Morre o mestre da comédia italiana Mario Monicelli

Nesta segunda-feira, no Hospital San Giovanni, em Roma, o cineasta italiano Mario Monicelli, internado desde ontem para tratar um câncer de próstata terminal, se jogou da sacada do quinto andar. Monicelli tinha 95 anos e não deixou bilhetes, segundo a agência italiana Ansa.

O cineasta é um dos nomes mais importantes, certamente o mais popular, da geração que sucedeu os neorrealistas no cinema italiano e que não tinha o prestígio de Federico Fellini ou Michelangelo Antonioni entre os festivais internacionais. Ao lado de Dino Risi, Luigi Comencini e Ettore Scola, ajudou a definir a vertente do cinema de autor que ficou conhecida como comédia à italiana.

Depois de uma juventude sem preocupações - cujas histórias de boemia e boa-vida seriam apreveitadas nos sucessos Meus Caros Amigos (1975) e Quinteto Irreverente (1982) - Monicelli conseguiu com um amigo os seus primeiros trabalhos no cinema nos anos 30, como assistente de direção e roteirista. Sua estreia oficial como diretor de longas, e primeira de uma importante parceria com o comediante Totò, aconteceu em 1949, com Totó Procura Casa.

Nos anos 60, Monicelli não deixou suas parcerias com Totò, mas paralelamente realizou as suas principais comédias de provocação: um curta em Boccaccio '70, Casanova 70 e O Incrível Exército de Brancaleone. A década de 70 foi marcada pela comédia agridoce, já em compasso de saudosismo, como Meus Caros Amigos. O seu último grande sucesso internacional é Parente é Serpente, de 1992.

O cineasta italiano repete o gesto do pai, Tomaso Monicelli, que se matou aos 63 anos, em 1946. Tomaso era escritor e jornalista, e se viu forçado a calar diante da pressão do fascismo contra a imprensa. "Eu entendi o seu gesto. Ele tinha sido injustamente extirpado do seu trabalho", conta Mario Monicelli em uma entrevista publicada pela revista Vanity Fair em junho de 2007, a respeito do ato cometido pelo pai.

Mario Monicelli deixa três filhas.