Omelete entrevista: Ellen Page e Michael Cera, atores principais de Juno
Dupla fala sobre como foi atuar na comédia dramática indicada a quatro Oscar
Indicado a Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Atriz e Melhor Diretor no Oscar 2008, a comédia dramática independente Juno é um dos filmes mais legais da temporada. Saiba um pouco mais sobre a produção na entrevista exclusiva com os dois protagonistas, Ellen Page (Menina Má.com) e Michael Cera (Superbad).
Depois de ler o roteiro, quanto tempo vocês levaram para decidir "Eu quero fazer este filme"?
Ellen Page: Quando li o roteiro ele simplesmente me deixou louca e fiquei completamente apaixonada. Decidi participar imediatamente.Michael Cera: Quanto tempo levou?
Ellen: Quanto? Não sei. Pagina 4. Acho. Não, exagero... Mas algumas coisas foram imediatas. Quando você começa a ler, percebe que é algo especial e, quanto mais você lê mais ele te surpreende. Você percebe que não há estereótipos.
Michael: Eu adorei o formato do roteiro. Ele não foi escrito como um script. Não me pareceu que ela [a roteirista Diablo Cody] quisesse escrevê-lo como um script. Era mais parecido com um livro. [para Ellen] Você lembra daquilo? Tipo, eu me lembro de alguns parágrafos que simplesmente terminavam de forma estranha... Eu ficava surpreso, não era como ler um script. Aquele jeito de produzir me fez querer atuar no filme. Parei para pensar, se era escrito de forma estranha, se não era escrito como um script, então deveria ser um bom filme. Agora eu descobri que essa não é a maneira correta de decidir algo.
[Risos]
Juno
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Juno
Do que vocês gostaram mais em relação aos seus personagens?
Michael: Eu adorei que meu personagem foi, quase que de imediato, deixado de lado do problema. Ele não tinha controle algum. Imagina só, o filme se passa ao longo de uns 9 meses e ele fica ausente quase o tempo todo. Eu simplesmente achei que seria divertido vivê-lo.
Ellen: Eu fiquei muito empolgada com a minha personagem porque senti que ela era uma jovem líder, alguém que eu nunca havia visto antes. E, embora ela fosse incrivelmente única, esperta e assim por diante, ela era também muito verdadeira e original.
O que você responde para as pessoas que perguntam se é um filme "pró-vida"?
Ellen: Não acho. Acho que ele aborda o tema de uma forma extremamente democrática. Diablo Cody não estava escrevendo um script sobre uma garota de 16 anos que fez aborto. Ela estava escrevendo um script sobre uma garota de 16 anos que ficou grávida, que decidiu ter o bebê, e o doou a um jovem casal "mauricinho". O filme é sobre isso. Você está me entendendo?
Você arruinou o filme.
Ellen: Ahahahahahahaha! Desculpa. Eu acho que ela lidou com isso de uma forma democrática. Juno foi até a clinica de uma maneira relativamente indiferente. A decisão dela de partir não é "pró-vida", é, na verdade, por falta de propósitos, motivos desconhecidos. Pura bobeira.
Michael: Eu acho que fiquei muito empolgada e achei que seria muito bom. Jason fazia muitas coisas legais e ele tinha acabado de ter um filho, o que contribuiu para o entendimento dele sobre os personagens. Tudo isso me deixou alucinada. Eu adorei mesmo. Achei que tinha potencial para ser um filme muito bom. E senti que estava indo muito bem quando estávamos gravando.
Ellen: Eu concordo com isso. Sério. Um bom script, pessoas legais juntas e boas vibrações no ar.
Ellen, demorava pra colocar a barriga postiça?
Ellen: Não, não demorava. É a tal da gravidez. Tô brincando. Era quase como um colete. Não levava muito tempo.
Ellen: Acho que meu trabalho nesse sentido foi muito fácil que o dele. Acho que Jason Bateman tinha um caminho bem mais arriscado a percorrer, sabe? Eu vivia essa personagem que dizia em certo momento "Eu sou simplesmente um enfeite nessa sua vida estranha", que era exatamente como ela se sentia. Nessa ocasião, ela teve que entrar na "adultescência", ser parte de algo que, quando você tem 16 anos, é muito interessante; crescer, ter algo. Então, acho que ela estava meio encantada com isso e por ele. Era um jeito meio inocente de encarar a coisa, sem se preocupar com o outro lado, o lado dele. Já Mark vê Juno como uma esperança, como uma liberdade e acho que ele se sente preso nessa vida adulta dele.
Vocês tiveram muitas conversas sobre como evitar toda aquela "aura de velho safado"? Isso pareceria um prelúdio a Menina Má.com, não?
Ellen: Sim. Tanto que nós cortamos umas partes tinha uma cena onde eu meio que atacava ele no porão. Isso estará no DVD. E, de novo, acho que Jason Bateman ficou com a parte difícil. Ele conversou bastante com o Reitman sobre isso. Era uma questão de manter o equilíbrio e deixar tudo ambíguo de propósito.
O que você acha do Mark? Você acha que ele é um idiota?
Ellen: Não, não exatamente isso. Acho que ele é...
Michael: Ahahahaha, foi uma pergunta engraçada.
[Todos riem]
Ellen: Não acho nem um pouco. Acho que ele se sentiu preso em sua vida e não estava em seu melhor momento. Mas esse tipo de coisa acontece e, se a situação continuasse, provavelmente teria sido um ambiente bem mais prejudicial para se criar um filho.