O céu continua esperando
O céu continua esperando
De
remake em remake, caminha a indústria do cinema. Em Hollywood, tudo pode
passar por uma nova elaboração. Agora, mais uma vez, a temática
da reencarnação e das segundas chances volta à berlinda,
com "O Céu Pode Esperar" ("Down to Earth",
2001), estrelado pelo comediante Chris Rock e dirigido por Chris
e Paul Weitz, os mesmo de "American Pie" (1999). Cabe
ao grupo, portanto, a responsabilidade de seguir uma linhagem praticamente sagrada
e consagrada, o texto fabuloso do roteirista norte-americano Harry Segall (1892-1975).
Nele,
o personagem principal, Joe Pendleton, morre acidentalmente. No céu,
fica decidido que o erro será reparado. A alma de Pendleton reencarna
no corpo de um milionário recém-falecido. Na superfície
é uma comédia leve sobre a graça de uma vida completamente
diferente. No fundo é uma fábula sobre a influência do dinheiro
e sobre a riqueza de um espírito virtuoso. No filme "Here Comes
Mr. Jordan", dirigido por Alexander Hall (1894-1968) em 1941,
Robert Montgomery (1904-1981) interpreta o boxeador Pendleton. Em 1978,
Warren Beatty dirigiu e protagonizou "Heaven Can Wait",
em que o boxeador virava um jogador de futebol americano. O primeiro foi indicado
ao Oscar de Melhor Ator (Montgomery), Melhor Direção (Hall) e
ganhou o de Melhor Roteiro. O segundo foi indicado para Melhor Filme, Melhor
Ator (Beatty) e ganhou como Melhor Direção de Arte.
Egresso
do programa humorístico Saturday Night Live, Chris Rock interpreta
um novo personagem - inteligentemente criado para se adequar à situação.
Lance Barton, um comediante promissor, acaba atropelado por um caminhão
gigantesco. No céu, verifica-se o engano. A data da morte de Barton foi
adiantada em cinquenta anos. Para corrigir o erro, os anjos Sr. King
(Chazz Palmintieri) e Sr. Keyes (Eugene Levy) resolvem
acompanhar o morto durante a sua volta à vida, na pele do multimilionário
Charles Wellington (Brian Rhodes). Agora, Barton joga golfe, vive
na mordomia e comanda uma megaempresa. Mas a paixão por Sontee
(Regina King) e a vontade de vencer na carreira humorística ainda
prevalecem.
Não
vi o filme. Se tivesse visto, provavelmente a resenha teria superado seu caráter
informativo. Teria algum nervosismo, por assim dizer. Mas o filme de Warren
Beatty passa sempre na Sessão da Tarde - e é ótimo. Não
estou crucificando Chris Rock, mas algumas coisas nascem condenadas. Violar
clássicos do cinema e perpetrar remakes deveria ser passível de
pena criminal.
Imagens © Paramount Pictures