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Miss Potter

Renée Zellweger estrela biografia da autora de Peter Rabbit

26.04.2007, às 15H30.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H24

Muito antes do adolescente bruxo, o sobrenome Potter já era sinônimo de fantasia. Com a série de 23 livros infantis de seus bichos falantes, a começar pelo famoso coelho Peter Rabbit, a escritora Beatrix Potter (1866-1943) se tornou uma das autores mais bem-sucedidas da história da literatura. Tão exitosa que o filme que a biografa, Miss Potter (2006), sofre com a falta de conflitos.

Se drama é a equação que separa o que um personagem deseja daquilo que ele de fato conquista, o novo filme de Chris Noonan - que não assinava uma película desde Babe - O porquinho atrapalhado, de 1995 - é absolutamente antidramático. Não há choque possível quando uma cinebiografia vertical (que toma um único intervalo de tempo para definir a vida inteira do biografado) decide enfocar só a curva ascendente da carreira de uma figura como Beatrix Potter.

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Há flashbacks da infância, registros da aristocracia inglesa que definiram a personalidade instrospectiva de Beatrix, mas o filme é concentrado no início e no rápido ápice da vida literária da escritora, interpretada por Renée Zellweger. Beatrix já desenhava os animais - e conversava com eles - desde pequena, mas foi só quando conheceu Norman Warne (Ewan McGregor) que ela pôde transformar os esboços em livros. Caçula de dois irmãos editores, Norman queria mostrar seu valor. Pegou Peter Rabbit como um desafio editorial e fez dos animais um sucesso.

E os sucessos se sobrepõem. Possíveis "vilões", personagens contrários à empreitada de Beatrix, como a sua mãe ou os outros irmãos de Norman, são rapidamente sobrepujados pela força incontestável de Peter Rabbit. São vilões entre aspas, e são apenas possíveis, porque o filme não se esforça em construi-los como tais.

O foco principal de Noonan não é alimentar conflito, mas embelezar ainda mais a arte de Beatrix. A mescla de filmagem tradicional com animação, que dá vida aos bichos da escritora, é o tipo de fofura que se esperaria do diretor de Babe. A cerimônia com que Noonan movimenta a câmera lateralmente em cenas de interiores, sugerindo uma solenidade tremenda para momentos banais, só busca a mitificação da personagem.

No meio do caminho, acontecem trombadas amorosas - a boa química de McGregor e Zellweger, casal de Abaixo o amor, não seria menosprezada -, mas nada que constitua drama de verdade, mesmo porque amor de perdição não é o moto do filme. A idéia é mesmo pintar um retrato de intocabilidade de Beatrix Potter. Acontece que sem falhas não tem conflito, sem conflito não há redenção e, sem redenção, onde entra a moral da história?

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