Filmes

Notícia

Resident Evil 3: A Extinção

Perto do frenesi epiléptico de RE3, Mad Max era um road-movie iraniano...

04.10.2007, às 17H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H29

Muitos e muitos dias atrás, saí com suspeita de perfuração no tímpano da sessão de Resident Evil 3: A Extinção (Resident Evil: Extinction, 2007), o que rendeu um Da Frigideira anestesiado, ranheta e metido a engraçadinho. Relembrando hoje, já recuperado do ataque, posso dizer: o filme é ruim, mas não tão ruim assim.

Não entendo até agora como o Deserto de Nevada não destruiu as maçãs do rosto de Milla Jovovich, mas digo, em perspectiva, que o roteiro do filme foi muito bem montado para aproveitar ao máximo todos os set pieces no menor tempo possível. Pula-se da cena dos cães-zumbis para a cena da revoada de corvos para a cena da invasão do complexo para a cena de luta telecinética em um piscar epiléptico de olhos.

resident evil

None

resident evil

None

Com menos pausas, menos tempos-mortos e mais elipses que condensam espaço e tempo (o filme não se dedica muito a mostrar as viagens do comboio; na comparação, Mad Max fica parecendo um road-movie iraniano), o espectador não precisa passar pelo árduo esforço de prestar atenção em RE3. O frenesi é tanto que basta deixar o filme passar. Porque o cinema se divide, basicamente, entre os filmes a que se assiste e os filmes que passam. Residente Evil 3 é um filme que passa.

O problema continua sendo a direção. Por mais que Jovovich, Ali Larter e mortos-vivos sejam interessantes independentemente de quem assine o filme, o trabalho de Russell Mulcahy (O Sombra, Highlander) é sofrível, sofrível. Quando o filme exige um olhar diferenciado, Mulcahy não sabe dar. Formado na indústria dos videoclipes, ele acredita que filmar uma cena de várias perspectivas diferentes não é só o melhor jeito de rodá-la, como também o único.

Um momento em especial denuncia a inépcia de Mulcahy: quando Alice, a personagem de Jovovich, se depara com o fosso de clones. No começo do filme, o diretor já havia nos mostrado esse fosso. Custava muito, na segunda aparição, deixar o fosso fora de enquadramento e fechar a câmera no rosto atônito de Alice? É a reação dela que importa nesta cena, mas Mulcahy deixa a oportunidade passar.

O diretor simplesmente desconhece o conceito de sugestão. E trabalhar a sugestão, particularmente explorar tudo aquilo que está no extracampo (objetos que interferem na cena mas que estão fora do campo de visão do espectador) é uma das chaves para fazer o público reagir a um filme de suspense. Do jeito que se apresenta, RE3 continua sendo só uma overdose sensorial que nos vence pelo cansaço.

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.