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O dia em que eu sobrevivi ao Predador: uma visita ao set de Terras Selvagens

Do outro lado do mundo, subi a bordo da nave do Predador, investiguei conexões com Alien e voltei para contar a história

Omelete
12 min de leitura
GA
07.10.2025, às 07H00.
O dia em que eu sobrevivi ao Predador: uma visita ao set de Terras Selvagens

Créditos da imagem: Disney/Divulgação

O mundo do cinema se prepara para receber de volta um de seus monstros mais icônicos e letais. Predador: Terras Selvagens marca o retorno do alienígena caçador às telonas e, a convite da Disney, visitei o set de filmagens da produção na Nova Zelândia. Do outro lado do mundo, pude acompanhar gravações, entrevistar a equipe, investigar conexões com a franquia Alien, entrar na nave do Predador, ficar de frente com o próprio e sobreviver para contar a história.

Em agosto de 2024, fiz parte de um grupo de jornalistas que acompanhou um dia de gravações do sétimo filme solo do Predador. Na época, quase nada se sabia sobre o projeto, então quando chegamos aos estúdios na cidade de Auckland e demos de cara com uma sala decorada por artes conceituais, a sensação foi de confusão graças a uma mistura entre elementos clássicos – a criatura, florestas, lutas – e outros novinhos em folha. E isso foi proposital.

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Na sala, nosso grupo recebeu a visita do produtor Ben Rosenblatt, que celebrou o projeto como “algo que ninguém fez antes”. Uma declaração ousada que se provou verdadeira logo de cara: "estamos fazendo um filme em que o Predador é o herói, o protagonista”.

Rosenblatt explica que Terras Selvagens nasceu após o sucesso de O Predator: A Caçada (2022), o elogiado longa que trouxe a franquia de volta. Consciente de que parte do sucesso do longa se deve ao gosto de novidade que o ele trouxe, o diretor Dan Tratchenberg decidiu buscar ideias novas para seu próximo projeto, em vez de fazer A Caçada 2.

(Não se preocupe, fã de O Predador: A Caçada. Ben Rosenblatt ressaltou que a equipe não abandonou A Caçada. “Queremos desenvolver isso também”)

A busca por novidades levou o Tratchenberg e o roteirista Patrick Aison a criarem Dek, um jovem Predador da raça alienígena Yautja. Desprezado pelo próprio pai por não ser grande e forte como o irmão mais velho, que é um grande guerreiro, ele parte em uma jornada. As coisas não saem como o planejado e ele cai em Genna, planeta habitado por uma “fera imatável” chamada Kalisk, que ele decide matar para se provar perante o próprio clã.

Após apresentar o projeto, o produtor nos mostrou um vídeo de bastidores. Ao som de “Starman”, de David Bowie, a prévia mostrava o Predador correndo, lutando e fazendo acrobacias em gigantescas selvas e praias. As cenas foram gravadas na primeira etapa das filmagens, que aconteceu em florestas, cachoeiras, cânions e outras áreas reais da Nova Zelândia. “Ao pisar lá, você está em um mundo completamente diferente. Não se vê nada que te lembre do mundo moderno em que vivemos”, diz Ben Rosenblatt.

Ainda que o foco esteja na busca por uma história inédita na franquia, Predador: Terras Selvagens também vai honrar algumas das tradições dela. Uma das principais é não abandonar o horror e a sanguinolência. “Esperamos que o filme seja recomendado para maiores de 12 anos, mas que pareça para maiores”, explica o produtor. “Acho que seremos capazes de fazer incrivelmente assustadoras, mas [com sangue] em cores diferentes do vermelho.”

Uma forma de garantir fidelidade ao passado foi trazer para o time figuras ligadas à origem do Predador. É o caso de Alec Gillis, renomado designer de criaturas que trabalhou em vários filmes da franquia - incluindo o original, de 1987. Uma experiência vasta que foi desafiada pelo conceito inovador de ter o monstro como protagonista, que obrigou a equipe a torná-lo relacionável e carismático, sem que deixasse de ser durão e assustador.

Além disso, o posto de protagonista automaticamente exige que o novo Predador seja mais expressivo. Condição que não deixou Gillis satisfeito com os testes iniciais para o rosto do personagem, criado com a velha combinação entre maquiagem e próteses animatrônicas. A saída encontrada foi adentrar o mundo digital com a Weta Digital, titã nos efeitos digitais graças a franquias como O Senhor dos Anéis, Avatar e mais, para garantir que a atuação seja incorporada à fisionomia alienígena do Predador. Algo que a empresa já havia realizado com maestria nos filmes mais recentes de O Planeta dos Macacos.

(O resultado desse trabalho já pode ser julgado parcialmente por você, caro leitor, nos trailers oficiais de Predador: Terras Selvagens)

Alec Gillis não veio nos visitar sozinho. Para apresentar um amigo, ele precisou revelar que quando a nave cai em Genna, Dek perde boa parte dos icônicos equipamentos e armas comuns aos Predadores. Ele então precisa dar o famoso “jeitinho Yautja” e improvisar com o que tem a mão, que no caso é a fauna e a flora desse planeta estranho.

Uma das improvisações é o “Esguicho” (Squirt, no idioma original), uma criatura alienígena que se parece com uma cobra de duas caudas, com rosto de morcego e pele preta com detalhes vermelhos. Segundo o designer, o bicho cospe duas substâncias que quando combinadas se tornam explosivas, como uma versão fantástica do Besouro-bombardeiro. Um talento que o nosso Predador usa para substituir o famoso canhão de ombro.

Enquanto apresentava o Esguicho, Gillis passou aos jornalistas uma versão física do monstrinho. Um momento que vou sempre me lembrar tanto por ter sido meu primeiro contato com um adereço usado no cinema quanto porque um dos olhos do bicho saiu na minha mão. Felizmente, consegui encaixar de volta e a criatura ficou pronta para outra.

Elle Fanning e as ligações de Predador: Terras Selvagens com a franquia Alien

Acontece que Dek não é o único a cair em Genna. No planeta, ele se depara com uma andróide sintética da Weyland-Yutani chamada Thia. Interpretada por Elle Fanning (Malévola), ela acaba cortada ao meio, o que a prende no planeta. Porém, como sabe a localização do Kalisk, ela firma um acordo com o Predador, que em troca promete ajudá-la a recuperar as pernas.

Como a Weyland-Yutani é a avançada corporação da franquia Alien, Ben Rosenblatt correu para acalmar os ânimos: “não é um filme de Alien versus Predador, então não haverá um xenomorfo. Digo isso caso alguém esteja tendo sentimentos. Esperamos [poder fazer] um dia. Mas isso somos nós indo aos poucos. Os mundos coexistem, é só questão de aproximá-los um pouco.”

Por outro lado, Terras Selvagens se passa no futuro de tudo o que já foi mostrado em ambas as franquias, o que permitiu à produção brincar com o nível de tecnologia disponível a seus personagens. Um dos principais exemplos nós pudemos ver pessoalmente: a entrada de uma nave da Weyland-Yutani. Era um cenário gigantesco cujo visual parecia estranhamente familiar, e não por acaso.

“Ainda estamos trazendo algumas tecnologias dos anos 1980, com veículos a combustível, volantes, botões, todo o tipo de memórias de apetrechos de uma boa ficção científica dos oitentistas para nerds como eu”, explicou o designer de produção Ra Vincent. “Estamos nos mantendo fiéis aos visuais originais”.

Infelizmente, não há muito a dizer sobre o cenário, que, honestamente, não era palco de muita ação naquele dia. As atenções estavam em um outro veículo espacial.

Suave na nave

Durante a visita, nosso grupo pôde acompanhar a gravação de uma cena. Ela mostra Tessa, uma outra andróide sintética interpretada por Elle Fanning, entrando na nave que pertence ao Predador. Ela investiga o veículo, avariado por causa da queda, enquanto se aproxima da câmera. Enquanto anda, ela vê as armas do caçador e abre um sorriso sinistro até chegar a uma mesa com um crânio.

Tão rápido que pode ser descrito em poucas linhas, o momento foi regravado várias vezes. Em cada uma delas, Elle executava os movimentos de forma diferente, variando inclusive a expressão facial entre surpresa e malícia. Um detalhe curioso é que o veículo avariado estava cheio de terra, então a cada take era preciso jogar mais do pó no cenário para manter sua sujeira intocada.

Após as filmagens, nós fomos levados para dentro do veículo. A entrada acontecia em grupos de três, porque a construção era inclinada para simular a queda e não suportava muito peso - uma fragilidade que não era perceptível aos olhos. O cenário tinha toda a imponência macabra esperada da nave do Predador.

O lugar é a mistura perfeita entre a ficção científica, com paredes de metal, luzes de controle piscantes e entalhado com runas – do idioma Yautja criado especialmente para o filme –, com uma cultura guerreira bruta, ilustrada pela enorme parede de crânios guardados como troféus, incluindo um enorme similar ao do tiranossauro rex. Como fã da franquia, não consegui conter os arrepios ao caminhar por aquele curto espaço e a tristeza de ter que deixar o local minutos depois. Sorte da Elle Fanning, que pôde passar longos minutos andando por ali.

Um arsenal de outro mundo

Outra parada na nossa visita foi o setor de adereços do filme. Lá, o mestre de adereços Matt Cornelius nos mostrou as armas utilizadas pelos personagens de Predador: Terras Selvagens.

Primeiro, pudemos conhecer os armamentos clássicos dos Yautjas, que são armas tradicionais dobráveis, para serem portáteis, com lasers em suas extremidades. Entre os destaques estavam espadas, punhais, granadas, e até escudos com pequenas faixas LED nas pontas para marcar o brilho que será realçado pelos efeitos especiais.

Logo de cara percebi que as armas eram grandes demais, e há uma razão para isso. Como Dek é pequeno para os padrões da própria família, os armamentos de sua raça são maiores e menos confortáveis para ele. Um problema que piora porque, como dito acima, ao cair no planeta estranho, ele acaba perdendo boa parte dos armamentos e precisa se virar com o que tem ao alcance.

Além do Esguicho, fomos apresentados a algumas das gambiarras do Predador. Entre elas, há uma lâmina portátil que ele faz com o bico de uma criatura chamada de “Vulture” (abutre, em tradução livre), que se parece com um pterodáctilo e um chicote feito com uma combinação de ossos e plantas.

Por fim, também vimos as armas dos andróides sintéticos da Weyland-Utani. O conceito por trás delas é que foram armamentos modulares, cujas peças vão se somando até um revolver simples virar um trabuco portentoso.

Um detalhe interessante é que todos os itens dos Yautjas têm runas gravadas. Segundo Cornelius, os símbolos são o brasão da família de Dek e pequenas instruções de como usar cada armamento. “Todas as runas podem ser decodificadas”, garante. E podem mesmo, afinal uma língua oficial para os alienígenas foi desenvolvida por Britton Watkins, especialista em línguas fictícias.

As runas também aparecem nos figurinos dos Predadores. “Isso lembra muito o mundo das armaduras dos elfos”, disse a designer de figurinos Ngila Dickson em referência a O Senhor dos Anéis, trilogia na qual trabalhou e pela qual venceu um Oscar. “Tudo o que está nessa armadura realmente significa algo. Por favor, não me pergunte o que”.

No escritório de Dickson pudemos ver não só os figurinos dos próprios caçadores, mas também os de Thia/Tessa e de funcinonários da Weiland-Utani. Porém, o que mais chamou a atenção foi o do pai do nosso protagonista, cuja prova nós vimos ao vivo. Em um trailer, um dublê muito alto vestiu um traje que representa esse guerreiro, mais velho e experiente, para testar se as juntas do traje funcionam. Afinal de contas, o conforto é muito importante para garantir uma boa caçada.

O lado bom é que ver o “pai” testando a roupa também foi um bom teste para nós. Afinal de contas, mais tarde a gente ficou cara a cara com o Predador.

Hora de encarar o Predador

O incumbido com a tarefa de interpretar o primeiro Predador protagonista na história da franquia foi o jovem Dimitrius Schuster-Koloamatangi. Ele chega na sala em que os jornalistas estão reunidos com o traje de Predador, que tem um buraco na área do rosto onde é possível ver tanto as lentes de contato utilizadas para dar um ar alienígena, quanto o enorme sorriso que ele trazia no rosto.

Schuster-Koloamatangi conta que fez o teste sem saber para qual projeto estava se candidatando, e que ao descobrir se sentiu desafiado a interpretar um personagem não humano. “É tão diferente. Realmente gostei do processo de aprender como alcançar o personagem e me tornar algo totalmente diferente de quem eu sou, o que é legal. Em todos os outros personagens que interpretei, eu ficava ‘ah sim, somos parecidos nesse sentido’. Eu até posso pegar coisas da minha vida real e usar aqui, mas tipo... Eu não sou um matador, pessoal [risos].”

Para encontrar um norte, ele se voltou ao passado da franquia: “Acho que a principal inspiração foi a aura que vem dos movimentos, de sua imposição física. Quando você o vê em tela, é preciso sentir que é um Predador. Você precisa se sentir no limite, então para todos esses maneirismos e detalhes, eu assistia como os Predadores faziam nos filmes. Eu ficava ‘ah sim, essa parte me deu arrepios, então preciso incorporar isso’”.

Outro ponto importante para Dimitrius Schuster-Koloamatangi foi a firme parceria com Elle Fanning, intérprete de Thia e Tessa:

“Ela é uma atriz espetacular. Aprendi muito com ela só de poder trabalhar junto. Ela é muito intencional, tudo precisa significar algo. Elle estava sempre questionando tudo no roteiro, fazendo perguntas constantes como ‘por que ela está fazendo isso? Por que estamos assim?’, cada palavra precisava significar algo. No começo eu fiquei um pouco ‘qual é a sua? Vamos só gravar a cena’. Mas com o tempo, isso aprimorou o roteiro. Tudo tinha que ser genuíno”, relembrou. “Isso me abriu os olhos e foi bom poder absorver isso”.

Posso dizer que não imaginava que ficar cara a cara com o Predador pudesse ser tão divertido. Não sei se foi o enorme carisma do ator ou se foi o fato de ter passado a conversa toda com o traje – que levava 45 minutos para ser colocado diariamente –, mas essa foi facilmente uma das entrevistas mais divertidas que já fiz. O clima não ficou tenso nem quando ele fechou a cara para dizer algumas palavras na língua Yautja, falada pelo personagem em toda a produção. Um amor de Predador.

Onde o Predador chora e o pai não vê

A última parada antes de irmos embora foi um papo com Jacob Tomuri, coordenador de dublês conhecido por ser o dublê do ator Tom Hardy em filmes de Mad Max, Venom e mais. Assim como os responsáveis pelo projeto, ele conta que quis “fazer algo que vocês nunca viram”. O curioso é que ao receber o roteiro, ele próprio acabou surpreendido por ideias malucas que ele nunca havia imaginado. Uma delas foi descrita em detalhes, mas traz um nível de spoiler que pode estragar a experiência do caro leitor, então vamos nos limitar a dizer que tem a ver com Thia e suas pernas.

O que eu posso contar tranquilamente, é que vimos um vídeo com a coreografia de uma luta entre Dek e seu irmão mais velho. Filmada por dois dublês cercados por caixas que simulam uma caverna, a luta é ágil e brutal e dá um gostinho da pressão que o protagonista passa, ao dizer frustrado que está “lutando como o pai” e ouvir de volta que deveria lutar como ele próprio.

Segundo Tomuri, a equipe de dublês estudou filmes antigos do Predador e se esforçou para se manter fiel ao estilo do monstro enquanto incorporavam as novas possibilidades trazidas pela situação atual de Dek. Uma situação que deu muito trabalho a Dimitrius Schuster-Koloamatangi: “Eu já trabalhei muito como criatura e sei o quanto isso exige fisicamente. Até mesmo usar um traje com prótese por um dia pode ser cansativo. Tenho muita sorte que tivemos Dimitrius, porque ele se esforçou tanto em alguns dias que eu achei que ele iria desmaiar em algum momento. Mas ele é incrível, lidou muito bem.”

Após a conversa, nós deixamos o Auckland Film Studios e a sensação foi a de voltar para a Terra após caminhar por esse planeta estranho habitado por andróides, monstros e estrelas de cinema e voltar com histórias para contar. Acontece que as revelações sobre Predador: Terras Selvagens foram tantas que não couberam em um único, então fique ligado no Omelete para mais novidades e uma entrevista com o diretor Dan Trachtenberg direto das gravações.

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