Em 1994, o Sindicato de Atores de Hollywood começou a realizar uma cerimônia para premiar os melhores atores e elencos do cinema e da TV. Neste ano, a festa do SAG Awards completa seu 20º aniversário e, na comemoração, o Omelete entrevistou Daryl Anderson, um dos membros fundadores do Screen Actors Guild, que explica como funciona o processo de seleção dos indicados e a votação dos vencedores.
"Não é que os atores não gostem dos filmes, eles simplesmente não conseguiram assisti-lo", diz Anderson
No SAG, os atores de Hollywood escolhem os melhores dentre seus colegas de profissão. Assim como no Oscar, as produções lançadas entre janeiro e dezembro são elegíveis para votação. No entanto, filmes lançados antes ou depois dessas datas também podem entrar na competição - contanto que sejam feitas exibições especiais para os membros votantes. Anderson infere a falta de O Lobo de Wall Street na premiação de 2014 porque a estreia nos cinemas aconteceu no Natal, depois que as votações foram encerradas: "Apenas umas centenas de pessoas assistiram ao filme [antes da estreia] e muitas delas já haviam até enviado seus votos. Foi a mesma coisa que aconteceu com Avatar em 2010. Não é que os atores não gostem dos filmes, eles simplesmente não conseguiram assisti-lo".
Anderson explica também como era realizada a contabilização de votos antes da Internet: "A cédula final era enviada a todos os membros da associação. Para a indicação, quando começamos a realizar a premiação [em 1994], queríamos ser o mais abrangente possível. No entanto, não conseguiríamos pagar por dois envios de correio [para cada membro], e naquela época não existia o voto online, tudo era feito com papel. Foi aí que decidimos que usaríamos uma amostragem aleatória. Essa técnica funciona assim: se você tem um balde cheio de jujubas e algumas são vermelhas e outras são verdes, a única forma de realmente saber quantas têm de cada cor é virar o balde e contá-las. Mas se você enfiar a mão e tirar um punhado a contagem desse tanto de jujubas será o suficiente para chegar próximo da resposta real".
"A primeira coisa que fizemos foi conversar com um perito em estatística e perguntar quantas amostras precisamos para conseguir um resultado real dentre 120 mil. A resposta que ele nos deu foi que se a contagem fosse realmente aleatória, precisaríamos de apenas 400 amostras. [...] Nós poderíamos arcar com mais do que isso, então passamos a focar em quantas [cartas com cédulas] conseguiríamos enviar. O número final ficou em 2.100 para cinema e mais 2.100 para TV. Foi um comprometimento entre democracia pura com uma vantagem econômica", completa.
"Sempre tem algumas pessoas que acabam se atrasando e perdem o prazo da votação"
Hoje em dia, com o uso da Internet, a votação ficou muito mais fácil não só para os votantes como também para os responsáveis pela contabilização - mesmo com a união do SAG com a AFTRA, antiga federação de artistas de rádio e TV, que aumentou consideravelmente o número de membros do sindicato. "Sempre tem algumas pessoas que acabam se atrasando e perdem o prazo da votação", diz Anderson, que estima mais 120 mil votos na fase final da premiação.
Quando questionado sobre a inserção do novo formato de série introduzido pela Netflix, Anderson acha "seguro dizer que veremos cada vez mais delas em premiações". Comparando-as com as séries de TV paga e de horário nobre tradicional, ele diz que elas têm inúmeras vantagens se comparadas com os programas de TV aberta: "Não existem limitações, existe uma liberdade artística muito maior".
Para finalizar, perguntamos a Anderson quais são os requisitos para se juntar ao sindicato: conseguir um trabalho. "É bem difícil se introduzir no mercado, mas sempre que alguém consegue, essa pessoa se torna um membro."
Acompanhe a nossa cobertura do SAG Awards 2014 ao vivo! A premiação acontece em 18 de janeiro e será transmitida simultanemante no Brasil pela TNT às 23h.
