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<i>Hulk</i>: Entrevista com Eric Bana

<i>Hulk</i>: Entrevista com Eric Bana

MF
24.11.2003, às 00H00.
HULK - DVD duplo

Eric Bana como o Dr. Banner

Jenniffer Connely e Eric Bana

Bana e Nick Nolte

Depois da cena dos "Hulkães"

Confira abaixo uma entrevista com Eric Bana, ator australiano que interpretou Bruce Banner e teve seus movimentos faciais capturados para as principais cenas do Hulk, no filme que adapta para as telas os quadrinhos da Marvel Comics. A entrevista foi cedida pela Universal Pictures Brasil.

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Como foi a primeira vez que você viu o Hulk ?

Eric Bana: Antes do filme começar, Ang [Lee, o diretor] tinha uns bonecos que os designers tinham feito do Hulk no seu escritório. Então, eu tinha uma idéia, mesmo que vaga, de como ele seria. Mas claro que eu fiquei de boca aberta porque o que nós vemos no filme é completamente diferente do que está no trailer e em alguns comerciais. Eu achei que aquilo era lindo. Eu não esperava que usaria esta palavra para efeitos especiais, mas as seqüências em que o Hulk está na tela são lindas. Tem tanta emoção no que aquele personagem está fazendo... eles deram um jeito de dar àquele personagem feito por computação gráfica um caráter. E cenas de lugares como o deserto eram completamente inéditas para mim, pois eu gravei a minha parte e peguei o primeiro avião para casa. Eu só voltei para cá dois dias atrás, então eu fui totalmente pego de surpresa e adorei.

Você teve de refazer muitas cenas?

Algumas. Nem tudo está no filme, mas há algumas cenas que nós desenvolvemos com um diálogo um pouco diferente e algumas cenas extras. Mas não foram muitas, algo em torno de uma semana a mais, bem naquela época em você acha que aquilo não vai acabar nunca.

Qual a sua cena preferida, aquela que você acha que será uma das favoritas no DVD?

Provavelmente a cena na qual estamos o Nick e eu juntos, quase no fim do filme, sentados um na frente do outro naquela área imensa. Me lembro muito bem da filmagem dessa cena. Foi bem difícil, fisica e mentalmente, mas foi divertida. Nick tem um lado louco, selvagem, mas não passa de uma criança quando chega a hora de atuar e é exatamente isso que eu curto fazer também. Como ator, é o máximo quando você está do lado de alguém que se entrega totalmente como ele. Você se sente como uma criança num tanquinho de areia!

Qual a importância de um DVD para um filme como este?

É claro que alguns filmes combinam mais com DVDs que outros, mas é sempre interessante por causa dos efeitos especiais, dos comentários do diretor.

O que faz Ang Lee diferente dos outros diretores?

Eu venho tentando achar uma palavra para descrevê-lo e a única coisa que consigo pensar é que ele parece ser um cineasta filosófico. Tecnicamente, ele é bem específico, mas ele quer que você, como um ator, explore temas e idéias. Nós tivemos várias conversas bem longas durante a pré-produção sobre os mais diversos assuntos e eu geralmente ficava me perguntando onde é que aquilo me levava. Porque, como ator, você está procurando respostas e ele faz isso de um jeito bem exotérico. Em vez de te dar algo para comer, ele simplesmente te deixa no meio de um banquete pensando no que pegar ou não. Em alguns momentos, durante a produção estas coisas voltavam de diferentes formas e naquele momento eu entendia porque um dia estávamos falando sobre aquele assunto. Ele é muito interessante.

Alguns diretores são diretores de elenco, outros, não. Em qual grupo Lee se encaixa?

Ele é com certeza um diretor de elenco, mas ele também deixa muita responsabilidade na sua mão. Em alguns momentos, ele vai ser bem claro sobre o que ele quer, em outros, ele é exatamente o oposto. É difícil dizer que ele é isso ou aquilo porque ele fica fazendo as duas coisas. Ele é um diretor que provoca pensamentos. Você com certeza não pode ser muito fraco, ou não conseguiria sobreviver a uma filmagem com Ang Lee. É algo exaustivo mental e fisicamente. Eu meio que sabia que entrando nessa eu ouviria muita coisa diferente. Eu não queria ter qualquer tipo de expectativa, mas não demorou muito para eu perceber que seria uma filmagem daquelas. Ele é é um cara bem sério e era um set bem sério. Às vezes eu ficava preocupado que o filme ficasse sério demais. A parte do filme que nós conhecíamos era uma grande tragédia, não estávamos mais por ali quando o final foi criado, então nós não vimos este equilíbrio do produto final.

Você tem um Hulk dentro de você?

Claro! Acho que todos temos. Talvez eu não possa fazer um paralelo com o Hulk, mas eu com certeza tenho bastante do Bruce Banner. Toda aquela história de manter as coisas guardadas dentro de você, não importa por qual razão, não dizer as coisas que estão na sua cabeça, ou não falando para as pessoas tudo que passa pela sua cabeça. Eu me vejo fazendo isso. Para sobreviver nesta sociedade de hoje nós fazemos isso em maior ou menor grau. Nós não falamos e fazemos tudo o que deveríamos, infelizmente. (risos).

Você é assim no seu casamento?

Não, eu acho que não. Tenho uma mulher maravilhosa, que é muito expressiva e apaixonada. Então, não. Eu acho que nas minhas relações pessoais, as coisas não são assim. Mas acho que socialmente, isso é diferente. Acho que nós acabamos assumindo um tipo de personagem para sobreviver.

Você acha que filmes são como uma terapia?

Tenho certeza que a gente se sente melhor depois de ir ao cinema. Sempre gostei de me deixar levar pelos filmes. Adoro aquelas duas horas de "não-realidade". Não acredito que eles possam mudar o mundo, mas podem fazer isso com uma pessoa. Tive épocas da minha vida em que passei por diferentes mudanças, como menino e como adolescente, e me identificava com diferentes personagens da telona. O primeiro Mad Max, por exemplo, mudou minha vida. É um dos melhores filmes já produzidos e me ajudou a decidir que ser ator era mesmo o que eu queria fazer da vida

Por que Mad Max é tão bom?

Não sei. Ele estava tão à frente do seu tempo em 1979. Em termos de idéias e de estilo, ele era absolutamente único. Eu era um menino, e assistir àquilo tudo me fez pensar em um monte de coisas. Por isso acho que filmes podem ajudar as pessoas a tomarem decisões e mudarem suas vidas.

Como você expressa sua raiva?

Acho que eu fico bem quieto. Sou mais do tipo que prefere sair da sala do que o que perde a boa. Eu sempre tive medo das conseqüências que um ataque poderiam ter. Em alguns casos, eu vou fazer um pouco de exercícios.

O que te deixa louco?

Muito poucas coisas. Eu não fico nervoso com grandes problemas porque os vejo como inevitáveis. São mais as coisas pequenas, e algumas delas eu simplesmente paro de reclamar e vou fazer algo para mudar isso. Pessoas que só ficam reclamando me deixam irado. Eu tenho dois filhos, então eu geralmente acabo "Hulkando" algumas vezes às 8h30 da manhã!

Qual a idade dos seus filhos?

Minha filha Sofia tem um ano e e meu filho Klaus tem quase 4.

Eles ainda são muito novos para entender qual o trabalho do pai?

Meu filho meio que entende meu trabalho. Ele vem ao set de vez em quando. Ele começa a fazer umas vozes estranhas, umas imitações de pessoas, mesmo antes de pensar no que ele está realmente fazendo. Nós também fazemos imitações e vozes juntos e ele acha aquilo hilário.

A relação pai e filho no filme mudou sua relação com seu pai ou com seu filho?

Não. Eu me considero abençoado por ter um "background" normal. Tenho uma relação maravilhosa com meu pai. De uma maneira ou de outra, você pode se basear em alguns sentimentos, não acho que precise sempre ser em traumas. Acho que você pode se inspirar no amor para encontrar emoções reais. Pra ser sincero, o drama desse filme não revelou nenhum grande segredo meu (risos).

Você mora em Los Angeles ou Austrália?

Na Austrália. Nós ainda moramos em Melbourne e eu amo aquela cidade. Não quero me mudar de lá nunca. Casa é casa.

Quais são suas origens?

Meu pai é croata e minha mãe é alemã. Eles se conheceram na Austrália, depois da Segunda Guerra Mundial, e lá se casaram. E tenho um irmão mais velho.

Você já esteve na Croácia?

Já, há muitos anos. Preciso ir pra lá novamente agora que estou mais velho. Também já estive na Alemanha.

Qual o motivo desse fascínio por super-heróis em Hollywood e nos Estados Unidos em geral?

Não sei. Pra mim esse filme é diferente porque não vejo meu personagem com um super-herói. Então ele é um pouco diferente do resto das histórias em quadrinhos da Marvel. Acho que o fascínio pelos quadrinhos acontece porque há muito pouca mitologia na nossa cultura e a Marvel está inconscientemente introduzindo muito deste elemento nos grandes mercados. Talvez sem eles mesmos se tocarem. E é por isso que é uma coisa tão popular. Tenho certeza que muitas pessoas têm noção que este é o segredo e estão usando isso. Eu acho que isso mexeu comigo, quando eu comecei a conhecer melhor o universo Marvel, eu me surpreendi com o quanto ele era denso, porque eu não tive esta fase na minha infância.

Você interpretaria outro personagem dos quadrinhos?

Não.

Você assinou contrato para a seqüência de Hulk?

Sim, teoricamente eu estou no próximo mas eu ainda nem pensei sobre isso.

Mesmo tendo começado como um comediante, você é conhecido como um ator de dramas fora da Austrália. Por que você não faz mais comédias?

Justamente porque eu já fiz bastante. Eu fiz comédia stand-up [N.E. aqueles shows em que o humorista fica de pé num palco contando piadas, como no início do Seinfeld] por dez anos na Austrália e fiz quadros de TV por seis ou sete anos. Sempre quis trabalhar com drama e agora que a oportunidade apareceu, não quero perdê-la.

Você acha que senso de humor é algo que nasce com a gente ou algo que se aprende?

Acho que nascemos com um senso de humor, mas obviamente quando você é um comediante profissional você se torna mais ligado no que é potencialmente engraçado e o que não é, além de aprender o "timing" ideal das piadas e tal.

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