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Perro Come Perro - Mostra SP 2008

Só complexo de vira-lata explica como a Colômbia escolheu esse filme para lhe representar no Oscar

MH
24.10.2008, às 00H00.
Atualizada em 09.01.2017, ÀS 10H04

No Brasil, um filme que ninguém viu pode ser escolhido para representar o país no exterior. Uma barbaridade, eu sei. Mas ainda assim estamos melhores que a Colômbia, que escolheu Perro Come Perro (2008), do diretor estreante Carlos Moreno, para ser seu postulante a melhor filme estrangeiro no Oscar 2009.

Só mesmo um complexo de vira-lata tipicamente latino-americano para explicar como os colombianos viram no filme um retrato da sua gente digno de ser levado para o resto do mundo.

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Na trama, Victor (Marlon Moreno), um bandido contratado para reaver um saco de dólares para um chefão de Cáli, decide que o melhor a fazer é ficar com o dinheiro para si mesmo. Ele não conta para ninguém, claro, e passa o resto do filme tentando enganar seus superiores e fugir com o saco. Não dá pra confiar em ninguém. Cão come cão, diz o título.

A metáfora dos cachorros não se limita ao nome. Cães estão por todos os lados em Cáli, lutando por sacos de lixo, lambendo poças de sangue. Não prestam os animais de Perro Come Perro, onde peixes comem peixes, lacraias e urubus espreitam. Aliás, ninguém presta. O recepcionista do hotel é um escroto, a morena é oferecida, a macumbeira é cruel, o chefão idem, o matador é um traíra, o bandido-motorista é racista - e não escova os dentes. Cáli não presta. A todo instante alguém pode morrer no meio da praça.

Alejandro González Iñárritu é o maior otimista do mundo se comparado a Carlos Moreno. Não custa perguntar de novo: é assim que os colombianos se enxergam? Porque sempre que Perro Come Perro pede uma imagem de cobertura, o diretor escolhe o mal-estar a dedo: filma alagamento, gente cuspindo, fecha o quadro nas gostosas de página dupla no jornal. O longa-metragem trabalha com uma associação simples: se os personagens não prestam, então nada disso que está sendo mostrado presta também.

Seria só uma opção moral duvidosa se Perro Come Perro não fosse tão mal construído, com gente tomando tiro e reaparecendo de pé, com personagem mandando procurar suspeito que já se conhece, com simbolismos insultantes de óbvios (a tatuagem "LOVE" no braço de Victor só pode ser piada). Ficar reclamando desses buracos de roteiro chega a ser perda de tempo. A solução é rir - rir das caretas do chefão, daquela facada no parque, do zumbido-padrão das moscas terceiro-mundistas.

Seria engraçado, se não fosse trágico. Porque além de ser escolhido para o Oscar, Perro Come Perro levou quatro Kikitos no último Festival de Gramado, incluindo o prêmio da crítica. O pessoal deve ter se deixado levar pelo espírito auto-depreciativo do filme.

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