Após temporada de sucesso com sessões lotadas, Meninas Malvadas – O Musical se prepara para a despedida do Teatro Santander, em São Paulo (SP). Antes das portas do colégio North Shore se fecharem de vez, no entanto, o Omelete bateu um papo exclusivo com Giovanna Moreira, stand-by das protagonistas Cady Heron e Regina George.
Para quem não está acostumado com a terminologia do teatro, stand-by é o ator contratado para permanecer à postos na necessidade de substituir os intérpretes titulares da produção. Na conversa, Giovanna revelou os desafios de estar sempre pronta para entrar em cena a qualquer momento, e compartilhou detalhes sobre sua experiência nos bastidores de Meninas Malvadas – O Musical.
"Teve um dia que eu estava pronta pra entrar como Regina, já maquiada e aquecida. Aí a Laura, que faz a Cady, passou mal uma hora antes do espetáculo. Virei a chavinha e fui de Cady mesmo. Troquei a maquiagem rosa e subi no palco como se nada tivesse acontecido", lembra, rindo.
Entre nervosismo, preparo físico e viradas de personagem em tempo recorde, Giovanna mostra que o trabalho do stand-by vai muito além da espera: "Hoje em dia já é mais orgânico, mas no começo foi difícil mudar de uma personagem para outra tão rápido. Agora, meu corpo já entende quem é quem."
Cady Heron (vivida por Lindsay Lohan no clássico de 2004) e Regina George (imortalizada por Rachel McAdams no cinema e elevada a um novo patamar por Reneé Rapp nos palcos da Broadway) são personagens radicalmente diferentes — seja na personalidade, no figurino, nos trejeitos ou nas exigências vocais. Diante desse contraste tão visível, perguntamos à Moreira como foi, internamente, o processo de construir e transitar entre duas figuras tão opostas no palco.
“No começo foi bem engraçado”, conta a atriz sobre o processo de ensaio. “Tinha cena que eu lia como Cady, e dois minutos depois tinha que ler como Regina. Era tipo: um, dois, três e… Regina! Eu conhecia o filme de cor, mas mesmo assim foi um desafio. [...] A Cady vem de um lugar muito puro, criada pelos pais biólogos, no meio da natureza, super alheia a esse universo escolar. Já a Regina é o oposto total: a garota que domina o colégio, que vive pra estética, que tem o skincare e o cabelo sempre impecáveis. Como são universos tão diferentes, isso me ajudou muito a criar cada uma”.
Para Moreira, a experiência de ser stand-by de Meninas Malvadas – O Musical foi um divisor de águas na carreira e na vida: “Sempre que eu saio desse trabalho, eu tenho a sensação de que consigo fazer qualquer coisa. Substituir as duas protagonistas foi um desafio imenso. Cantar, dançar e atuar por quase três horas, seis vezes por semana, exige tudo do nosso corpo, da nossa voz e do nosso emocional. [...] Minha dicção, minha projeção vocal, minha consciência corporal… tudo melhorou. Acho que nunca estive tão em forma quanto agora”.
A experiência também reforçou seu senso de presença e escuta no palco: “Tive que estar muito atenta a mim, aos colegas, ao espaço. Cresci muito como artista”.
Não foi só no palco, no entanto, que veio a transformação. Interpretar duas personagens tão complexas a levou a um mergulho emocional profundo. “As duas têm falhas, têm seus motivos. Não consigo escolher uma preferida porque me identifico com ambas. E isso me fez crescer também como pessoa — entender o que move cada uma, trabalhar o subtexto, estudar as atitudes.”
Agora, com a temporada se aproximando do fim, Giovanna se despede do musical com gratidão e confiança. “Saio muito mais madura. E com a certeza de que posso encarar qualquer desafio. Se eu consegui fazer isso, posso fazer qualquer coisa”.
Meninas Malvadas - O Musical encerra sua temporada em São Paulo oficialmente no dia 29 de junho - confira os ingressos no Sympla.
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