Jogos Mortais V

Geoffrey Gilmore, diretor do Festival de Sundance, disse sobre o primeiro Jogos Mortais (Saw, 2004): "Este filme não pretendia apenas assustar você, seu objetivo era fazer você pensar no que faria para permanecer vivo. No mundo de hoje, isso não é uma coisa comum de se contemplar - seja como indivíduo ou como um membro da sociedade." O filme estreou por lá na Sessão da Meia-noite e se espalhou pelo mundo, tornando a franquia na mais rentável do gênero terror, somando 550 milhões de dólares arrecadados em bilheteria.

Mas, na boa, alguém ainda aguenta a série Jogos Mortais? O primeiro realmente foi bom - podia ter sido melhor se tivesse explorado o caráter do terror psicológico -, mas depois daquilo foi ladeira abaixo, até chegar nesse Jogos Mortais V (Saw V, 2008), que joga fora boa parte do que foi construído até agora numa tentativa pífia de se reconstruir.

A trama começa imediatamente depois do quarto episódio - se você não se lembra, ou teve a sorte de não ver, rola um flashbackzinho - e o agente Hoffman (Costas Mandylor) sai de lá carregando no colo uma menina. Seriam eles os últimos sobreviventes das armadilhas e jogos preparados pelo assassino serial Jigsaw (Tobin Bell). Mas, como o quinto filme está aí, é claro que o pesadelo ainda não acabou.

E pelos 30 milhões de dólares que Jogos Mortais V arrecadou no fim de semana de estréia nos Estados Unidos ainda vai demorar para acabar. Principalmente por que seu custo estimado de produção foi de apenas 10,8 milhões de dólares, baixo para os padrões hollywoodianos. Um pedaço pequeno dessa verba deve ter ido para o ex-desenhista de produção nos primeiros quatro filmes, David Hackl, que assume a direção sem saber muito bem o que fazer.

Além da história mais fraca da série, esse é também o pior tecnicamente falando. Sua fotografia escura e extremamente granulada dá à fita um tom de amadorismo típico de telefilmes baratos. Categoria que lhe cabe muito bem.

A frase que está no início desse texto estava estampada no press-book distribuído à imprensa. Talvez fosse o caso de mostrar também aos cineastas que se envolveram nos filmes recentes da série, pois o caminho que está sendo trilhado é o dos sustos e banalização do sangue, onde o fato de permanecer vivo não está mais nas mãos de quem pensou o jogo.

Assista a clipes do filme