Laureado com o prêmio de melhor roteiro original no último domingo, na cerimônia anual do Writers Guild (o Sindicato dos Roteiristas de Hollywood), o cult Corra! estava no auge de seu sucesso de crítica e de público nos EUA quando seu protagonista, o inglês Daniel Kaluuya começou a filmar Pantera Negra no papel de W’Kabi. Coube ao jovem astro britânico viver o treinador de feras e guerreiro respeitado que desfruta da amizade do rei T’Challa (Chadwick Boseman) e do amor da líder do esquadrão de mulheres combatentes Dora Milaje, Okoye (Danai Gurira). A estreia do primeiro blockbuster Marvel de 2018, nesta quinta-feira (15), coincide com mais um momento de glória de Kaluuya ligado ao terror dirigido por Jordan Peele: ele é um dos cinco indicados ao Oscar de Melhor Ator deste ano.
“Esses dois filmes têm algo em comum: eles põem uma concepção crítica do mundo ao lado do entretenimento. Esses filmes põe a cultura negra em relevo por nos fazer repensar formas de representação”, disse Kaluuya ao Omelete nos sets de filmagem comandados pelo diretor Ryan Coogler (de Creed – Nascido Para Lutar). “Ryan ouve, troca, refaz: o melhor dele é a energia de reflexão social envolvido em cada cena”.
Na trama de Pantera Negra, W’Kabi anseia por uma vingança que só o monarca de Wakanda poderá realizar, envolvendo a guerra para preservar o Vibranium – o metal mais poderoso das tramas da Marvel Studios. O pai do personagem de Kaluuya pereceu em decorrência das invasões de mercenários como Ulysses Klaue (Andy Serkis), um dos vilões da trama. Diante dos dilemas morais de T’Challa, W’Kabi põe a própria lealdade ao rei em xeque neste enredo, considerado um marco político na representação negra nas telas.
“Minha tarefa no filme é explorar as raízes da Natureza em uma terra tecnológica”, diz Kaluuya. “A relação de amizade entre W’Kabi e T’Challa reforça os dilemas do monarca de Wakanda, dividido entre as tarefas de rei e os dilemas de ser herói”.
Aos 28 anos, o ator, de descendência ugandense conversou conosco em Atlanta, nos bastidores das filmagens, que se concentraram nos estúdios da Screen Gems, uma subsidiária de grandes corporações cinematográficas, então a serviço da Disney. “Existe um clima de aventura forte aqui, mas, na essência, Pantera Negra é um filme sobre família”, diz o ator, fã do Hulk. “Gosto muito do Golias Verde, desde pequeno, mas também gostava muito dos desenhos animados do Homem-Aranha. No cinema, eu fui um dos muitos fãs da Marvel que se encantaram com o desempenho de Robert Downey Jr. no primeiro Homem de Ferro, há dez anos. À época, em 2008, quando soube que seria ele a viver Tony Stark, fiquei intrigado para saber como ele daria conta do herói. Mas ele deu... e muito bem. Por isso estamos aqui agora”.