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Omeleca: <i>O monstro Trapalhão</i>

Omeleca: <i>O monstro Trapalhão</i>

JA
26.06.2003, às 00H00.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 09H05

Os Trapalhões

O incrível Monstro Trapalhão - Didi como Super-Jegue e o Hulk das Cavernas ao fundo

O Trapalhão no Planalto dos Macacos: O primeiro filme de Mussum com os Trapalhões

O Trapalhão na Guerra dos Planetas: Com Darth Vader e tudo. Compre aqui.

Os Saltimbancos Trapalhões: Um clássico do cinema nacional. Compre aqui.

Hoje em dia Renato Aragão e cia. são sinônimos de um humor decadente e sem graça. A cada ano o humorista decai mais em suas produções cinematográficas. Tanto em qualidade, como em originalidade. Mas nem sempre as coisas foram assim.

Para os expectadores mais jovens talvez seja um choque, mas para pelo menos duas gerações anteriores, Os trapalhões eram sinônimo não só de excelentes bilheterias, mas também de boas risadas. Exatamente por seu humor ingênuo e tipicamente brasileiro, o quarteto liderado por Aragão tornou-se um fenômeno ainda insuperável na história do cinema nacional.

Com um senso de humor circense, muita cara-de-pau e piadas que faziam questão de passar longe do politicamente correto - exatamente o oposto das atuais produções de Aragão - os trapalhões conquistaram as bilheterias dos anos 70 com uma série de deliciosas paródias que abrasileiraram personagens estrangeiras. O resultado dessa safra não poderia ter sido mais saboroso: Simbad, o marujo trapalhão (1975), O Trapalhão no Planalto dos Macacos (1976), Os Trapalhões na Guerra dos Planetas (1978) e Os três mosqueteiros trapalhões (1980) são apenas alguns bons exemplos desse fértil período trash na produção nacional. Não que aqui o adjetivo trash seja um demérito. Pelo contrário, os Trapalhões eram um dos poucos veículos para produções de fantasia num mercado abarrotado de pornachanchadas de apelo barato. Mas é óbvio também que as produções do quarteto atrapalhado passavam longe de alguma pretensão artística. Efeitos visuais toscos e muita malandragem davam o tom dessas aventuras que renderam pelo menos um clássico do cinema brasileiro: Os saltimbancos trapalhões (1980), no qual Didi encontrava até mesmo com um cilônio vindo do seriado Galáctica. Trata-se de um filme cuja trilha sonora, a cargo de Chico Buarque, é outro clássico incontestável.

Verde, mas com sotaque cearense.

Foi justamente nessa safra de pérolas que se pariu O incrível monstro trapalhão (também de 1980). Se antes os macacos inteligentes foram detonados em maquiagens toscas e Darth Vader padeceu com os piores defeitos especiais da história do cinema brasileiro, os super-heróis do momento eram a carta da vez. Super-Homem e Hulk eram os maiores sucessos gringos então. E de uma só vez, os Trapalhões esculhambaram com a dupla.

Sinta a trama:

Nessa aventura, os Trapalhões estavam trabalhando como mecânicos em um autódromo. Para se dar bem eles se valem dos artifícios do modesto e desacreditado Dr. Jegue (Didi), que descobre em seu laboratório um supercombustível mais eficiente, potente e econômico, extraído do marmeleiro, uma planta tipicamente brasileira. Sua descoberta ajuda o amigo Carlos, um jovem piloto de corrida, e seus mecânicos Sassa, Quindim e Kiko (Mussum, Zacarias e Dedé Santana) a vencer uma competição. Depois disso, vários grupos estrangeiros tentam roubar a fórmula secreta do combustível, que Jegue não quer entregar a potências estrangeiras. Nada mais adequado para aqueles dias de governo militar, em que o álcool era a alternativa nacional ao petróleo e a Fórmula 1 tornava-se febre nacional graças aos feitos de Emerson Fittipaldi.

Acontece que, além disso, o cientista cearense também trabalhava em uma fórmula para se tornar bonito. Pois achava que só assim conquistaria o coração de Ritinha, sua paixão platônica. Seu objetivo era ser belo e poderoso como o Super-Homem, de quem possuía um enorme pôster em seu laboratório. Um dos momentos antológicos da fita é quando Jegue se imagina com os poderes do herói, voando e combatendo gângsteres numa seqüência no estilo dos antigos filmes mudos. Com direito a legendas para as falas das personagens; o Super-Jegue mascando balas e dando coices nos marginais. Para tanto o cientista se vale novamente das plantas brasileiras e cria uma fórmula capaz de lhe dar poderes. O resultado não poderia ser mais típico: ele se transforma numa espécie de homem das cavernas verde e barbudo que - sabe deus como - veste uma pele de tigre em vez de calças rasgadas, como as do Hulk original.

Aqui, a transformação (com direito a olhares vesgos em vez das lentes de contato de Bill Bixby) só era possível se ele tomasse a fórmula. Detalhe: cada um que a ingerisse sofria um efeito diferente. Por exemplo: Dedé virou uma criança e Zacarias se transformou numa mulher. Pior, Zacarias ainda dá de mamar ao pequeno Dedé. Humor impensável nas atuais produções carolas de Renato Aragão, carente do carisma de seus velhos companheiros. O grupo clássico se desfez após as precoces mortes de Zacarias e Mussum.

Desnecessário dizer que o monstrão verde salva os Trapalhões e Ritinha das mãos dos árabes no final.

Escrito por Renato Aragão e Victor Lustosa e dirigido por Adriano Stuart, O incrível monstro trapalhão chegou a ser exibido no Film Fest Berlin na Alemanha, em 1981 e também em Portugal e Angola em 1986.

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