Icone Chippu

Alguém disse desconto? Com o Chippu você tem ofertas imperdíveis de streamings e Gift cards! Corre!

Aproveite as ofertas da Chippu Black!

Icone Conheça Chippu Ver ofertas
Icone Fechar
Filmes
Notícia

Viúva Rica Solteira Não Fica

Co-produção Brasil-Portugal não se sai mal

CN
12.04.2007, às 14H00.
Atualizada em 13.01.2017, ÀS 20H01

Por mais incrível que possa parecer para cinéfilos mais incautos, quando se fala em cinema português hoje em dia geralmente é sobre a boa qualidade dos seus filmes. O cinema lusitano foi tomando lugar de destaque no cenário mundial nas últimas duas décadas, principalmente por conta da confirmação do veterano e quase centenário Manoel de Oliveira como um dos principais e mais profícuos autores em atividade. Nesse ínterim surgiram nomes acima de qualquer suspeita, como o do falecido e anárquico João Cesar Monteiro e seu cinema que desmontava rigorosidades sociais, ou os "complexos" Teresa Villaverde e Pedro Costa - uma, com um cinema radical, na busca do âmago e das razões dos intrincados meandros dos desejos ocultos, que afloram como aberrações extirpadas quase a fórceps (literalmente, inclusive); outro, com um modo muito particular de fazer ficção, contando histórias documentais dos imigrantes caboverdianos exilados nas periferias de Portugal, e representados (ficcionalmente) por elementos não artistas da própria colônia.

De repente surge um filme de nome para lá de estranho, Viúva Rica Solteira Não Fica, com a brasileira Bianca Byington como o elemento de mais familiaridade para os que conhecem o cinema da terrinha, e dirigido por um diretor (José Fonseca e Costa) que não consta dos catálogos desses mesmos cinéfilos; cabendo ressaltar que não se trata de realizador iniciante, já que nasceu em 1933, e tem perto de vinte filmes em seu currículo.

Omelete Recomenda

1

None

http://www.omelete.com.br/imagens/cinema/artigos2/

None

http://www.omelete.com.br/imagens/cinema/artigos2/

None

Já de início uma surpresa: estamos diante de um filme de época. Quando se falava em obras portuguesas de qualquer origem até meandros dos 80, quase sempre imaginava-se trabalhos que remontavam aos tempos do país como grande potência colonizadora. Algo mudou com o surgimento de alguns escritores "modernos" - notadamente, o de José Saramago como um "avatar das letras" -, o despertar para o mundo de alguns artistas plásticos de renome e essa geração de novos cineastas com seus novos cinemas. Há uma corrente que defende que essa "modernização" no modo de se encarar a si mesmos, talvez tenha como pilastra mais notável - e absolutamente concreta - o momento da reconstrução e remodelação de Lisboa (investimento forte da Comunidade Econômica Européia); como se novos horizontes finalmente tivessem se apresentado como paisagem, em substituição à das edificações coloniais.

Voltando à história que se passa em fins do século 19, tudo começa com a volta a Portugal de uma jovem aristocrata que vivera no nordeste no Brasil. Ana Catarina (Bianca Byinghton) acaba de ver sua mão prometida contra a vontade, vítima daquele velho jogo de conveniências. De família muito rica, subitamente vê-se herdeira da fortuna com a morte do pai, paralelamente à do marido. Como numa peça teatral - pelo modo de construção da película, e mais ainda pelo modo como é construída a trama - sucessões de maridos vão passando pela cama e vida dela. Torna-se viúva repetidas vezes de modo inexplicável, a princípio, e caminha na história sempre amparada pela velha ama, Mariana (Cucha Carvalheiro), e por um velho abade (José Raposo). Logicamente, Ana passa por todos esses momentos de casamentos à espera do momento em que poderia dar uma chance ao desejo carnal verdadeiro: de nome Adriano (Ricardo Pereira), evidentemente bem mais jovem que os falecidos.

O veterano e desconhecido diretor até que não se sai mal. Até a falta de familiaridade com seu estilo de filmar acaba contribuindo. Algumas surpresas estéticas surgem na tela; um certo dinamismo também. O filme esbarra, porém, no perigo de sua duração alongada (135 min.), assim como na "cara" de teatro da história e no velho problema do enfoque de época sem muito dinheiro para adornar a produção. Mas tem um humor interessante, uma trama razoavelmente atraente - com um quê a mais que a tira da probabilidade de contar mesmices históricas sisudas -, e a nossa atriz patrícia, que consegue emprestar um certo ar de sensualidade que vai além das expectativas iniciais. Uma obra média, que não fará mal a quem resolver prestigiá-la. Mas também não enriquecerá quem optar por vê-la.

Cid Nader é editor do site cinequanon.art.br

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.