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Nome de Família

Do casamento à indiana, Mira Nair parte para a vida à american way

MH
24.05.2007, às 17H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H25

Antes de ter dirigido Feira das vaidades em 2004, o seu primeiro trabalho de expressão para cinema nos EUA, a cineasta indiana Mira Nair ganhou o mundo com o exotismo de Casamento à Indiana (2001), vencedor do Leão de Ouro em Veneza. A seu modo, Nome de Família (The Namesake, 2006) é a "continuação" do casamento.

Mas uma continuação que já inclui na conta o elemento - hoje presente na vida da cineasta globalizada - do expatriamento. Na trama do filme, Ashoke (Irfan Khan), indiano que vive em Nova York, retorna a Calcutá para se casar. Lá, sua família lhe apresenta a família de Ashima (Tabu). A moça se interessa, de cara, pelo desconhecido: o possível noivo calça sapatos "made in USA". Ashoke adianta que, se eles se casarem, terão que viver longe da Índia. Ashima diz que sim.

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Os primeiros dias da moça em Nova York não poderiam ser mais difíceis. Além da distância de casa, há o inverno, um frio que Ashima jamais sentiu. Nome de Família começa a se desenhar como um drama sobre choque de culturas. O mais interessante: esse choque não se dá por imposição, o que é comum em outros filmes, mas por opção. Ashoke e Ashima escolheram que fosse assim.

O simples fato de excluir da equação o fatalismo - fatalismo no sentido de não ter domínio sobre a própria vida - abre Nome de Família a uma série de possiblidades. O filme se ambienta nos anos 70 e transcorre por três décadas até os dias atuais; há, portanto, todo um contexto sóciopolítico nos EUA de transformação da terra das oportunidades em terra do obscurantismo. Mira Nair já trabalhou a realidade da xenofobia pós-11 de setembro em um curta-metragem do filme 11'09''01, poderia muito bem estender o tema em um longa-metragem.

Acontece que não é essa história que a diretora quer contar. No ápice de sua difícil adaptação, Ashima engravida. E Nair acompanha, a partir daí, a vida do garoto (interpretado por Kal Penn, conhecido pelos besteiróis hollywoodianos), Gogol. Da infância cercada de cultura indiana, Gogol cresce tendo que se adaptar ao estilo de vida local. O seu nome vira piada a ponto de o personagem, agora adolescente, escolher trocá-lo, para desgosto de seu pai.

De choque de culturas, Nome de Família se torna, de um minuto a outro, um drama sobre choque de gerações. E isso implica um estreitamento nas possibilidades não só dos personagens (Ashoke e Ashima escolheram viver longe de casa, mas Gogol não pode escolher ser diferente do que ele é) como nas possibilidade do filme em si.

Não se trata, aqui, de condenar a opção de Mira Nair. Contrapor gerações é uma escolha legítima. O problema é o jeito de fazer. O drama do casal expatriado não nos deixava ver onde tudo aquilo ia desembocar. Já o dilema existencial do filho não poderia ser mais óbvio. É claro que ele vai rachar a relação com os pais até a hora em que amadurece e reconhece as suas origens. É evidente que se arrependerá de ter mudado de nome.

A inexpressividade de Kal Penn contribui para empurrar Nome de Família ladeira abaixo, mas a culpa maior é da diretora. De uma pessoa mente aberta como ela se esperaria mais do que o velho discurso conservador contra a juventude, do tipo "os mais velhos é que têm sempre razão". Sabedoria não é privilégio que se conquista apenas com a idade.

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