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Novo Superman acerta ao se afastar da Fórmula Marvel e de Zack Snyder

James Gunn criou, em um mundo saturado de heróis, algo que genuinamente parece novo e pronto para voar

Omelete
5 min de leitura
TR
10.07.2025, às 13H33.
Novo Superman acerta ao se afastar da Fórmula Marvel e de Zack Snyder

James Gunn admitiu mais de uma vez que as pessoas estão cansadas de super-heróis, mas sempre deu uma justificativa clara para isso: “os produtores ficaram preguiçosos”. Segundo o cineasta, contar somente a mesma história não é o suficiente para atrair o público e isso fez com que o gênero se desgastasse. Ao mesmo tempo, Gunn pegou a missão de reapresentar o maior de todos os heróis, o Superman, com um filme que evita introduções, tutoriais ou explicações de quem é o alienígena de Krypton ou seus amigos. O que faz o longa ser realmente uma disrupção neste cinemão pipoca Marvel-DC é o simples fato dele negar toda e qualquer influência do legado cinematográfico destas duas marcas para criar um sopro de novidade em algo tão saturado.

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É claro que todo o estereótipo e padrões de histórias de aventura estão ali, assim como os moldes que fizeram o Superman ser o que ele é nos quadrinhos. A ousadia, por assim dizer, de Gunn está em se dar ao luxo de fazer uma bagunça criativa dentro da jornada do personagem, e povoá-la com um mundo de fantasias e criaturas que tornam tudo muito mais vivo. Talvez, entre 1980 e 1990, isso fosse algo comum (veja as continuações do Superman de Christopher Reeve, por exemplo), mas dentro dos padrões estabelecidos por Zack Snyder e Christopher Nolan na DC e por Kevin Feige da Marvel, pouco se viu neste tipo de iniciativa – o texto do meu parceiro Caio Coletti fala bem sobre isso. A questão é que o cinismo e a ideia de “tudo precisar fazer sentido” criou uma dependência quase matemática dos roteiros em alicerces realistas, o que por si só destrói boa parte da criatividade vinda de filmes com intuito puramente ficcionais.

James Gunn entende quem é e o que faz o Superman ser o que é. Mais importante: ele sabe que não importa a força, a agilidade na batalha ou o fato dele ser um deus para que suas histórias sejam boas. O que importa é a conexão com a audiência, algo que nem sempre precisa ser “realista”. Imperfeições e desejos, desde a Grécia Antiga, são métodos de aproximação entre deuses e mortais, e nem por isso tudo precisa ser resolvido em lutas homéricas. Gunn consegue manter a imagem celestial de Kal-El ao mesmo tempo que o torna admirável sem soar distante. Ele é colorido e infantil sem parecer inocente, forte e focado sem parecer pedante. O fato do herói querer fazer o bem, e nada mais, é piegas na medida ideal para a sociedade atual, completamente perdida entre feeds com xingamentos e deslikes, ansiosa por um reconhecimento que parte do questionamento de tudo e todos, sem importar o propósito.

Snyder, que liderou criativamente o tom da DC por quase uma década entre altos e baixos, tinha na assinatura uma ideia também cristalina sobre os personagens da editora. Deuses distantes e desconfiados dos humanos. Figuras quase inalcançáveis e que faziam um reflexo claro do momento onde a cultura de entretenimento estava: somos mesmo humanos merecedores de algo? Os heróis eram mais vilões, mais focados em punir do que salvar, e mesmo quando salvavam o faziam com considerações. O pesadelo de Batman vs. Superman era, no fim, o futuro que representava o que os humanos fizeram com a Terra, ainda que o agente tenha sido Darkseid. Não era surpreendente, por exemplo, que Coringa de Joaquin Phoenix se tornasse o grande símbolo dos fãs daquela época – revoltados quando algo lhes era negado – e que o de Jared Leto apareça como membro de um grupo de heróis prontos para salvar o dia no Snyder Cut. O papel de heróis e vilões, na mente de Snyder, sempre se confundiu não por desentendimento de narrativa, mas por um princípio de quem sempre enxergou a audiência e estes personagens como uma representação de uma geração, ou de uma comunidade, que enxerga humanidade como sinônimo de fraqueza.

Para a Marvel, a visão criativa sempre esteve mais atrelada ao consumo incessante de referências e conexões dentro de um universo compartilhado – o primeiro feito em larga escala nos cinemas e que se deteriorou quando foi para o streaming. O estúdio viu uma receita se desgastar pelo excesso e os resquícios de criatividade começaram a minguar quando, por decisões executivas, decidiu se tornar totalmente sobre volume e não qualidade. As conexões se perderam, as referências se esvaziaram e qualquer sinal de uma narrativa alinhada, que sempre foi a maior força da Marvel, desapareceu. No fundo, tanto Marvel quanto DC tinham objetivos conceituais semelhantes: eles queriam entregar sempre algo pronto e de fácil digestão. A audiência quer (ou queria) se sentir bem por entender o básico, por explicar easter eggs e, no fim do dia, por “ter uma visão própria”, quando na verdade era só mais um enlatado da indústria com diferentes embalagens.

James Gunn está longe de ser a revolução dos enlatados, mas se nega a replicar estes métodos. O cinismo dá lugar a um confronto a valores totalitaristas, a camada cinza se transforma em um painel claro de quem é vilão e herói, e mesmo a humanidade se torna a principal virtude de quem está no holofote. Quanto à fórmula, Superman está confortável em simplesmente se inspirar em clássicos como o original de 1978 ao invés de já começar um universo compartilhado cheio de decisões executivas. E se não desperta um (novo) início glorioso para o gênero de heróis nos cinemas, pelo menos o filme comprova que há espaço para visão novas em um meio que viveu de fazer fanservice, algo que pode até ter dado certo em um momento, mas envelheceu pior e muito mais rápido do que o esperado.

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