por outro lado, tanto as comparações quanto a incapacidade da série andar sozinha ficam mais evidentes.

A verdade é que, para o bem de todos, quanto menos Casa do Dragão lembrar de Game of Thrones, melhor. A construção da guerra civil não necessitava de fillers como Engorda Carangueijo ou os delírios eternos de Daemon em Harrenhal, muito menos de supostas conspirações políticas que são desmontadas com diálogos simplórios e expositivos ao extremo. A treta entre os Targaryen, inclusive, não funciona somente pelas brigas entre dragões, mas pela loucura e devaneio de poder que todos eles têm. Os bichos são apenas a cereja neste bolo, que a HBO insiste em deixar no forno mais tempo que o necessário.

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