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Entrevista

Lua de Júpiter | “Este é um filme sobre o milagre da liberdade”, diz diretor

Kornél Mundruczó fala ao Omelete sobre thriller futurista húngaro sobre homem voador

RF
31.05.2018, às 16H54.
Atualizada em 02.06.2018, ÀS 18H02

Lua de Júpiter estreia nesta quinta-feira no Brasil, um ano depois de ter disputado a Palma de Ouro em Cannes como uma narrativa de ação, sci-fi e fantasia sobre um imigrante ilegal capaz de flutuar pelos céus. Dirigido por um especialista em contos morais, Kornél Mundruczó (Delta), a produção húngara impressionou a crítica na Croisette com a sofisticação técnica de sua engenharia de efeitos visuais, mas também pelo teor inflamável de seu roteiro.

KNM/Divulgação

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Misto de aventura, suspense e análise geopolítica, Jupiter’s Moon (seu título original) acompanha a ciranda de perigos em que o refugiado sírio Aryaan (Zsombor Jéger) se envolve após ser baleado gravemente e descobrir que pode regenerar suas feridas e flutuar. Um médico alcoólatra e decadente, incumbido de cuidar de imigrantes ilegais, o Dr. Stern (Merab Ninidze), tentará tirar proveito dos dons de Aryaan, seu paciente. De cara, ele tem a ideia de cobrar dinheiro de ricos que conhece para apresentar a eles os poderes de seu jovem amigo. Mas, aos poucos, os dois vão travar uma amizade cerzida a desabafos que expõem as feridas abertas da Europa.

O diretor Kornél Mundruczó falou ao Omelete sobre o seu projeto. Confira abaixo a entrevista:

Omelete: De que maneira o homem voador de Lua de Júpiter dialoga com a tradição dos filmes de super-herói?

Kornél Mundruczó:  Não é daí que eu tirei a inspiração para o filme, mas sim de uma lenda que corria entre as crianças da Europa quando eu era garoto de que havia um sujeito capaz de voar destinado a nos salvar de nossas misérias morais. Era um conto muito infantil, uma fábula. Mas o que interessa é a metáfora de que, do alto, há meios de se vislumbrar a esperança. Este é um filme sobre o milagre da liberdade.

Omelete: Histórias em quadrinhos na Hungria trazem personagens ou tramas como as de seu filme? 

Kornél Mundruczó: Minha relação com a fantasia não se dá pelas HQs mas sim pelos romances soviéticos de ficção científica e pelas ilustrações que grandes artistas gráficos da URSS faziam. Delas eu tirei a imagem do anjo sem asas.

Omelete: Em Cannes, as sequências de perseguição e de ação de Lua de Júpiter foram comparadas a Velozes & Furiosos. Como foi a construção das cenas de violência de seu longa-metragem?

Kornél Mundruczó:  Filmando tiroteios, correrias e brigas com um olhar realista bem parecido com uma perspectiva documental. Se eu não me convencer de que uma situação de suspense é tensa o suficiente, eu não consigo filmá-la. Por isso, para dar verossimilhança à narrativa, evitei usar muitos adereços de set como holofotes, trilhos ou carrinhos e deixei a câmera captar a emoção dos atores. Usei uma tropa de 40, 50 policiais para bloquear as ruas e poder realizar as perseguições sem ferir ninguém.

Omelete:  Qual é o sentido político que há por trás de Lua de Júpiter?

Kornél Mundruczó:  Levantar perguntas sobre o papel estratégico de uma nação pobre como a Hungria dentro do cenário de deslocamento dos refugiados políticos. Não faz sentido o tratamento desumano dado a eles. Mas é estranho entender como alguém que foge da Síria possa escolher um território tão cheio de dificuldades econômicas e de corrupção governamental como a Hungria para viver. Nada na política da Europa é transparente. Mas no caso de uma pátria empobrecida como a minha, as dificuldades e as contradições são ainda mais graves.

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