Wicked | Entenda como o filme musical se conecta com O Mágico de Oz
Sucesso nos cinemas, longa estrelado por Ariane Grande tem sua base no clássico com Judy Garland
Sucesso na Broadway há mais de duas décadas, Wicked conquistou agora também os cinemas através da adaptação cinematográfica dirigida por Jon M. Chu – cuja segunda parte está atualmente em cartaz nos cinemas.
Lançada em 2003, a montagem teatral que inspirou ambos longas tem sua base no romance Maligna: A História Não Contada das Bruxas de Oz, escrito em 1995 por Gregory Maguire – e que, por sua vez, derivou-se da narrativa de O Mágico de Oz, livro infantil de 1900 transportado às telonas em 1939, no antológico filme estrelado por Judy Garland.
Wicked propõe-se a ser uma prequela de O Mágico de Oz, ao mostrar como suas protagonistas, as jovens Glinda (Ariana Grande) e Elphaba (Cynthia Erivo), trilharam os caminhos que as levariam a se converter respectivamente na Bruxa Boa do Norte e na Bruxa Má do Oeste – interpretadas por Billie Burke e Margaret Hamilton no longa rodado há quase um século.
A maior parte da narrativa de Wicked se concentra, portanto, antes dos acontecimentos de O Mágico de Oz. Há, porém, um período de intersecção entre as duas histórias, quando os eventos finais de uma ocorrem quase que simultaneamente ao eixo central da outra.
Entenda, a seguir, de que forma a linha do tempo de ambas tramas se cruzam:
Amigas ou rivais?
A história de Glinda e Elphaba tem início em Wicked, quando ambas se encontram como alunas da Universidade de Shiz. Fruto de uma relação extraconjugal de sua mãe, Elphaba tem a pele verde – razão por que é alvo constante de preconceito – e frequenta a instituição junto à sua irmã, Nessarose (Marissa Bode), que é paraplégica e vive confinada a uma cadeira de rodas.
Nasce uma amizade entre as duas protagonistas, obstaculizada a partir do momento em que ambas se envolvem em um triângulo amoroso: Glinda se apaixona pelo príncipe Fiyero (Jonathan Bailey), que se torna seu noivo, apesar de amar Elphaba em segredo – e ser correspondido.
Questões políticas também surgem para separar a dupla de heroína. O Mágico de Oz (Jeff Goldblum), governante supremo do reino, decide proibir os animas que ali vivem de se manifestarem através da fala. Essa imposição arbitrária revolta Elphaba, que se opõe veemente a ela – à distinção de Glinda, que, mesmo com o sentido de justiça ferido, decide ser conivente com os desmandos do Mágico para subir na hierarquia do reino.
Essa rebeldia contra o governo faz com que Elphaba passe a ser considerada publicamente inimiga do reino, sendo obrigada a viver nas sombras, como foragida. Numa campanha difamatória e manipuladora contra Elphaba, os governantes de Oz passam a midiatizá-la como inimiga do Estado, dando-lhe, inclusive, a alcunha pejorativa de “Bruxa Má do Oeste” – com a qual ela viria a ser conhecida em O Mágico de Oz.
A covardia de Glenda, por sua vez, acaba lhe rendendo frutos aparentemente bem mais doces que os de Elphaba: ela é escolhida por Madame Morrible (Michelle Yeoh), a antiga Reitora de Feitiçaria da universidade que ambas frequentavam, como a nova porta-voz oficial do Mágico, conquistando o status e o poder que sempre ambicionou.
O adeus de Nessarose – e a chegada de Dorothy
O filme Wicked: Parte 2 se inicia após uma passagem de tempo de alguns anos, quando Elphaba, ainda foragida, visita a irmã Nessarose para presenteá-la com um par de sapatos vermelhos encantados, que fazem com que a moça possa deixar sua cadeira de rodas e finalmente caminhar em liberdade.
A alegria da moça, porém, logo se transforma em tristeza quando seu noivo Boq (Ethan Slater) decida deixá-la, já que nunca a amou de verdade. Ele só se envolveu com Nessarose por pena de sua paralisia, sendo na realidade apaixonado por Glinda.
Furiosa, Nessarose atira um feitiço em Boq, transformando-o em um Homem de Lata que não tem coração.
A perseguição implacável do governo contra Elphaba continua. Decidida a atrair aquela que é considera a inimiga do número um do Estado, Madame Morrible arma um plano para obrigá-la a dar as caras, invoca um tornado para provocar uma tragédia com Nessarose.
As consequências desse fenômeno acaba se estendendo também ao mundo real, arrastando para Oz a casa da menina mortal Dorothy Gale, protagonista de O Mágico de Oz – dando início, portanto, ao ponto de intersecção entre as duas narrativas.
A casa de Dorothy cai bem em cima de Nessarose (agora conhecida como a Bruxa Má do Leste), matando-a instantaneamente. Glinda então vai até Dorothy, a quem se apresenta como a Bruxa Boa do Norte, e entrega-lhe os sapatos mágicos com que sua amiga Elphaba presenteara a agora finada irmã.
A porta-voz do Mágico explica que, para conseguir retornar para casa, ela precisa sair em busca do líder supremo de Oz, que lhe mostrará o caminho de volta.
Fiyero, o Espantalho
A armadilha de Madame Morrible contra Elphaba dá certo e, quando a heroína de pele verde ressurge em busca de explicações, é capturada pelos vilões. Seu eterno apaixonado Fiyero a ajuda a escapar – mas acaba punido com a sentença de morte por sua traição.
Desesperada para salvar a vida do amado, Elphaba lança mão de um feitiço, que acaba dando errado e transformando-o acidentalmente em um Espantalho. Em O Mágico de Oz, vemos como o agora homem de palha encontra-se com Dorothy, com quem compartilha seu sonho de ganhar um cérebro.
A jovem mortal também se encontra com o Homem de Lata – isto é, Boq, desejoso agora de conseguir de volta o coração que o feitiço de Nessarose lhe tirou.
Junta-se a eles ainda o Leão Covarde, um filhote de leão falante que (em Wicked) foi salvo por Elphaba e Fiyero quando a perseguição aos animais falantes em Oz teve início – e cujo sonho (em O Mágico de Oz) é torna-se mais corajoso.
O quarteto então se une em busca do Mágico, o único que aparentemente pode tornar seus objetivos realidade.
Uma história, dois finais
A história de O Mágico de Oz mostra como Dorothy, o Leão, o Espantalho e o Homem de Lata chegam à Cidade das Esmeraldas, para seu encontro com o governante que dá nome à narrativa-matriz.
O Mágico, então, desafia-os a roubar a vassoura mágica da Bruxa Má do Oeste, em troca de realizar seus respectivos sonhos.
Em meio ao cumprimento dessa missão, Dorothy acaba capturada por Elphaba – agora sedenta por vingança pela morte de sua irmã. Instigados pelo Mágico, os cidadãos de Oz se unem numa perseguição implacável contra sua suposta inimiga pública.
Enquanto Glinda (em Wicked) vai avisar a ex-amiga do perigo que ela corre, Dorothy ataca sua raptora com um balde de água – substância mortal para a pretensa Bruxa Má do Oeste. Elphaba então derrete diante de Glinda e Dorothy, deixando apenas seu chapéu e um frasco de elixir verde que herdou da mãe.
Dorothy, com sua missão cumprida, descobre que pode retornar para seu mundo obedecendo a simples ritual: bater três vezes os calcanhares enquanto repete a frase “não há lugar melhor do que a nossa casa”.
Por sua vez, o Espantalho, o Leão e o Homem de Lata descobrem que sempre possuíram a inteligência, a coragem e o coração que acreditavam lhes faltar, ficando também satisfeitos – e encerrando a saga original de O Mágico de Oz.
Em Wicked, porém, esse desfecho ganha um prólogo extremamente interessante. Enquanto o povo de Oz comemora a destruição da Bruxa Má do Oeste, Fiyero/Espantalho chega ao castelo de Kiamo Ko em busca de Elphaba, que emerge vivíssima de um alçapão, deixando claro que forjou a própria morte para se libertar da perseguição estatal.
Apaixonados, os dois partem rumo a uma nova vida longe de Oz, num inesperado (mas muito merecido) happy ending.
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