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Jobs | Crítica

Ashton Kutcher acerta no jeito de andar e falar, mas não consegue se aprofundar na história do criador da Apple

05.09.2013, às 21H34.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H40

Desde que foi anunciado, Jobs é um projeto que chamou a atenção da mídia. Primeiro porque mesmo sendo um filme de baixo orçamento (estima-se algo em torno de 12 milhões de dólares) e independente tinha como protagonista uma das principais mentes da virada de século: Steve Jobs, sócio-fundador da Apple, empresa mais valiosa do mundo hoje. Outro motivo que jogou os holofotes em cima do filme foi a escalação de Ashton Kutcher para o papel principal. O ex-Michael Kelso de That 70's Show e substituto de Charlie Sheen em Two and a Half Men (e de Bruce Willis ao lado de Demi Moore) só tinha Efeito Borboleta e Anjos da Vida como papéis mais sérios, por isso a desconfiança era grande, apesar da incrível semelhança física entre os dois.

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A cinebiografia começa com Jobs apresentando o primeiro iPod, produto símbolo da retomada da Apple, depois de uma primeira investida com os iMacs coloridos. Enquanto os computadores de mesa serviram para recolocar a empresa no mapa, o tocador de músicas foi uma porta de entrada para uma nova gama de consumidores que jamais tinham colocado as mãos em um produto com a maçã antes. A partir dele vieram uma série de novidades que mudaram a forma de se relacionar com a tecnologia, tornando acessíveis softwares de edição de vídeo e áudio e, depois, as telas sensíveis ao toque dos smartphones e tablets que vemos todos os dias em qualquer lugar.

O filme retrocede aos dias de faculdade de Jobs, perambulando pelo campus da Universidade Reed descalço, hippie, atrás de meninas e LSD - não necessariamente nesta ordem. De lá passamos pelos seus dias como empregado na Atari (único trabalho onde foi funcionário) e sua amizade com Steve Wozniak (Josh Gad), o Woz, com quem fundou a Apple e criou os primeiros computadores da empresa, ajudando a desenvolver o mercado de computadores pessoais. O salto temporal da garagem da casa de seus pais adotivos para a enorme sede em Palo Alto vem muito rapidamente e já mostra um Jobs pronto para destratar qualquer funcionário que não demonstrasse a mesma paixão que ele tinha. Apesar do gênio de Jobs ser tão conhecido quanto sua genialidade, esta característica é pouco explorada - provavelmente para não denegrir o herói intocável que eles estão tentando criar.

Este pedestal onde Jobs é colocado fica ainda mais visível na forma como é mostrada a puxada de tapete que leva à sua saída da empresa, em 1985. Esta passagem do filme é praticamente uma canonização de São Jobs, que deixa de ser a pessoa egocêntrica e workaholic para virar um cara "família" e generoso com as pessoas ao seu redor.

De volta à mídia

Depois de encerrar o Festival de Sundance deste ano, Jobs finalmente chegou ao circuito comercial dos Estados Unidos em 16 de agosto e novamente foi para as manchetes. Woz e Kutcher passaram a trocar farpas na mídia. Dizia o engenheiro que chegou a iniciar uma leitura do roteiro, mas ele era tão ruim que não teve como prosseguir. O ator (e também produtor) retrucava dizendo que Woz estava sendo pago pelo estúdio concorrente para falar mal do projeto, pois está envolvido em uma segunda cinebiografia do criador da Apple, esta baseada no bestseller escrito por Walter Isaacson e com roteiro de Aaron Sorkin (A Rede Social).

Verdade seja dita, o roteiro não se aprofunda na mente de Jobs e parece não estar mesmo muito preocupado em ser uma fonte fiel aos fatos da vida de Jobs. O que se vê na tela é uma ficcionalização em que informações são apenas pinçadas sobre sua passagem pela Índia, o drama de não conhecer seus pais biológicos, a parceria com Woz, e que não tem citação alguma à sua participação na Pixar, que o levou a ser o maior acionista físico da Walt Disney, por exemplo. Apesar disso, quem for ao cinema ou assistir ao filme em casa depois tem tudo para se empolgar com a genialidade do ex-CEO da Apple, que é mostrado com a reverência de um fã - algo que Kutcher já provou ser ao conseguir reproduzir o seu jeito de andar e falar e amenizar as falhas de seu ídolo, focando mais no cara que era apaixonado pelo que fazia.

Nota do Crítico
Bom
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Ano: 2013

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 128 min

Direção: Joshua Michael Stern

Roteiro: Matt Whiteley

Elenco: Ashton Kutcher, Dermot Mulroney, Amanda Crew, James Woods, Josh Gad, Matthew Modine, Lukas Haas, J.K. Simmons, Ron Eldard, Elden Henson, Lesley Ann Warren, Ahna O'Reilly, David Denman, Kevin Dunn, Nelson Franklin

Onde assistir:
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