Ruptura - Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Um típico filme de hip hop para a geração gangsta-MTV - a diferença é que é suíço
Ruptura (Breakout, 2007), terceiro filme do suíço Mike Eschmann, parte de uma realidade interessante - basicamente, o fato de a Suíça também ter problemas como qualquer país - para chegar num resultado às raias do detestável.
ruptura
ruptura
A realidade é a vida de descendentes de italianos no subúrbio da rica Zurique, juventude transviada como em muitas metrópoles de comsumismo desenfreado no resto do mundo. Amante de hip hop, Nia (Nils Althaus) lidera um grupo que adora ver clipes de rap, transar na balada, roubar carros e posar de gangsta. A única regra que vale para Nia é a honra dentro de seu grupo, no melhor estilo todos por um.
Certa noite estoura uma briga contra a gangue rival. A polícia chega, todos correm, mas Nia fica para socorrer o seu melhor amigo, bastante machucado. Nia vai preso, e de dentro do centro de recuperação de jovens fica sabendo que o amigo terminou aleijado. Quando sair, Nia promete vingar a sua gangue - o problema é que, para sair, a polícia ordena que ele entregue o nome de todos que estavam envolvidos na contenda.
O diretor Eschmann traça uma história bandida de redenção, no melhor estilo MTV, com dança de break na contraluz e tudo mais, basicamente para contar como Nia é um incompreendido que coloca seus amigos acima de todas as coisas. O problema do filme (além do visual impessoal de videoclipe enlatado, mas isso é questão de gosto) é o caminho que o diretor faz para chegar à moral da história.
O fato de Eschmann glamourizar a bandidagem não é o pior. Ruim mesmo é a clicheria mais despudorada que mistura romance com musical e filme-de-cadeia. Na hora em que Nia e a advogada gostosa se apaixonam dentro do presídio, não há como não se espantar com a falta de noção do filme. Tem até a cena em que os policiais conduzem Nia em flagrante mas dão aquela paradinha para o preso se despedir da amada com um beijo...
Ruptura começa prometendo uma história de uma Suíça que desconhecemos, mas termina revelando-se mais uma versão americanizada dos velhos chavões de filme-direto-para-vídeo que muitos não suportam mais.