Remakes do cinema que pouca gente sabe que são remakes
Filmes de sucesso cujas versões de origem não são tão conhecidas assim
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Revisitar sucessos do passado é prática comum no cinema através dos tempos.
Seja através de sequências tardias ou inesperadas, de reboots ou de remakes, apelar para a nostalgia é sempre uma forma de reacender a chama de um fandom que talvez estivesse adormecido. Algumas tentativas dão certo. Outras nem tanto.
Há, entretanto, ocasiões em que essa revisitação ocorre de forma tão discreta que quem assiste e aprecia determinado filme nem se dá conta de estar diante de algo não tão inédito na história do mainstream.
Vamos recordar alguns exemplos de remakes que quase se passaram por obras originais.
Duna
A saga de ficção científica que deu novo vigor ao gênero no cinema desta década é uma adaptação da série literária homônima, escrita nos anos 1960 por Frank Herbert.
Considerado o livro mais vendido de todos os tempos em seu segmento, Duna teria sido também uma das influências de George Lucas na concepção da franquia Star Wars.
O que poucos sabem, no entanto, é que o livro de Herbert já teve uma primeira versão cinematográfica em 1984, sob a batuta do renomado diretor David Lynch (Twin Peaks).
O elenco central contou com nomes de peso, como Kyle McLachlan (Twins Peaks), Jürgen Prochnow (O Código Da Vinci), Sean Young (Blade Runner) e Virginia Madsen (Número 23).
No entanto, à diferença da versão moderna, foi um retumbante fracasso de bilheteria, arrecadando praticamente o equivalente ao próprio orçamento.
As críticas tampouco foram favoráveis, o que terminou de enterrar, ao menos naquele momento, a possibilidade de outras adaptações da obra.
Esposa de Mentirinha (2011)
A hilária comédia estrelada por Adam Sandler e Jennifer Aniston é a regravação moderna de Flor de Cacto (1969), filme de Gene Sacks (Confissões de um Adolescente) – que, por sua vez, baseou-se na peça teatral homônima de I. A. L. Diamond.
Flor de Cacto traz a lendária Ingrid Bergman na pele da enfermeira Stephanie, que é convencida por seu chefe, o dentista Julian Winston (Walter Matthau) a fingir ser sua esposa diante de Toni (Goldie Hawn), uma amante para quem ele mentia ser casado.
O filme fez bastante sucesso e rendeu frutos significativos à carreira de Goldie Hawn, que foi premiada com o Oscar e o Globo de Ouro de Atriz Coadjuvante no ano seguinte.
A Casa de Cera (2005)
O terror slasher que rendeu a Paris Hilton o Framboesa de Ouro de Pior Atriz Coadjuvante não foi exatamente um sucesso de bilheteria a seu tempo, tampouco de crítica – embora tenha ganhdo, um certo reconhecimento tardio na década atual, após seu relançamento no streaming.
O mesmo não se pode dizer, entretanto, de suas versões prévias – nas quais A Casa de Cera de 2005 é apenas ligeiramente inspirado, contando praticamente uma história nova.
A primeira foi Os Crimes do Museu, lançado pelo diretor Michael Curtiz no distante ano de 1933, com base na mesma de mesmo nome, escrita por Charles Belden.
Tratava-se de uma história densa e misteriosa, que rendeu elogios dos especialistas em cinema e também gozou de excelente resposta do grande público.
Tamanho êxito fez com que um primeiro remake fosse produzido exatas duas décadas depois, agora sob o título Museu de Cera (1953).
O protagonista foi o lendário ator Vincent Price, um ícone da história dos filmes de terror – que inclusive foi homenageado na versão de 2005, no batismo do antagonista Vincent Sinclair (Brian Van Holt).
Sexta-Feira Muito Louca (2003)
A primeira parte da comédia Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda – atualmente em cartaz nos cinemas – é baseado no livro Freaky Friday, lançado em 1972 pela autora norte-americana Mary Rodgers.
Atraída pelo sucesso da obra literária, a Disney convocou a própria Rogers para roteirizar uma primeira adaptação para os cinemas.
Nascia então Se Eu Fosse a Minha Mãe (1976), filme que trouxe Barbara Harris e Jodie Foster nos papéis que décadas depois seriam revividos por Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan.
A história ganhou ainda uma terceira dramatização, também intitulada Sexta-Feira Muito Louca e produzida em 2018 para o canal Disney Channel, com Heidi Blickenstaff e Cozi Zuelhsdorff (Winter, o Golfinho) como a mãe e a filha que trocam de corpos.
Onze Homens e um Segredo (2001)
Estamos aqui diante de um dos raros casos de remake que supera o original em bilheteria e aclamação crítica.
O primeiro Onze Homens e um Segredo foi produzido em 1960 e trouxe ninguém menos que o cantor Frank Sinatra na pele do criminoso Danny Oncean, posteriormente reeditado por George Clooney.
O elenco, aliás, foi dos mais estrelados para a época, com nomes do calibre de Dean Martin (O Rei do Circo), Peter Lawford (De Caniço e Samburá), Shirley McLaine (Laços de Ternura) e Cesar Romero (Batman).
True Lies (1994)
Recordado até hoje como um dos melhores filmes de ação de Hollywood, True Lies teve sua base no filme francês La Totale!, rodado apenas três anos antes da versão dirigida por James Cameron.
Embora tenha feito bastante sucesso em seu país de origem, a versão original foi completamente opacada a nível internacional pelo sucesso do remake hollywoodiano – tanto que não está disponível de forma oficial em nenhum streaming brasileiro.
Perfume de Mulher (1992)
A base para este aclamado filme de Martin Brest foi o longa-metragem italiano homônimo, Profumo di Donna, rodado quase vinte anos antes, em 1974, pelo diretor Dino Risi. Este, por sua vez, inspirou seu roteiro no romance de Giovanni Arpino, Il Buo e Il Miele (em tradução livre, A Escuridão e o Mel).
A filmagem original trouxe o ícone do cinema local, Vittorio Gassman, na pele do cego e temperamental capitão Fausto Consolo – recriado como Frank Slade para Al Pacino, que ganhou o Oscar de Melhor Ator pelo papel.