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Steve Jobs | Da Frigideira

Novo filme sobre o criador da Apple tem cheiro de Oscar

26.09.2015, às 11H55.

Não faz quatro anos que Steve Jobs morreu e estamos prestes a receber nos cinemas sua segunda cinebiografia póstuma. Jobs (2013), que tinha Ashton Kutcher no papel do sócio-fundador da Apple, teve pouca verba de produção e marketing, e acabou sendo pouco visto. Já Steve Jobs (2015) chega com pedigree de puro sangue desde o roteiro escrito por Aaron Sorkin (A Rede SocialNewsroom), baseado na biografia oficial escrita por Walter Isaacson, à direção de Danny Boyle (ganhador do Oscar por Quem Quer Ser um Milionário?).

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A assustadora semelhança física entre o Jobs dos anos 1970 e Ashton Kutcher pode parecer impossível de igualar. Mas Michael Fassbender surpreende ao assumir os óculos redondos e a gola rolê do Jobs que apresentou ao mundo o novo iMac. E ainda é melhor ator, trabalha com o texto do melhor roteirista da atualidade e tem um elenco melhor para contracenar: Seth Rogen como o co-fundador da Apple Steve “Woz” Wozniak, Kate Winslett como a diretora de Marketing Joanna Hoffman, Jeff Daniels como o ex-CEO John Sculley e Michael Stuhlbarg no papel do engenheiro de software Andy Hertzfeld.

Nenhum dos dois longas se aprofunda na trajetória de Jobs, desde que fundou a Apple na garagem de seus pais na Califórnia, porque isto seria um trabalho para uma série - ou para o livro de Isaacson, que ao longo de anos gravou entrevistas com o próprio Jobs e também várias pessoas que cruzaram suas vidas. Sabendo que resumir as mais de 600 páginas em duas horas e pouco seria impossível, Sorkin veio com a ideia de aglutinar frases e situações que aconteceram ao longo da vida de Jobs em três momentos chave da vida do protagonista: o lançamento do Macintosh, em 1984; o lançamento do NeXTcube, em 1990; e o primeiro iMac, , em 1998.

Não espere, portanto, veracidade nos fatos mostrados no livro, mas entenda a inteligência por trás da mudança, que permite recriar de forma quase ficcional situações que em algum momento aconteceram ou poderiam ter acontecido com aquelas pessoas. Junte ao ótimo e rápido texto de Sorkin o estilo rápido e gráfico de Danny Boyle e você tem algo capaz de aumentar a curiosidade ao redor de Jobs, arrancar sorrisinhos do canto da boca dos fanboys da Apple (e também de seus haters), e prender na cadeira do cinema quem não está nem aí para os iGadgets criados em Cupertino.

Enfim, um ótimo filme - com cara de Oscar - que não se preocupa em agradar este ou aquele lado da história, endeusar Jobs ou desmascará-lo (embora haja uma redenção no final). No livro, Isaacson fala muito sobre o campo de distorção da realidade em que Jobs vivia. O filme pode ser encarado desta forma. É uma versão distorcida de uma realidade que aconteceu e com o filtro de passa-baixo que o engenheiro Andy Hertzfeld disse ser necessário para conviver com Jobs e seus extremos.

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