Morto na madrugada deste sábado, aos 86 anos, o tcheco naturalizado americano Milos Forman (1932-2018) mobilizou as atenções e os sentimentos dos maiores festivais da Europa, que demonstram interesse em relembrar sua obra premiada com Oscars e Ursos de Ouro. Há uma boataria nas redes sociais dos maiores jornais europeus acerca de uma homenagem póstuma de Cannes, com a projeção de um dos maiores sucessos do diretor de Um Estranho no Ninho (1975) em sua fase na antiga Tchecoslováquia: O Baile dos Bombeiros.
Foi esta sátira política que garantiu a Forman prestígio mundial e ela integrou uma seleção especial do festival francês: a competição pela Palma de Ouro de 1968, interrompida por protestos políticos comandados pelo cineasta Jean-Luc Godard. Cannes este ano realiza sua projeção de curtas e longas de 9 a 18 de maio.
Também de luto, o Festival de Berlim já lamentou publicamente a perda do diretor e deixou no ar a hipótese de projetar Amadeus (1984) em 2019, na Berlinale Classics.
Em 2016, Forman conversou com o Omelete sobre o conjunto de sua obra e sua decisão de parar de filmar: “Eu resolvi me aposentar em 2014 pela falta de desejo de encarar a inércia artística dos nossos tempos. As pessoas não têm mais interesse na rebeldia ou em ideias. Elas querem guloseimas. Pelo menos em Hollywood é assim. Eu ganhei dois Oscars de melhor diretor, o que já me ajudou no passado. Mas, nos EUA, o passado é esquecido quando você não se mantém fazendo sucessos de milhões de dólares. E eu filmo para despertar paixões e inquietações, fiel aos horrores de repressão que testemunhei na juventude”, disse o diretor.
