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Transylvania

Asia Argento se perde e se acha na cultura musical da Romênia

MH
31.05.2007, às 15H00.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 02H00

Exílios (2004), o filme anterior do diretor Tony Gatlif, mostra uma francesa de ascendência argelina voltando para o país da sua família e tentando se adaptar. Ela só consegue se sentir em casa no final, depois de uma dança, um transe, que lhe desperta a herança cultural. Argelino descendente de ciganos, Gatlif acredita na música como rito - algo que nos une e nos transforma.

O caso é que, no tour pelas atrações da Romênia em Transylvania (2006), Asia Argento vivencia o contrário.

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Italiana que fala inglês e mora na França, a personagem, Zingarina, chega grávida na terra do Conde, procurando o namorado músico. O sujeito havia deixado a França deportado, acredita ela. Quando se encontram, ele diz a Zingarina que não foi deportado coisa nenhuma, e sim fugiu da obsessão dela. A vertigem toma a moça - ao redor, conjuntos de violinos à la Kusturica, sapateados com palmas, italianos cantando na taberna, velhinhas desfilando no carnaval local...

Se a música é o que nos une em Exílios, em Transylvania ela divide. Cidadã do mundo, disposta a se entender com a Romênia quando corre atrás do namorado, Zingarina se vê perdida numa cultura ensurdecedora, uma cultura que a envolve mas não a assimila. É a cultura da música enquanto cartão postal - o Leste Europeu caricato que costumamos ver no cinema está ali, e Zingarina não passa de mais uma turista-espectadora dessa caricatura.

Transylvania começa, a partir desse choque, a testar caminhos de uma possível assimilação de Zingarina. Porque o fato é que a moça está enlouquecendo, escorando-se em muros como uma Adele H., e voltar para a França, o que seria lógico, é um raciocínio que não lhe passa pela cabeça. E sabemos que não passa pela sua cabeça, sem que precisemos de uma única palavra, porque aquela cara de doida só a filha de Dario Argento sabe fazer.

Gatlif tem música no sangue - e os sons do país são uma constante no filme - mas a homenagem que o diretor faz aqui é a outro ramo de sua herança, o ramo cigano. Por definição, o termo é sinônimo de nômade, de errante. E é essa porta que se abre para a redenção da personagem, a da vida cigana. Gatlif defende o povo de seus pais como símbolos de autenticidade e camaleonismo, por mais paradoxais que essas duas palavras possam soar, juntas. Para ele, a Romênia autêntica - e cosmopolita - é a dos ciganos.

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