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Luc Besson: o cineasta das mulheres raivosas

Luc Besson: o cineasta das mulheres raivosas

A&
02.09.2003, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H14
BOX Filmes de Luc Besson
4 DVDs: O Último Combate, Atlantis, Subway, Nikita
5 ovos
O profissional l O quinto elemento l Joana D´Arc

Está completa a obra de Luc Besson em DVD no Brasil.

Com o lançamento da nova caixa pela Columbia podemos assistir aos filmes deste cineasta cada vez mais mal falado pela crítica.

É uma injustiça. Pode-se falar do excesso de cuidado estético em detrimento do conteúdo de seus filmes, mas o zelo técnico sempre presente pode esconder uma obra linear, lógica e, por que não, feminista.

Em todos seus filmes, as verdadeiras heroínas são as mulheres. Desde seu primeiro sucesso Subway (de 1985), a irritada Isabellle Adjani mostrava suas garras contra a sociedade burguesa e se aventurava pelos metrôs de Paris, envolvendo-se amorosamente com um charmoso e ingênuo ladrão, Christopher Lambert.

Besson adora o cinema americano de ação, mas dá suas pinceladas européias incluindo a chanchada e um certo desprezo por uma história amarradinha. Subway é um singelo libelo contra a violência, romantizando a vida alternativa, bandeira ainda ativa nos anos 80.

Nikita, de 1990, transformou-se em marca registrada. Foi refilmado nos Estados Unidos por John Badham e virou série de televisão. Continua sendo produzido até hoje.

A história de Nikita é uma verdadeira homenagem à literatura pulp-fiction. Anne Parillaud é uma garota animalesca, assassina e toxicofílica, que se transforma em agente secreta, de organização para-governamental, recrutada para matar. O filme conta a história de uma fera domada na porrada. Conta até com a ajuda de Jeanne Moreau, também uma agente especial. Somente ela seria capaz de dar algum toque de feminilidade à fera Parillaud.

Em Nikita, Besson, com ajuda de muita violência, explora até que ponto o amor, a amizade e um novo hábito podem transformar um ser humano abrutalhado. Novamente escolhe uma mulher como laboratório, assim como engatinhara em Subway.

Enquanto em Subway, Adjani transforma-se em fera para se libertar de amarras burguesas, em Nikita, o ponto-de-partida é o inverso: como um ser animal pode se agregar a uma sociedade e qual o preço a se pagar.

A obra de Besson continua a explorar esta via em outros três filmes lançados anteriormente, mas que valem ser revistos, aproveitando a caixa que chega ao mercado. Falamos de O profissional, O quinto elemento e Joana D’arc.

Em O profissional, de 1994, a então garotinha Natalie Portman é o pivô de uma história novamente sangrenta, pelo fato de ter testemunhado um massacre. O de sua família.

Portman é adorável, derrete o coração de seu protetor, o sempre abrutalhado Jean Reno. A garota acompanha todos os passos da trama e de nada é poupada, para aflição do espectador. Evidentemente, o filme termina com uma explosão de corpos, mas Portman sobrevive, novamente para Besson afirmar que mesmo menininhas delicadas agüentam perdas familiares, sobrevivem à mais tosca crueldade. Portman nunca é dirigida como uma verdadeira criança. Não chora, não teme, pelo contrário, aconselha, quer estar próxima de seu protetor. Besson tem certeza da força das mulheres.

Em O quinto elemento, de 1997, a então esposa de Besson é designada a salvar o mundo.

Milla Jovovich, na época conhecida apenas como modelo, solta as feras. Apresentada de forma primitiva e animalesca, para depois ser domada e treinada, cumpre sua divina missão. A força de Jovovich é tanta que intimida até Bruce Willis, até então um dos paradigmas da truculência no cinema.

Jovovich é ávida por informações. Em segundos, aprende tudo sobre o planeta, come e passa a ter afeto por seu companheiro. O filme tem humor, é debochado bem ao estilo do diretor, mas a mensagem é clara: quando a missão é salvar, deixem para as mulheres.

A personagem de Jovovich de O quinto elemento quase se repete em Joana D’Arc de 2000. A heroína francesa é apresentada da mesma maneira que todas as mulheres de Besson: fortes, destemidas, independentes. Aqui o diretor pode exercitar todo seu evidente fascínio pela figura feminina com uma personagem histórica pertinente.

Aos cinéfilos, pode ser um bom momento de revisão. Besson é capaz de retirar força de suas atrizes que, mesmo aparentemente a serviço de uma estética hollywoodiana. hipnotizam por sua construção de feminilidade em plena ação cinematográfica.

E last but not least: Atlantis. Pela primeira vez, é apresentado aos brasileiros em seu esplendor, este hipnótico documentário visual, com música do autor preferido por Besson, Eric Serra. O mar em seu feminino absoluto, meneios de peixes e ondas, azuis infinitos... só faltou a garota de Ipanema.

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