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Foo Fighters agrada fãs novos e veteranos em show de São Paulo

Grupo capitaneado por Dave Grohl mantém vigor no palco e entrega boa mistura entre músicas sem intervalo e interação com a plateia

01.03.2018, às 10H25.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Não tem jeito, sempre vai existir um show para marcar a vida de alguém e parece que as apresentações do Foo Fighters são ideais para fazer isso com muitas pessoas.

Camila Cara/Divulgação

Com um frontman conhecido há muito tempo como um dos caras - se não o cara - mais legal do rock, a banda não brinca em serviço e aproveita o carisma de Dave Grohl e a boa forma do grupo para animar um estádio por mais de duas horas, sem sobressaltos. Afinal de contas, essa mistura entre vigor físico e paz de espírito parece ser a receita do Foo Fighters para agradar tanta gente quase que unanimemente.

Com o grupo todo subindo ao palco de uma vez às 20h50 - sem anúncio, sem muquinha, só  com o nome no telão - a chuva de hits (não existe outro termo para se empregar nesse caso) desce com pressão. Grohl e companhia chegam com “Everlong” para aquecer os motores e fazem o público parecer criança, todo mundo gritando e pulando o quanto pode. Sem intervalo vem “Monkey Wrench”, “Learn to Fly” e "The Pretender" sequência que, com menos de meia hora, fez parecer que um trem sonoro passou acelerado por ali e levou todo mundo pra uma viagem sem roteiro definido.

Só depois desse momento nostálgico surgiu a faixa “The Sky is a Neighborhood”, música do disco mais recente dos norte-americanos. É importante lembrar que a criação de uma atmosfera para o show acontece somente com as músicas, já que a produção de palco do Foo Fighters é básica, sem muita firula.

Isso é totalmente compreensível, afinal, quando eles entram no palco depois do som pesado e da produção do Queens of the Stone Age, parece que alguma coisa está errada. Mas em poucos minutos é possível perceber que mesmo parecendo de planetas distantes, a performance e o som de um complementa o do outro.

Durante o show, Grohl e a banda passam por diversas fases. O vocalista conversa com o público, conta histórias e se impressiona com os celulares acesos durante “The Sky is a Neighborhood”: "Sabe, o Brasil foi o único país no mundo que nos deu estrelas quando cantamos essa música".

Mas um dos momentos mais interessantes foi a surpresa de Grohl ao pedir que as pessoas que nunca haviam estado em um show da banda levantassem as mãos. Com quase dois terços do estádio com as mãos para o ar, ele seguiu perguntando: "Onde raios vocês estavam? Esperaram 24 anos pra ver a gente? Mas isso foi bom, agora nós temos mais músicas", e seguiu com a performance.

No final das contas, depois de muita conversa, músicas de todas as fases, uma rápida história da passagem do Nirvana no Brasil e um aniversariante de 17 anos tocando “Under Pressure”, do Queen, a forma como Grohl e o grupo fazem o show lembra uma mistura entre AC/DC, com Angus correndo pra lá e pra cá, e Ed Sheeran, que faz um estádio cantar como se existisse um botão para ligar e desligar essa possibilidade. E fazer com que quase 40 mil pessoas cantem como se a vida delas dependesse disso, não é algo que muitas bandas de rock têm conseguido ultimamente.

Sem dúvida, um show para iniciantes e iniciados que estão em busca de entretenimento, um host engraçado e hits para rasgar a garganta.

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O Queens of the Stone Age está na estrada há um bom tempo, já foi headliner de festival grande em diversas partes do planeta e tem uma boa base de fãs. Porém, o início do segundo show do grupo capitaneado por Josh Homme em São Paulo, não deixava todos esses dados em evidência. Com o estádio parcialmente cheio e o snake pit-VIP totalmente transitável, algo parecia errado. Mas só parecia. Afinal de contas, o que pode ser dito sobre um grupo que leva a sério o que faz?

Com uma apresentação pesada e pouca enrolação, cada nova faixa parecia um soco na cara. Não dava para esconder disso. E para deixar tudo ainda mais marcante, o QOTSA mostrou que sabe usar muito bem alguns de seus riffs mais destruidores, segurando alguns momentos ao máximo, gerando a expectativa em seu nível mais puro e violento pra só então tocar tudo que pode. Nesses momentos, manter o corpo parado se torna um desafio que não vale a pena.

Homme parecia bem animado, bebendo tequila (no gargalo) - como um adolescente - e voltava cada vez mais insano para o microfone depois das pausas entre músicas. As performances de  “Little Sister” e “Go With The Flow”, impressionam e trazem o questionamento: Como é possível deixar essas músicas ainda mais pesadas ao vivo? Talvez a resposta esteja no entrosamento do grupo que executa suas faixas de forma cirúrgica.

Mas nem só de música vive uma apresentação do QOTSA. Josh agradeceu o público diversas vezes, falou sobre a liberdade de se fazer o que quiser em um show de rock e - mais uma vez - tretou com alguém da plateia.

No entanto, com toda essa mistura de coisas, quando o grupo encerrou sua apresentação e deixou o palco, os tímpanos doíam, e era possível ver muitos sorrisos de orelha a orelha graças a possibilidade de presenciar um grupo coeso, com músicas e performance tão boas que nem mesmo Josh Homme com a sua vontade de causar conseguiu sublimar. Com certeza, um exemplar raro de som indomável apresentado da forma mais visceral possível.

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