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Justice League Mortal | Conheça o filme da Liga da Justiça que nunca chegou aos cinemas

Saiba por que o filme de George Miller não saiu do papel

13.11.2017, às 16H45.
Atualizada em 21.03.2018, ÀS 20H50

Liga da Justiça chega aos cinemas nesta quinta depois de ter enfrentado uma série de complicações, incluindo a mudança de tom do Universo Cinematográfico da DC e a saída do diretor Zack Snyder depois de uma tragédia pessoal. O longa parece ter vencido as adversidades (leia as nossas primeiras impressões) e a previsão é de que arrecade entre US$ 100 e 120 milhões no seu fim de semana de estreia nos EUA. Outro projeto problemático envolvendo a superequipe da DC Comics não teve o mesmo final feliz. Entre 2007 e 2008, a Warner Bros. trabalhou em Justice League Mortal, filme escrito por Kieran e Michele Mulroney (Power Rangers, Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras) e com George Miller (Mad Max, Happy Feet) na direção. A ideia era estabelecer uma nova geração de heróis, iniciando uma franquia que se desmembraria em filmes solos dos integrantes do grupo.

Anunciado em fevereiro de 2007, logo depois da decepção nas bilheterias de Superman: O Retorno (2006) e do cancelamento dos projetos de Mulher-Maravilha (escrito por Joss Whedon) e Flash (de David S. Goyer), o roteiro recebeu o sinal verde do estúdio em junho do mesmo ano. Jason Reitman (Juno, Amor Sem Escalas) era o favorito para assumir a direção, mas o cineasta rejeitou a proposta de encarar um filme de grande orçamento, deixando espaço para George Miller. Com o diretor contratado em setembro, a pré-produção começou em outubro de 2007.

O filme começava a ganhar forma. Marit Allen (Hulk, O Segredo de Brokeback Mountain) foi contratada como figurinista e mais de 40 atores participaram dos testes que escalaram Adam Brody (The Flash), Armie Hammer (Batman), Common (Lanterna Verde), DJ Cotrona (Superman), Megan Gale (Mulher-Maravilha), Hugh Keays-Byrne (Caçador de Marte), Santiago Cabrera (Aquaman), Zoe Kasan (Iris Allen), Jay Baruchel (Maxwell Lord) e Teresa Palmer (Talia al Ghul). A previsão era começar as filmagens em fevereiro de 2008, na Austrália, onde Miller também tocaria a pós-produção. Com um orçamento de US$ 220 milhões, o filme teria um visual bastante estilizado pelos efeitos visuais, seguindo a linha de Capitão Sky, 300 e Sin City.

Veja na galeria algumas artes conceituais, o teste de maquiagem para o Caçador de Marte e o teste de figurino de Megan Gale como Mulher-Maravilha:

O primeiro obstáculo veio em novembro de 2007, com a greve dos roteiristas de Hollywood. A paralisação, concluída apenas em fevereiro do ano seguinte, impedia que Kieran e Michele Mulroney fizessem qualquer alteração no roteiro, o que interrompeu a produção. No mesmo mês, Marit Allen faleceu e a Weta Workshop assumiu o desenvolvimento dos uniformes. Terminada a greve dos roteiristas, os Mulroney voltaram a trabalhar no script, mas a produção sofreu um novo contratempo. O governo australiano considerou o filme “muito americano” e negou os incentivos fiscais para as filmagens, o que obrigou Miller a mudar o escritório de produção para Vancouver, no Canadá. As filmagens foram adiadas para julho de 2008 e a esperança era chegar aos cinemas na metade de 2009.

A história

Justice League Mortal começava com um flash-forward, mostrando o funeral de um herói, mas sem revelar a sua identidade. No tempo presente, porém, o clima era mais leve, revelando os heróis já estabelecidos na Terra em um período de aparente paz mundial -  Mulher-Maravilha (Megan Gale) discursava na ONU, enquanto Barry Allen/Flash (Adam Brody) almoçava calmamente com Iris (Zoe Kasan) e Alfred comentava com Bruce Wayne (Armie Hammer) sobre a redução da criminalidade em Gotham. Os metahumanos nunca chegaram a formar oficialmente um grupo, mas a maior parte já se conhecia de missões passadas, com a Mulher-Maravilha sendo a principal ligação entre os heróis e a representante oficial da comunidade de seres superpoderosos.

O conflito começa quando Caçador de Marte (Hugh Keays-Byrne) se vê vítima de um misterioso ataque, pegando fogo toda vez que entra em contato com oxigênio. Conforme cada metahumano segue para resgatá-lo também se vê vítima de ataques que exploram suas fraquezas. O responsável é Maxwell Lord (Jay Baruchel), vilão em busca de vingança pelos experimentos do Projeto OMAC (arco dos quadrinhos pré-Crise Infinita) que lhe deram leves habilidades psíquicas. A causa, porém, é mais próxima dos heróis do que se imaginava. Os ataques aconteceram porque Batman foi hackeado por Talia al Ghul (Teresa Palmer), revelando a nanotecnologia implantada pelo Homem-Morcego para controlar os metahumanos caso algum deles perdesse o controle.

Com os heróis recuperados e Batman desculpado, o time se reunia para lutar contra os ciborgues controlados por Lord (que usavam pessoas inocentes como base) e eventualmente precisava lidar com um Superman mentalmente controlado pelo vilão - o que levava a um embate mortal com Mulher-Maravilha. Flash, personagem que o roteiro indica ter a melhor construção dentro do filme, e que roubaria as cenas pelo senso de humor, é quem se sacrifica, desaparecendo no espaço-tempo com  Maxwell Lord (que se transformara em um organismo cibernético apocalíptico). No final, Wally West assumia o uniforme do tio e passava a integrar a Liga da Justiça.

Por que não saiu do papel

Um das reuniões do elenco de Justice League Mortal

Quando chegou a hora das filmagens, o Liga da Justiça de George Miller já parecia datado. A Marvel começava a sua história nas telas com Homem de Ferro, que estreou em abril de 2008, e a Warner Bros. colhia os frutos da abordagem sombria e realista de Christopher Nolan em O Cavaleiro das Trevas, lançado em julho de 2008. Antes considerado um plano alternativo, o sucesso de público e crítica da franquia do Homem-Morcego deu ao estúdio um norte para guiar a suas adaptações dos quadrinhos. Não parecia a hora para levar um supergrupo (ou um novo Batman) para os cinemas - “Faremos um filme da Liga da Justiça, seja agora ou daqui a 10 anos. Mas não faremos, e a Warner não fará, até sabermos que é o filme certo”, declarou Gregory Noveck vice-presidente sênior de assuntos criativos da DC Entertainment em 2011.

Foi quando Justice League Mortal entrou de vez limbo dos filmes cultuados que nunca existiram, rendendo “reuniões de elenco”, leituras de roteiroplanos para um documentário e perguntas que perseguirão eternamente os envolvidos. O cancelamento ironicamente abriu espaço para filmes solos arquivados como Lanterna Verde (2011). Com o fracasso do filme de Ryan Reynolds e o fim da trilogia de Nolan, a Warner começou a trilhar um novo caminho com Homem de Aço, que ainda carregava o DNA de O Cavaleiro das Trevas, mas com a assinatura visual de Zack Snyder. A Liga da Justiça que chega agora aos cinemas, contudo, é fruto de mais uma mudança interna dentro do estúdio, estando mais próxima do grupo colorido que quase viu as telas em 2007/2008 do que do Superman apresentado em 2013 ou do embate com o Homem-Morcego de 2016.

O sucesso de Mulher-Maravilha (2017) ditou o tom do novo universo da DC, mas é resultado de Liga da Justiça nas bilheterias que determinará qual será o próximo passo. Por enquanto, a palavra de ordem, como afirmou o presidente da Warner Bros. Toby Emmerich ao Wall Street Journal, é liberdade: "Não queremos limitar a criatividade que cineastas podem trazer à mesa dizendo que esses personagens precisam aparecer numa ordem específica e pertencer ao mesmo universo."

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