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Renaissance

Animação francesa usa alto contraste para contar história futurista

25.10.2007, às 16H00.
Atualizada em 15.11.2016, ÀS 04H07

Sin City adaptou a história em quadrinhos de Frank Miller para as telas, mas seus criadores permitiram-se algumas concessões visuais. O alto contraste marcadíssimo dos quadrinhos virou cinza contrastado, com algumas cores rebaixadas. O resultado é bem bonito, mas a HQ é mais.

Já a animação francesa Renaissance foi mais ousada nesse aspecto. Explora todo o potencial do preto e branco na telona, com um resultado belíssimo. O cinza é mínimo e restrito a transparências e elementos como nuvens, fumaça e plástico. É a solução gráfica da nona arte de Miller (plagiada? homenageada?), em movimento, de forma impactante. Cada seqüência é pensada para usar da melhor maneira possível o recurso. Ao mesmo tempo, o estilo dos traços é totalmente europeu, lembrando bastante histórias em quadrinhos como XIII, sucesso no mercado franco-belga. Não por acaso, Renaissance também é uma produção francesa.

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Toda a animação emprega a técnica de captura de movimentos - aquela em que o elenco atua com sensores presos ao corpo e tem seus gestos transpostos à animação - mas as feições estão mais para estilizadas do que realistas. Os movimentos são bastante fluidos e as vozes casam-se perfeitamente com seus personagens. Entre os dubladores estãoDaniel Craig, Jonathan Pryce, Ian Holm e Catherine McCormack.

Já o tema presta homenagem a Philip K. Dick e sua visão de um futuro em que as pessoas serão controladas a cada passo por sensores, como em Minority Report. Outros elementos das histórias do escritor, como drogas sintéticas, experiências genéticas e trajes high-tech de combate e infiltração também estão presentes.

O filme se passa na Paris do ano de 2053 (belíssimo cenário), quando um detetive incorruptível investiga o desaparecimento de uma jovem geneticista. Mas conforme suas buscas avançam, ele depara-se com uma conspiração empresarial, tornando-se o alvo de uma mega-corporação cheia de segredos e entranhada na política e sociedade. Nada de novo no gênero, portanto. A literatura cyberpunk está repleta de histórias assim.

Tecnicamente, um belo trabalho de estréia na direção de longas de Christian Volckman, famoso por seu curta MAAZ, de dez anos atrás. A história, porém, merecia um pouco mais de cuidado e inovação, equilibrando a balança. Outra recente produção a empregar técnicas de animação por performance capture, O Homem-Duplo, também (esta oficialmente) inspirada em K. Dick, é muito superior. Sobra estilo e falta roteiro a Renaissance.

Felizmente, o estilo é tanto que ele merece ser conferido.

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