O Senhor dos Anéis: Entrevista exclusiva: Elijah Wood
Entrevista exclusiva: Elijah Wood
![]() Frodo, o portador do Anel |
![]() Capturado pelos homens de Gondor |
![]() Tomado pela loucura do Um Anel |
![]() Ao lado de Gollum |
![]() Com o fiel Sam, perto dos portões de Mordor. |
Elijah Wood: Bom dia! Já tomou o seu café da manhã?
Está animado, hein?
EW: Claro!
O que você acha mais interessante no Frodo?
EW: Acho que o que mais chama atenção é que ele é um inocente e puro ser do Condado, ou seja, Frodo é tudo o que o portador do Anel não deveria ser. E a forma como ele consegue aturar tudo isso é que o torna tão especial. Esta bravura, inteligência e pureza é que são as coisas mais importantes.
Quando você leu o livro, Frodo era o seu personagem preferido?
EW: Sim. Frodo era um dos meus personagens preferidos deste livro. Mas Gollum é um dos meus favoritos de toda a literatura. Desde que eu li O Hobbit eu adoro o personagem.
Mas a partir do momento que surgiu a oportunidade de participar de O Senhor dos Anéis, Frodo era o personagem que eu mais queria. Principalmente pelo progresso que eu poderia conseguir com o personagem, pois durante os 16 meses de filmagem, peguei o personagem num canto inocente e o levei até aquele lugar sombrio. Foi uma oportunidade fantástica como ator. Um ótimo desafio.
Se você pudesse escolher outro personagem, você escolheria Gollum?
EW: Depois de ver o que Andy [Serkis] passou para fazer o personagem, acho que não. Ele tinha uma agenda muito rigorosa e muitas vezes separada do resto do grupo. Além de atuar na frente das câmeras, ele tinha que fazer muito mais. Por exemplo, ele tinha que ir para o estúdio para que os técnicos pudessem capturar os seus movimentos e digitalizá-los. Ele fazia isso semanas a fio, sozinho. Ele é sensacional!
Foi complicado fazer as cenas com Gollum?
EW: Na verdade, não. Acho que o simples fato do Andy estar ali com a gente, mostrando que tipo de reação Gollum teria, como ele ia andar e marcando a posição facilitou muito. Nós atuávamos normalmente, como se ele fosse mais um ator fazendo o seu papel. A diferença é que ele usava um tipo de macacão inteiramente verde. Depois, mesmo sem ele ali, nós já sabíamos o que fazer, para onde olhar e tal.
Neste filme, vai ficando cada vez mais claro o tanto que O Anel consome Frodo. Você já teve problemas com droga, ou teve amigos em uma situação dessas?
EW: Sim, possuir O Anel é uma experiência muito próxima das drogas. Mas eu não estou usando minhas experiências próprias no personagem. (risos) Lembro que quando estávamos discutindo como ia ser esta obsessão de Frodo com O Anel, Fran [Walsh, um dos roteiristas] disse que deveria ser algo como um viciado em heroína.
Gollum foi destruído por este poder. Você acha que dá para comparar O Anel com Hollywod?
EW: hahaha Claro. Todo poder que influencia as pessoas pode destruí-las também. Esta é a grande dualidade do poder. É tudo muito fácil na teoria, mas quando chega até você, a história muda.
Quais as diferenças entre o livro e o filme?
EW: O livro é obviamente mais profundo. Dá para ter mais personagens, ambientes, etc. Num filme, é impossível ter todos estes elementos. É preciso simplificar, sem tirar a graça da história original.
Você acha que as mudanças, como Frodo indo para Gondor, deixam o filme mais fácil?
EW: A idéia foi essa e acho que funcionou, sim. Acho que ao colocar os elfos no Abismo de Helm, por exemplo, a intenção era mostrar os [povos] amigos se juntando, contra o mal.
Você uma vez chamou o processo de filmagem de caos-organizado
EW: Era exatamente isso. Não dá muito para explicar, mas era mais ou menos assim: tínhamos uma agenda que era constantemente cancelada por causa de mau tempo, disponibilidade de elenco, etc. Chegamos a um ponto que nós só ficábamos sabendo o que íamos gravar 24 horas antes. E, não sei como, tudo funcionou e a gente acabou se acostumando com isso.
Por causa de toda esta bagunça, parecia que estávamos num enorme filme independente. Por exemplo, um dia nós tínhamos que filmar no topo de uma montanha. Como o tempo não estava bom, nós não conseguimos chegar lá em cima. Depois de dois dias perdidos, Peter e Barrie [Osborne, um dos produtores] pegaram o helicóptero e foram atrás de um outro lugar parecido com aquele. Quando eles acharam, desceram na fazendo de um cara e perguntaram se poderíamos filmar lá. E, como estávamos na Nova Zelândia - onde todo mundo é atencioso - , ele falou claro que podem. E em duas horas estávamos lá filmando. Este tipo de improvisação acontecia o tempo todo e é um ótimo jeito de descrever como foi participar deste filme.
E como vocês se preparavam psicologicamente para entrar no papel se não sabiam o que iam filmar?
EW: Todo mundo já conhecia muito bem os personagens e a história. E claro que sempre tínhamos tempo suficiente para nos concentrarmos no que estávamos filmando naquele momento. Entenda que estas improvisações ajudaram a construir um ambiente de trabalho único. Acredito que se tivéssemos filmado só um filme de cada vez e com um cronograma todo certinho, o filme não seria tão bom.
Como você descreveria a relação entre Frodo e Sam?
EW: É uma relação muito importante para o livro e para o filme. Acho que a forma como ela foi escrita originalmente, era uma comparação com um oficial do exército e seu soldado.
E tem muito também de servidão por parte de uma pessoa que pertence a uma classe social inferior. Sam está sempre fazendo tudo por Frodo e isso é muito importante para ele, pois a partir do momento que o caminho vai ficando mais estreito, Frodo percebe que nunca conseguiria atravessá-lo sozinho.
O que eu também achei muito interessante neste filme é o conflito que começa a surgir entre os dois devido às relações de Frodo com O Anel e com Gollum. Sam vai ficando mais forte e começa a ver coisas que Frodo já não enxerga e começa a temer pelo seu mestre.
A Sociedade não está mais unida nem no filme, nem aqui, hoje. Alguns atores não puderam vir para Paris, como Ian Mckellen, Orlando Bloom e Viggo Mortensen. Como é a sua relação com eles?
EW: Maravilhosa! Fiz alguns dos melhores amigos da minha vida durante estas filmagens. Na verdade, acho que nossa relação é mais do que apenas amizade por causa de tudo o que nós passamos. Sempre que eu posso vou me encontrar com eles.
Onde é a sua tatuagem em élfico?
EW: Na cintura. Cada um fez num lugar diferente.
Sim, eu já vi a do Orlando Bloom, no antebraço.
EW: Orlando fez num lugar meio batido. (risos) Mas foi legal porque mesmo sendo o mesmo desenho [nove, escrito em élfico] cada um tatuou num lugar diferente, o que nos torna únicos.
Como surgiu a idéia?
EW: A idéia era fazer algo que mostrasse que nós tínhamos passado por tudo aquilo juntos. Mostrar que vivemos tanto tempo na Nova Zelândia, gravamos estes filmes e que este grupo de pessoas que atuou junto, principalmente no primeiro filme, virou de fato uma sociedade, uma irmandade.
De quem foi?
EW: Foi meio que uma idéia coletiva, mas Orlando começou a falar que foi idéia dele, então acho que vou dar o crédito para ele também. (risos) Mas pelo que me lembro, foi algo que surgiu alguns meses antes de começarmos a filmar, mas que só botamos em prática no fim do processo.
Depois de fazer o Anjo Malvado (The Good Son, de Joseph Ruben - 1993), você continou em contato com Macaulay Culkin?
EW: Não. A última vez que o encontrei foi há uns 4 ou 5 anos.
Não pude deixar de notar que você está usando um anel.
EW: Mas este é só um anel, não O Anel.
Algum motivo especial por trás dele?
EW: Foi um presente de uma pessoa muito querida. Está escrito em hebraico Se não for agora, quando?
Que tipo de cuidados você tem tomado para não ficar associado apenas a este filme?
EW: O filme se sustenta por si só e acho ninguém está preocupado em ficar marcado por este filme porque todos têm uma carreira. Eu trabalho desde que tenho 8 anos e as pessoas me conhecem por vários outros trabalhos desde esta época.
Qual o seu próximo projeto?
EW: Um filme chamado Thumbsucker [algo como chupador de dedo].
Sobre o quê?
EW: É baseado num livro, que conta a história de um cara no fim da adolescência que ainda chupa o dedo. Os pais dele morrem de vergonha e ele mesmo não se sente muito bem e acaba chupando o dedo para se sentir mais seguro. É uma história muito engraçada.
Você cortou o cabelo para este filme novo?
EW: Não, fiz por mim mesmo. De vez em quando é bom fazer algo para si mesmo.
O que você tem ouvido ultimamente?
EW: O que eu comprei faz pouco tempo... ah, o novo do Queens of the Stone Age.
Este álbum é demais!
EW: É, sim! Eu fico ouvindo e penso é, alguém está fazendo a coisa certa. O rock mudou depois deste disco.
O que mais... Tenho ouvido muitas coisas antigas, como Led Zeppelin e David Bowie. Ah, peguei o novo do Stereolab, BBC Sessions.
Baixei umas coisas na internet também, uns trabalhos novos do Thom Yorke [do Radiohead]. É sempre difícil falar o que eu tô ouvindo, porque é sempre algo diferente.
Você baixa bastante coisa pela internet?
EW: Sim, mas está ficando cada vez mais complicado. Napster e Audiogalaxy já eram.
Mas você apóia o download de MP3, né?
EW: Sim, claro! Eu sou contra a indústria neste assunto. Eu acho que nunca tanta gente esteva exposta à música como no auge do Napster e Audiogalaxy. E pra mim, o lado positivo disso, cobre o negativo. Os dólares que estão sendo perdidos são insignificantes perto dos diferentes sons que as pessoas estão descobrindo.
E tudo isso não começou porque eles queriam acabar com a indústria, mas sim porque uma das melhores coisas que acontece quando você descobre algo legal é poder compartilhar com os outros.




