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Stardust - O Mistério da Estrela (e do insucesso nos EUA)

Filme prova que é possivel adaptar Neil Gaiman para a tela grande sem quebrar o encanto

11.10.2007, às 15H00.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 13H03

"O público dos Estados Unidos não gosta de fantasia". Quem diz são os produtores da Paramount, que "espertamente" decidiram vender Stardust como um "Piratas do Caribe encontra Romeu e Julieta". Deu certo? Claro que não. O filme foi mal na temporada de verão e perdeu feio para Harry Potter e a Ordem da Fênix e O Ultimato Bourne.

Dá pena porque Stardust é um filme bacana. Mais do que magia (que virou sinônimo de Harry Potter), Stardust tem um encanto e uma ternura que fazem a gente torcer, sim, por um final feliz. É um filme para entrar e se deixar levar, acreditar que do outro lado do muro que cerca parte da cidadezinha de Muralha, em plena Inglaterra vitoriana, está o reino encantado de Stormhold, em que reis se deliciam com a morte dos filhos e bruxas perseguem estrelas para devorar seus corações.

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Do lado de cá a normalidade, o provincialismo e os sonhos que vão na cabeça de Tristan (Charlie Cox), apaixonado pela garota mais bonita da vila, Victoria (Sienna Miller). Para ela, o coitado promete trazer uma estrela cadente que parece cair a umas poucas milhas dali. E é nessa jornada que Tristan, o menino, vai dar lugar a Tristan, o homem e, mais tarde, descobrir finalmente o seu papel nessa história.

A estrela, que não é um pedaço de meteorito e sim uma criatura de aparência humana, Yvainne, é talvez o único problema do filme. No original criado por Neil Gaiman, Yvainne de repente se vê no meio da cratera, aturdida, machucada e zangada por não estar brilhando mais no céu. O que se vê na tela é Claire Danes totalmente loira, metida em um vestido prateado com botas de nobuck. Mesmo esquecendo o figurino, falta aquela química entre Tristan e Yvainne, talvez em parte porque ele parece tão jovem e ela mais envelhecida. Mesmo se tratando do universo de Gaiman, em que nada é convencional e muito menos superficial - mesmo personagens que aparecem e somem sem aviso - fica um pouco mais difícil entrar nesse estado de animação suspensa por duas horas.

Mas quem passar daí vai se divertir muito. Primeiro porque o elenco secundário é sensacional. Ruppert Everett (O Casamento do meu Melhor Amigo, Um Marido Ideal) aparece no máximo uns cinco minutos na tela e é tudo. A lista segue com Peter O’ Toole (o rei moribundo de Stormhold), o comediante David Walliams (de Little Britain, que aparece irreconhecível como um dos príncipes-fantasmas), Julian Rhind-Thut (o Dr Mac da série Green Wing, outro príncipe morto) até chegar a Ricky Gervais (o homem mais engraçado do mundo, segundo Madonna), que tem um status de semi-deus aqui no Reino Unido depois do sucesso de The Office e Extras.

Mas os personagens de quem todo mundo vai sair mesmo com vontade de quero mais ficaram para dois astros de Hollywood. Como o pirata Capitão Shakespeare, qualquer ator ganharia no máximo uns dois minutos na tela. Mas como estamos falando de Robert DeNiro, o pirata é um dos elementos principais para entender como Tristan deixa para trás o desajeitado ajudante da vendinha para virar príncipe. E sem entregar tudo, a cena de can-can em que piratas enfrentam os homens do príncipe Septimus, enquanto ele se digladia com DeNiro é uma glória que só o cinema pode materializar...

E tem Michelle Pfeiffer. De bruxa. Malvada. Linda e horrorosa ao mesmo tempo, com um timing para comédia que dá gosto e que vai assustar quem levar criança pequena para ver o filme. Mas quer saber? As meninas espertas vão deixar o cinema pensando "queria ser igualzinha a ela!"

Eu, por minha vez, continuo achando que o original é melhor. Mas se o próprio Gaiman jura que tem orgulho do filme, quem sou eu para discutir?

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