SET, documentário mexicano de Adriana Camacho, começa como uma grande homenagem àquelas letrinhas que fazem muita gente sair do cinema e pouquíssimas vezes são respeitadas na TV aberta. Lembro-me bem do Matrix Reloaded, que tinha mais de 10 minutos de créditos antes da cena teaser do Matrix Revolutions.
Sim, fazer filmes não é uma tarefa só dos diretores e atores. Por trás de tudo aquilo há a real indústria do cinema. Aquela que começa a trabalhar muito antes dos atores e constrói os sets onde eles vão trabalhar por alguns dias.
SET
SET
O longa-metragem busca entender quem são e o que fazem os diretores de arte e decoradores, e acompanha construção e desmontagem (ou deveria dizer demolição?) de sets de novelas mexicanas, filmes e até comerciais.
Logo no início, a diretora vai andando por um set em montagem. Os trabalhadores não escondem a falta de intimidade com a câmera, olhando diretamente para ela com uma mistura de estranheza e timidez. As imagens dessas andanças por enormes galpões ou dentro dos cenários já montados são sempre com uma câmera na mão, o que causa o "efeito Bruxa de Blair". Mais interessantes são as imagens que mostram a montagem de grandes sets a partir de um tripé fixo.
Se consegue bons depoimentos de diretores de produção de filmes como Un Mundo Maravilloso, Sleep Dealer e O Labirinto de Fauno, Adriana peca pela falta de cuidado com as imagens que consegue e com o som das entrevistas. Uma grande pena.
Ah, sim, sobre o que faz um diretor de arte, a resposta resumida é: recria a realidade - ou cria uma nova, no caso das ficções científicas - , bola espaços e objetos que refletem os personagens. É esta busca do real o que diferencia o cinema e TV do teatro, que joga mais com a imaginação.
A forma amadora como tudo se desenrola no documentário o deixa com cara de trabalho universitário. Mas, por outro lado, deve ser justamente este o público mais interessado no filme, os estudantes de cinema.