Filmes

Artigo

Pecadores mostra que nada vai salvar o cinema – a não ser a própria arte

Novo filme de Ryan Coogler teve a menor queda de bilheteria da história, depois de Avatar em 2009, e é uma história 100% original

Omelete
4 min de leitura
28.04.2025, às 17H29.

O sucesso de Pecadores é inesperado. Não pela competência dos nomes envolvidos, mas pela magnitude de sua repercussão, tendo em vista que estamos tratando uma história original e uma mistura completa de gêneros e referências que, normalmente, não entrariam nas apostas de surpresas do ano. Pois não só entrou, como angariou números de bilheteria semelhantes a um dos maiores filmes de todos os tempos, Avatar - leia mais sobre isso aqui. O que explica então o fenômeno de Pecadores, o suspense de terror musical com vampiros criado por Ryan Coogler?

Nos últimos anos, virou comum usar o “tamanho” do filme para ir ao cinema. Se ele é de ação, tem grandes cenas, escala magnânima e faz uso do impacto sonoro e visual de uma grande sala, você provavelmente já ouviu alguém dizer que “esse filme vale ver no cinema”. Muito disso acontece devido a popularidade do streaming, aliado aos preços altos de ingressos, ou mesmo por uma simples e natural mudança de comportamento do público, que tem uma avalanche de opções de entretenimento literalmente na palma da mão. Pecadores não chega a ignorar essas características, afinal, tem no som estrondoso da trilha comandada por Ludwig Göransson e na escala das câmeras IMAX alguns de seus grandes triunfos, mas ele está a léguas de distância de blockbusters como Missão: Impossível, Jurassic World ou próprio Avatar,  quanto mais qualquer filme de herói.

Neste aspecto, ele está muito mais próximo de filmes independentes como Noites Brutais, Corra! e Parasita – produções menores, de poucos cenários, com efeitos e elenco reduzidos. A conexão entre eles está também no ineditismo, no frescor de um mundo ou história nova que é apresentado pela primeira vez à audiência. Cada vez mais acostumada a true crimes, universos compartilhados e intermináveis sequências, remakes e derivados, parece que Pecadores mostra um apetite pelo novo no cinema. A escala, gigantesca ou não, vem depois do frescor. O fato do filme se passar quase inteiramente dentro de um ambiente e usar a segregação no sul dos EUA dos anos 1930 com a fantasia de vampiros para explorar os temas de racismo e apagamento cultural faz de Pecadores um combo raro em Hollywood; ele une temas universais, uma leitura moderna de gêneros e o faz com o apuro técnico necessário para tirar a audiência de casa.

Pecadores é um filme para se ver no cinema, não só porque é barulhento e cheio de efeitos visuais. Pecadores precisa ser visto no cinema, pois é uma história que merece a melhor experiência possível para ser consumida, e não há, nem nunca existirá um lugar melhor que o cinema para isso. Seja o filme uma animação, uma comédia, um musical, um novo filme da Marvel, da DC, o filme do Scorsese ou do Tarantino. O streaming, a televisão em si, sempre terá seu valor, e muito da popularidade deles vem de uma exploração de novas histórias nesta mídia. Breaking Bad, Succession, Stranger Things, White Lotus, Yellowstone são êxitos de audiência, mas principalmente êxitos criativos que ganharam espaço quando o cinema virou esse lugar onde “só” valia a experiência de grande escala.

Não existe uma resposta simples para “salvar” o cinema, mas ele prova aos poucos e todos os dias que não é sobre salvar o formato, mas o estado criativo da indústria de massa. Sean Baker, vencedor do Oscar por Anora esse ano, disse na cerimônia que o cinema independente é o combustível para o mercado; que mesmo que muitos deles não sejam produtos de lucro absurdo, são eles que moldam as futuras estrelas e, principalmente, uma nova audiência. Essa é a mais pura verdade e o sucesso de Pecadores prova isso também. O cinema é um lugar para histórias novas e velhas, pequenas e grandes, mas antes de tudo um local para vivê-las em sua plenitude. Em um mundo onde a atenção virou a mais importante moeda e a ansiedade ataca todas gerações, ficar isolado numa sala de cinema pode ser literalmente uma fuga do bombardeio digital atual; e curiosamente, pode ser cinema que salve as pessoas de um mundo cada vez mais superficial e barulhento.

Comentários ()

Os comentários são moderados e caso viole nossos Termos e Condições de uso, o comentário será excluído. A persistência na violação acarretará em um banimento da sua conta.

Login

Criar conta

O campo Nome Completo é obrigatório

O campo CPF é obrigatório

O campo E-mail é obrigatório

As senhas devem ser iguais

As senhas devem ser iguais

As senhas devem ser iguais

O campo Senha é obrigatório

  • Possuir no mínimo de 8 caracteres

  • Possuir ao menos uma letra maiúscula

  • Possuir ao menos uma letra minúscula

  • Possuir ao menos um número

  • Possuir ao menos um caractere especial (ex: @, #, $)

As senhas devem ser iguais

Meus dados

O campo Nome Completo é obrigatório

O campo CPF é obrigatório

O campo E-mail é obrigatório

As senhas devem ser iguais

As senhas devem ser iguais

As senhas devem ser iguais

Redefinir senha

Crie uma nova senha

O campo Senha é obrigatório

  • Possuir no mínimo de 8 caracteres

  • Possuir ao menos uma letra maiúscula

  • Possuir ao menos uma letra minúscula

  • Possuir ao menos um número

  • Possuir ao menos um caractere especial (ex: @, #, $)

As senhas devem ser iguais

Esqueci minha senha

Digite o e-mail associado à sua conta no Omelete e enviaremos um link para redefinir sua senha.

As senhas devem ser iguais

Confirme seu e-mail

Insira o código enviado para o e-mail cadastrado para verificar seu e-mail.

a

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.