TELA QUENTE - Os 10 filmes LGBTQIAPN+ mais quentes do cinema
Omelete seleciona produções que trouxeram a sexualidade queer para a tela a grande
Créditos da imagem: Cena de Love Lies Bleeding: O Amor Sangra (Reprodução)
No nosso ESPECIAL TELA QUENTE, que discute a história e os debates em torno da representação do sexo no cinema, reservamos uma matéria para falar dos autores e filmes LGBTQIAPN+ que integraram essa trajetória.
- [Especial TELA QUENTE] Parte 1 - Introdução: O thriller erótico morreu?
- [Especial TELA QUENTE] Parte 2 - Rala-e-rola em P&B: História do sexo no cinema
- [Especial TELA QUENTE] Parte 3 - Agora em cores!: Sexo LGBTQIAPN+ no cinema
- [Especial TELA QUENTE] Parte 4 - Emmanuelle(s): Diretoras mulheres e o sexo no cinema
Mas, afinal, quais são os clássicos e preciosidades escondidas que você precisa assistir, quando se trata de bom erotismo queer? A seguir, selecionamos 10 dos nossos favoritos!
Querelle (1982)
Onde assistir: Disponível para streaming na MUBI.
O último filme de um dos cineastas queer mais importantes de todos os tempos, Rainer Werner Fassbinder, é também o seu testamento erótico. Querelle empresta a trama criminal do livro de Jean Genet (que o próprio Fassbinder definia como “barata e superficial”) para montar um sonho molhado homossexual inspirado na arte de Tom of Finland, banhado em cores lúridas e obcecado por corpos suados. Antes ou depois de 1982, poucos filmes queer foram tão escancaradamente sexuais quanto ele.
No Skin Off My Ass (1991)
Onde assistir: Disponível somente em mídia física.
O primeiro filme de Bruce LaBruce, feito por 14 mil dólares canadenses e filmado em granulado preto-e-branco 8mm, se tornou um clássico do cinema queer justamente por carregar as marcas do cineasta: cenas de sexo intensas (e, muitas vezes, não simuladas), políticas de esquerda inflexíveis, exercícios de estilo correntes e provocações fetichistas. Estrelado pelo próprio cineasta, ao lado do seu então namorado Klaus von Brücker, essa história de um cabeleireiro gay fascinado pelo skinhead da vizinhança tem um apelo de guerrilha que segue vital até hoje.
Viver Até o Fim (1992)
Onde assistir: Disponível para streaming na MUBI.
Produzido como uma resposta vibrante e violenta à epidemia do HIV nos EUA, e à todas as concepções equivocadas que ela gerou sobre homens LGBTQIAPN+ ao redor do mundo, o primeiro filme de Gregg Araki ainda é subversivo se visto hoje, 33 anos depois. A chave aqui é entender que a história de amor niilista e perturbada entre o intelectual Jon (Craig Gilmore) e o criminoso Luke (Mike Dytri) não se esconde de nenhuma emoção à flor da pele - raiva, abandono, desesperança estão aqui, mas também riso, ímpeto e desejo. Um dos filmes gays mais vívidos já feitos, é também um dos mais sexy.
Ligadas Pelo Desejo (1996)
Onde assistir: Disponível para streaming no Plex e Lionsgate+.
Se há uma sensualidade latente nas roupas de couro de Neo e cia. em Matrix, e uma sexualidade escancarada nas cenas grupais de Sense8, a gênese dessa dimensão carnal do cinema das irmãs Lilly e Lana Wachowski pode ser encontrada em Ligadas Pelo Desejo. Thriller sobre a esposa infeliz de um mafioso violento, que começa um caso com a vizinha ex-presidiária e trama com ele a morte do marido, o longa apropria os códigos do film noir e os transporta para um tempo mais sujo, mais táctil, mais à flor da pele. Jennifer Tilly e Gina Gershon cintilam na tela em desejo mal reprimido, e é impossível não torcer pelo sucesso de seu plano sangrento.
E Sua Mãe Também (2001)
Onde assistir: Disponível para streaming na Netflix.
Sabe a tensão sexual nunca realizada entre Patrick e Art no recente Rivais? Pois é, antes deles tivemos Julio (Gael García Bernal) e Tenoch (Diego Luna) em E Sua Mãe Também, clássico de Alfonso Cuarón sobre amigos de longa data que, durante uma viagem improvisada ao lado de Luisa (Maribel Verdú), descobrem querer mais do que dividir a mesma mulher. Desavergonhadamente sensual, o filme de Cuarón confronta os preconceitos internalizados dos personagens, e retrata a tragédia deles, sem abrir mão do tesão. O resultado é hipnotizante.
Canções de Amor (2007)
Onde assistir: Disponível para streaming no Plex e Reserva Imovision.
O musical de Christophe Honoré, desenhado como uma homenagem ao grande cineasta francês Jacques Demy, se revelou também uma história de amor vividamente contemporânea, e até por isso sedutora. Quando Julie (Ludivine Sagnier) morre, ela deixa Alice (Clotilde Hesme) e Ismäel (Louis Garrel), com quem formava um trisal disfuncional, à deriva - e é nos braços do jovem Erwann (Grégoire Leprince-Ringuet) que Ismäel acaba achando consolo. Levado por baladas reconfortantes ao violão, Canções de Amor também solta faíscas na tela graças ao flerte delicioso entre Garrel e Ringuet. Não à toa, se tornou um favorito do público queer.
Weekend (2011)
Onde assistir: Disponível somente em mídia física.
O pequeno drama gay que lançou a carreira de Andrew Haigh (Todos Nós Desconhecidos), Weekend tem uma carga erótica forte correndo no subterrâneo de sua história de amor inesperada. Quando Russell (Tom Cullen) e Glen (Chris New) se encontram num bar gay e passam uma primeira noite juntos, descobrem também que têm personalidades opostas - o que pode dar muito certo, ou muito errado. Haigh conduz os diálogos entre eles com sensibilidade, mas também o ímpeto de um cineasta estreante que quer abraçar um mundo de temáticas importantes para ele. O resultado são personagens complexos que, quando chegam aos finalmentes, emulam uma intimidade que não seria possível sem esse desenvolvimento.
A Criada (2016)
Onde assistir: Disponível para streaming no FilmBox+.
Park Chan-wook é um cineasta de emoções. Vingança, curiosidade e, claro, desejo. Essas são as coisas que movem seus personagens, e não é diferente na obra-prima A Criada, onde a manifestação do desejo sexual não só é filmada como só o diretor de Oldboy poderia fazer – isto é, com criatividade, beleza e energia pura – como também representa a catarse para a trama. Num filme sobre mulheres que sofreram manipulação e traição a sua vida inteira, a liberdade é acompanhada de uma explosão física genuína que, até então, lhes era proibida. - Guilherme Jacobs
Corpo Elétrico (2017)
Onde assistir: Disponível para streaming no Telecine.
Centrado no dia a dia de Elias (Kelner Macêdo), um jovem paraibano que acaba de se mudar para São Paulo, e lá conhece não só uma nova rotina de trabalho como um novo ecossistema LGBTQIAPN+, Corpo Elétrico é exatamente o que o seu título indica: uma exploração dos toques, empurrões, esbarradas e carinhos que nos eletrificam, que nos tiram da delícia da deriva e nos jogam na incerteza do movimento. O sexo é parte integral desses toques, é claro, e o diretor Marcelo Caetano prova que sabe mexer com as sensações do espectador. De encontros suados em quartos escuros a danças sugestivas à mercê da brisa paulistana, ele faz um filme inegavelmente sedutor.
Love Lies Bleeding: O Amor Sangra (2024)
Onde assistir: Disponível para streaming na HBO Max.
Rose Glass está tão interessada em desmontar o mito da prosperidade estadunidense quanto em incluir as suas protagonistas lésbicas dentro dele, para observar como elas aderem ao esperado ou o subvertem. Essa é a magia de Love Lies Bleeding: O Amor Sangra, um neo-noir sujo e surpreendente que vive e morre pela química explosiva entre as performances opostas de Kristen Stewart (como um tímida gerente de academia com laços criminosos) e Katy O’Brian (uma revelação como a fisiculturista que chega para balançar o mundo da protagonista). É um caso de amor intenso, em última instância até apocalíptico, que reacende o prazer visceral de acompanhar casais queer moralmente dúbios na tela. Olhando para essa lista, parece até que voltamos ao começo.
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