Omelete Especial: Animação
Omelete Especial: Animação
Um panorama da animação de longas-metragem no ocidente.
Desde os anos 60, falar em longa metragem de animação era falar na Walt Disney Pictures.
Também,
não é pra menos. Walt Disney, realizou a primeira animação
sonorizada da história (Steamboat Willie, 1928) que tornou o camundongo
Mickey um ícone cultural conhecido em todo o mundo. Voltou a fazer
história em 1937 com Branca de Neve e os sete anões,
o primeiro desenho animado de longa-metragem do cinema. O filme valeu a Disney
um Oscar especial, entregue ao diretor pela atriz mirim Shirley Temple,
na premiação de 1938. Dois anos depois, uma das maiores pirações
já vistas no campo dos desenhos animados alcançaria as telas.
Com Fantasia (1940), misturando música clássica
e animação experimental, Disney mais uma vez deixava sua marca.
Com
esse background todo, não é de se estranhar que os Estúdios
Disney tenham acompanhado a história do cinema de animação,
em posição de destaque e supremacia absoluta, nos últimos
60 e poucos anos. Tanto que em 1991, A Bela e a Fera (Beauty
and the Beast, 1991), foi indicado ao Oscar de melhor filme.
Mas como todos os impérios da história da humanidade, de uma forma ou de outra, acabaram ruindo ou dando lugar a outros, a hegemonia da Disney também tem finalmente encontrado oponentes a altura.
Tentativa e erro
Nos últimos anos, o cinema tem observado inúmeras tentativas de se criar sucessos em animação tão estrondosos como os da Disney. Algumas totalmente diferenciadas e outras nem tanto assim.
O
stop motion, a antiga técnica de fotografar uma imagem, mexer
pequenos pedaços e fotografar novamente, teve ótimos resultados
misturada com computação gráfica. Os melhores exemplos
são O Estranho mundo de Jack (The nightmare before Christmas,
1993) escrito por Tim Burton, James e o pêssego gigante
(James and the giant Peach, 1996) e o recente Monkeybone
(2001), os três dirigidos por Henry Selick. Também merece
destaque A Fuga das Galinhas (Chicken Run, 2000), da Dreamworks
em parceria com Peter Lord e Nick Park, sócios do Aardman
Studios e conhecidos pelos Oscar de curta de animação que
ganharam nos últimos anos.
A
Fox também tentou, mas com resultados muito aquém do esperado.
Depois de Anastasia (1997), uma tentativa frustrada de copiar
a Disney, o estúdio lançou Titan A.E. (2000) com
altas expecativas de retorno. Novamente os investimentos não geraram
frutos, o que levou a Fox Animation a fechar as portas há um ano.
O estúdio estará de volta as animações em breve
com Ice Age (idade do gelo), em parceria com o Blue Sky Studios.
O filme será sobre um mamute e uma preguiça gigante que encontram
um bebê humano durante a era glacial. Como estamos falando de um filme
infantil, obviamente os dois animais falantes e seus amigos terão que
achar a família do bebê para devolvê-lo. Nada promisssor...
Aprendendo com os erros da Fox, alguns estúdios estão se destacando, fazendo animações fugindo do padrão Disney, e conseguindo com isso surpreender o público.
Primeiro,
a Dreamworks, o estúdio do qual são sócios Steven Spielberg, David
Geffen e Jeffrey Katzenberg estreou com O Príncipe do Egito
(Prince of Egypt, 1997) e FormiguinhaZ (Antz, 1998),
ambos de 1998. Em Caminho para Eldorado (Road to Eldorado,
2000) teve um pequeno tropeço mas, no mesmo ano, apresentou ao mundo
o maravilhoso A Fuga das Galinhas. Entretanto, o golpe que fez
a Disney repensar seus conceitos foi mesmo o recente Shrek (2001),
que conseguiu romper com todas as tradições da animação
e, de quebra, tirar um sarro disso.
O
sucesso do filme foi tão grande que está prevista uma continuação.
Sorte da Dreamworks, já que o seu próximo longa de animação
seria Spirit, a história do velho oeste americano pelos
olhos de um cavalo. Antes que você pergunte... não. O cavalo não
fala. O desafio do desenho é narrar uma história sem diálogos!
O grande receio é exatamente que o público não entenda
a proposta, pois o filme é experimental demais. Mas quem tem um Shrek
2 na manga pode se dar ao luxo de experimentar novas tendências,
não&qt;&
A
Warner Brothers também tem feito bonito. O tradicional estúdio
de Pernalonga e cia. mostrou ao mundo um sensacional Gigante de
Ferro (Iron Giant, 1999) e tem adaptado as HQs de Batman
e Super-Homem de forma excepcional para as séries animadas, apesar
de existirem poucos longas do gênero pelo estúdio. Agora, a WB
está lançando o surreal Osmosis Jones, uma aventura
policial dentro do corpo humano, vivida por glóbulos brancos que tem
que defender o corpo de um humano de virus invasores! Uma sensacional premissa!
Outra que promete é a MGM. Além do revival da Pantera Cor de Rosa, o leão atacará com tudo nas adaptações de quadrinhos. Rising Stars, Bulletproof Monk e Bunny estão previstos para 2002.
Claro que não dá para deixar de falar de Final Fantasy, o primeiro filme com a proposta de animar seres humanos de uma forma realista. Sobre a produção, preparamos uma matéria especial que você pode ler aqui.
O império contra-ataca
Mas é claro que um estúdio em particular não poderia ficar de fora...
Os
estúdios Disney também se reinventam. Quem disse que não&qt;&
Tudo bem que seu mais novo filme não foi lá essas coisas, Atlantis
o reino perdido (Atlantis, 2001) decepcionou e muito. Porém
não podemos esquecer que nos últimos anos, enquanto o Brasil se
preparava para lançar o suposto primeiro longa metragem de animação
totalmente gerado por computador - Cassiopéia (1996) -
os discípulos de Disney e a Pixar foram mais rápidos e lançaram
o sensacional Toy Story (1995), estabelecendo o padrão
para o gênero e tirando o filme brazuca da jogada.
Depois disso, ainda fomos brindados com Vida de Inseto (A Bug´s Life, 1998) e Toy Story 2 (1999), sem deixar de mencionar Tarzan (1999) que mistura magistralmente animação convencional com fundos por computação gráfica pintados à mão, na técnica chamada de Deep canvas (tela profunda).
Quais
as próximas apostas do estúdio&qt;& Ainda neste ano veremos Monstros
S.A., nova comédia de animação 3d pelo time Pixar/Disney
sobre uma megacorporação que tem como missão assustar as
crianças à noite. Já a aposta para 2002 é Lilo
and Stitch, a história de uma garotinha havaiana que adota um
extraterrestre como bicho de estimação. O que ninguém sabe
é que Lilo, o ET, é um foragido intergalático que
escapou de um planeta prisão. As canções serão de
ninguém mais, ninguém menos que Elvis Presley! Lilo and
Stitch está sendo considerado pela empresa uma das obras-primas da casa.
Também
serão lançados um novo filme de Peter Pan e Treasure
Planet (planeta do tesouro), uma história de piratas, com todos
os elementos do gênero, mas passada no espaço. O visual é
incrível. Confira ao lado uma das imagens divulgadas: um galeão
voador chegando a um porto.
Além dos lançamentos, a Disney também está com um processo de revitalização de seus clássicos, relançando um por ano nos cinemas de alta definição IMax. O primeiro a receber o tratamento será A Bela e a Fera.
Enfim, o mercado de animação está mais agitado do que jamais esteve. Apesar dos recentes sucessos de outros estúdios, que chegaram a abalar a própria Disney, a guerra está longe de ser perdida. Enquanto isso, quem ganha são os fãs do gênero, com cada vez mais opções.
Isso sem falar nos animes japoneses... mas esses serão motivo de uma oooooooutra matéria. :-)